Neidson propõe “repactuar” acordo com a Vale para concluir campus da Unifei

O presidente da Câmara, vereador Neidson de Freitas (PP) defendeu, na reunião dessa terça-feira (31/10), uma urgente repactuação da parceria público-privada  firmada entre a Vale, Prefeitura e Governo Federal para implantar em Itabira um campus da Unifei, considerado o principal pilar para diversificar a economia de Itabira. Para o vereador, a mineradora é que deve se responsabilizar pela maior fatia da conclusão do campus de Itabira – e não o município.

“A Prefeitura não tem como arcar sozinha com esse investimento”, sustenta o vereador. Pela parceria, o município já investiu R$ 63 milhões na construção de dois prédios – e terá que arcar com mais cerca de R$ 400 milhões até concluir as edificações necessárias para implantar o que está previsto no projeto universitário de Itabira.

Com a presença na Câmara do diretor da Unifei, Dair de Oliveira, Neidson cobrou mais participação da Vale na implantação do projeto universitário de Itabira (Fotos: Carlos Cruz)

“Vivemos uma situação de crise. Já a Vale vem auferindo lucros bilionários e continua com a mesma parcela de contribuição”, criticou Neidson. “Não é justo”, disse o parlamentar itabirano, para quem a mineradora não entrou no projeto por ser “boazinha”, mas por ter obrigação de apresentar uma saída econômica para o município após a exaustão de suas minas. “A Vale tem condição e obrigação de rever a sua participação na conclusão do campus da Unifei. Sem isso, além de deixar buracos após o fim da mineração, deixará  aqui mais um sonho irrealizável.”

Questionado a respeito da proposta de um novo pacto, o diretor do campus da Unifei/Itabira, professor Dair de Oliveira, reconheceu que é preciso dar um caráter de urgência à implantação do campus universitário, mas evitou comentar a proposta de “repactuação”.

“Aquilo que foi acordado anos atrás, a Vale cumpriu”, esquivou-se. O diretor da Unifei esteve na reunião da Câmara acompanhado pelo professor de economia Henrique Duarte Gonçalves,  que apresentou pesquisa sobre os impactos positivos do campus universitário na economia do município.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Vale informa que já investiu R$ 38,5 milhões na aquisição de equipamentos e implantação de laboratórios para o campus da Unifei em Itabira, tendo cumprido integralmente o acordo celebrado.

“Não há qualquer nova discussão em curso com a Unifei e Prefeitura de Itabira”, adianta a empresa, por meio de e-mail encaminhado à redação deste site. O governo federal arca com o custeio de manutenção do campus, com a folha de pagamento do corpo docente e demais funcionários.

Lucro bilionário

“É muito pouco o que a Vale já investiu no campus da Unifei diante do fabuloso lucro que ela aufere com as minas de Itabira”, considera o vereador Paulo Soares (PRB ), que como presidente do sindicato Metabase está em negociação salarial com a mineradora.

Paulo Soares diz que Vale investe pouco em Itabira pelo lucro que obtém

Pelas contas do vereador sindicalista, a empresa terá neste ano um “lucro fabuloso” só com o minério de Itabira. “A Vale investe menos de R$ 40 milhões na Unifei e leva do município só neste ano um lucro de R$ 1,3 bilhão”, contabiliza Paulo Soares, que também quer ver a mineradora participando com mais recursos na implantação do campus de Itabira. “Precisamos repactuar esse acordo. A Vale está assistindo de camarote a Unifei patinar na cidade. “

Don Carlos quer manter parceria com a Vale

Presente também na reunião na Câmara, o secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Inovação e Turismo, José Don Carlos Alves dos Santos, concorda que é preciso reavaliar o pacto da Prefeitura com a Vale e o Governo Federal. É que, segundo ele, a cidade vive uma “guerra” pela diversificação, fazendo eco ao que disse o ex-reitor Renato Aquino em recente visita à cidade.

“Temos que reavaliar o projeto do campus, ver se há como baixar custos”, disse ele, concordando que em dez anos não há como concluir o projeto mesmo se for investido a totalidade do que o município recebe com os royalties do minério.

“A repactuação tem de ser avaliada como forma de viabilizar a implantação do campus dentro desse espírito de urgência. Para isso, é importante manter a parceria com a Vale.”

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8 Comentários

  1. Estão todos errados, apesar de que a Universidade ser um grande ganho para Itabira, uma vez que traz alunos de várias partes do Brasil. Traz também conhecimentos e informações. Mas a Universidade na verdade pouco beneficia o estudante e o profissional itabirano, pois sabemos que a porcentagem de alunos itabiranos que consegue uma vaga na Unifei é minima.
    Penso que deveriam investir na educação do jovem itabirano para que possam concorrer de igual para igual como os alunos de outras cidades/estados. Estes alunos que conseguem o ingresso na Unifei simplesmente passam por Itabira, desfrutam do conhecimento, adquirem seu titulo de Bacharel e vão embora, sem contribuir em nada contribuir para cidade, deixando apenas migalhas, com alugueis de kit net, aptos e alimentação, o que é muito pouco para tamanho investimento.
    É necessário rever o projeto de Educação ou fazer de Itabira uma Cidade que tenha uma educação voltada para a realidade, séria, capaz de preparar nossos filhos para apossar-se deste enorme bem que deveria por direito beneficiar o cidadão itabirano. Um exemplo é a vinda do Colégio Militar. Será que também virá para os itabiranos ou para os forasteiros.
    Qual é a porcentagem de alunos itabiranos existente na Unifei?
    Qual é a porcentagem de profissionais itabiranos que prestam serviços a esta Universidade?
    O município de acordo com as leis é responsável pelo ensino superior?

  2. Muito boa proposta vinda do vereador Neidson de Freitas, diferentemente do secretário municipal de desenvolvimento econômico que não se apresentou ainda para a questão.
    Poderia muito bem ser formulado um acordo de a mineradora quitar a dívida dela com Itabira por sonegação fiscal e ela própria providenciar a edificação dos novos prédios.
    Creio que a dívida acumulada com juros e correção monetária da mineradora com o município deve rondar para mais de R$300 milhões.

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