Negociações com a Prefeitura permitem ampliar atendimento no Hospital Municipal Carlos Chagas
Após um ano de crise, em consequência de uma dívida de R$ 2,8 milhões da Prefeitura, o Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC) já apresenta sinais de melhoria, com ampliação do atendimento após a regularização do fluxo de caixa, acertada com a administração municipal. O HMCC é administrado pela Fundação São Francisco Xavier (FSFX), especializada em administração hospitalar, contratada em licitação pública.
Desde o ano passado já foram pagos R$ 1,09 milhão dessa dívida da Prefeitura com o hospital, restando um débito de R$ 1,74 milhão, já negociado com a Prefeitura para acertos mensais. “A dívida foi parcelada e está sendo paga. Já não está mais ocorrendo atrasos para o pagamento do custeio do hospital como também da dívida”, assegura a superintendente do HMCC, Ana Rosa dos Santos.
A superintendente participou com equipe do hospital de uma reunião do Conselho Municipal de Saúde (CMS), nessa quarta-feira (3), no auditório da Câmara. A reunião foi agendada que fossem apresentados os resultados financeiros e também do serviço médico-hospitalar prestado ao público. O hospital atende 100% de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em consequência desse acerto, diz Ana Rosa, a instituição hospitalar já tem apresentado melhores resultados no atendimento. Com um corpo clínico formado por 75 profissionais de 20 especialidades, no ano passado o hospital realizou 357 cirurgias, inclusive de catarata, com média de 30 intervenções mensais.
Já neste ano, até agosto, foram realizadas 830 cirurgias, com média mensal de 140 intervenções. Entre as intervenções incluem 188 cirurgias de catarata e 150 cirurgias vasculares com espuma para tratamento de varizes. “Já fizemos 150 cirurgias de estômago e diminuímos a fila de espera. Pretendemos em breve implantar o projeto Fila Zero.”
Infraestrutura hospitalar
O hospital dispõe, atualmente, de 74 leitos. São 43 para a clínica médica, cinco para cirurgia geral, sete disponíveis para a pediatria, 13 na maternidade e seis na UTI adulto. A UTI do hospital tem capacidade para até 20 leitos, “mas funciona bem se passar a contar com dez leitos”, assegura a superintendente.
Para isso, Prefeitura e FSFX buscam credenciar mais quatro leitos junto ao SUS. O hospital planeja também instalar – e credenciar – uma maternidade para atendimento de alto risco, o que inclui a instalação de uma UTI neonatal.
E, ainda, busca credenciamento para tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC), um dos acometimentos que mais mata no mundo, atingindo principalmente a população com idade acima de 60 anos.
O AVC ocorre com o rompimento de alguma artéria no cérebro. “O AVC isquêmico se for bem atendido, e em tempo hábil, não deixa sequelas”, diz Ana Rosa, justificando a necessidade desse credenciamento. Pode-se acrescentar, ainda, que a população está envelhecendo e esse atendimento deve ser mais demandado.
Outra proposta é de o hospital ter uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) cirúrgica – inclusive aparelhada para a neurocirurgia. “Não vamos competir com os serviços já disponibilizados pelo Nossa Senhora das Dores, mas complementar o que ainda não existe na região”, afirma a superintendente do hospital, que espera com as novas modalidades de atendimento reduzir, ao máximo, a transferência de pacientes para hospitais credenciados de Belo Horizonte.
Recursos para os hospitais têm saído da Cfem, diz secretária
A secretária municipal de Saúde, Rosana Linhares, diz que esses novos investimentos no HMCC estão sendo alocados na medida em que há disponibilidade de recursos.
O aumento da receita com a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) tem sido a grande salvação. “As emendas parlamentares também têm ajudado muito”, conta.
Segundo ela, são os recursos dos royalties do minério que tem permitido o acerto de contas com a FSFX. Isso resultou no fim de uma monitoria, uma forma de cobrança judicial.
“Conseguimos equacionar as receitas e negociamos com a fundação (FSFX) a continuidade do atendimento no hospital. Poderíamos produzir muito mais (no serviço hospitalar) não fosse essa dívida que estamos pagando.”
Rosana avalia a rede de saúde em Itabira como sendo arrojada – e cara. Constitucionalmente, os municípios são obrigados a aplicar 15% de suas receitas tributárias na área de saúde. Pela soma da secretária, Itabira investe quase o dobro – e mesmo assim os recursos não têm sido suficiente.
“São demandas crescentes para recursos ainda escassos”, diz ela, lembrando que o hospital e toda rede credenciada pelo SUS atende também a população de cidades vizinhas.
Prestação de contas
O presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Paulo Henrique Rodrigues, avaliou como produtiva a reunião com a direção da FSFX, que administra o HMCC.
Para ele, o hospital atende ao que é esperado pelo CMS. “A reunião trouxe números da produção (hospitalar) e valores aplicados. Ficou claro que o hospital faz uso dos recursos de maneira a observar a economicidade e a melhoria do atendimento do público.”
Rodrigues diz ainda que o conselho irá promover reuniões periódicas para avaliar o serviço público de saúde existente no município. A próxima reunião será com a direção do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Centro Leste (Ciscel).
“O conselho está abraçando essa solicitação de prestação de contas que deve ser corriqueira. Não como caráter de suspeição, mas de tornar público o que realmente está acontecendo nas unidades de saúde do município.”.
A direção do Hospital Nossa Senhora das Dores já apresentou ao conselho balanco financeiro e do atendimento ao público, o que inclui o Pronto-Socorro e o Serviço Municipal de Urgência (Samu), todos administrados pela Irmandade Nossa Senhora das Dores (leia aqui).