Nem só de breganejo vive a música itabirana. Há também vida inteligente com bandas rompendo a mesmice da indústria cultural
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Daniele Miranda*
O mercado musical itabirano é quase inteiramente dominado por estilos como o pagode e o sertanejo. Essa predominância está perceptível no que as rádios tocam, nos barzinhos mais badalados, no som dos carros que ultrapassam limites e ganham as ruas.
Tudo isso massificado pela chamada “indústria cultural”, que dita a “moda” musical no país. É comum ouvir inclusive, entre a minoria que não aprecia tais segmentos, alguém dizer que não existe música de qualidade sendo feita no país ultimamente.
Mas a realidade não é esta. Aqui mesmo em Itabira há bandas enfrentando a massificação da mídia e lançando sons autorais de qualidade, em diversos ritmos e estilos.
A vinda da Unifei para a cidade ajudou a despontar alguns desses nichos alternativos, respaldados por movimentos universitários em repúblicas, festas e reuniões de artistas que acabavam por se identificar em meio ao coletivo estudantil.
Groove Minas
Nesse contexto, destaca-se um grupo de estudantes que, vindo de Ipatinga e de Governador Valadares, com projeto autoral e de releituras do funk soul e do reggae, se uniu para formar a banda Groove Minas.
As composições têm influência nas situações cotidianas, nas vivências dos próprios estudantes, no contexto político atual e em experiências de viagem, como a música Serra dos Alves.
As letras são bem elaboradas, críticas e inteligentes, o que abriu espaço para a banda de apresentar em festivais musicais notáveis na região, a exemplo do Festival do Mel de Santa Bárbara e o Festival Altamente, em Itabira.
A Groove Minas está em atividade desde 2016, Já se apresentou em algumas cidades da região, e gravou um EP intitulado Som de Minas, que carrega toda a influência da raiz do estado que é fonte de inspiração para os músicos.
Além do vocalista e principal letrista da banda, José Victor, a formação conta com Ramon, Ravi, Guilherme, Vítor Luna, Tiago e Euler.
Confira aqui https://youtu.be/tVicvRo6LKY e aqui https://youtu.be/mzm_r2qx6_A
Também de origem basicamente universitária, outra banda chamada 1Verso Paralelo tem chamado a atenção no cenário artístico cultural itabirano desde 2018.
O grupo é formado pelos vocalistas e compositores Yago Rios e Vinícius Barcelos, acompanhados pelos músicos Cássio, Emmanuel e Felippe, numa mistura de mineiros e nordestinos em busca de um som autoral com bastante personalidade, regado a ingredientes brasileiros de qualidade.
A banda busca inspiração no reggae, rock, rap e MPB para criar suas composições, que têm por objetivo ampliar a consciência e transformar o público que prestigia as canções nos bares e praças em que se apresentam.
O coletivo 4ª Arte, da Unifei, tem sido de grande relevância para esse grupo, que busca agora expandir seus shows a outros espaços e cidades.
Ouça aqui: https://youtu.be/izBfwll9m48
Como se observa, há vida inteligente nas universidades e na juventude itabirana. A participação desses artistas na cena musical da cidade é expoente, e acontece de maneira orgânica, levando uma linguagem nova e intensa ao público. Aproveitemos!
Texto bastante pertinente. Existe vida útil na música, apesar dessa imensidão de coisas ruins que as rádios tocam diariamente. Reflexo da idiotice que assola o Brasil em vários setores.
Excelente texto!
Por mais canções e letras que ampliem consciências. Nossas futuras gerações merecem!
Bacana! Dar ênfase a tudo que está fora do eixo é necessário em qualquer segmento…. Seja na música, arquitetura ou artes em geral… Parabéns Daniele!
parabéns Daniele pela matéria e parabéns a banda por levar o autoral pra frente, vida longa
A descritiva contextual sobre a diversidade musical Itabirana agregada às misturas rítmicas de outras regiões do Brasil irá com certeza remeter-nos não só as lembranças do “bom som’ do passado como também da boa música e ritmo que vem sendo criados, dissemados e que ainda ultrapassam as fonteiras da nossa região, levando para o mundo o que temos de melhor.
Parabéns pelo texto e referências…