“Não é hora de relaxar a quarentena”, pede Rosana Linhares aos prefeitos e moradores da região de Itabira
Com a interiorização da pandemia com o novo coronavírus (Sars-Cov-2), que provoca a doença Covid-19, cresce também em Itabira, e na região, o número de pessoas infectadas assintomáticas, embora seja relativamente ainda pequena a procura por atendimento médico-hospitalar.
Além do crescimento do número de pessoas testadas positivas em Itabira, verifica-se também aumento da demanda de atendimento hospitalar por pacientes dos 13 municípios que compõem a microrregional de Saúde de Itabira, com cerca de 220 mil habitantes.
“Não é hora de relaxar a quarentena”, recomenda Rosana Linhares aos prefeitos de Itabira e da região. Ela vê com preocupação o avanço da pandemia pelo interior de Minas Gerais.
Só assim, diz a secretária, com a manutenção por mais um tempo das medidas restritivas, será possível manter o sistema de saúde do município em condições de suportar a demanda das pessoas que precisarem de atendimento.
“O isolamento social deve continuar não somente em Itabira, mas em toda a região, juntamente com os hábitos de higiene e demais cuidados por parte da população”, é o pedido que ela faz, mesmo tendo o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) autorizado estender o horário de funcionamento do comércio de Itabira para aumentar as vendas à véspera do Dia dos Pais.
Curva ascendente
A tendência é de aumento do número de casos positivos para a doença e da procura de atendimento nos hospitais da cidade, conforme se observa nos últimos boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Nessa terça-feira (28), o município já registrou 1.256 itabiranos testados positivos, fora as subnotificações, o que pode multiplicar por até dez vezes esse número oficial. Desses, 326 se encontram em isolamento domicilar.
E a maioria das pessoas infectadas, pelo que se observa, por exemplo, entre os empregados testados na mineradora Vale, não apresenta sintomas.
Portanto, essas pessoas por não ficarem em isolamento domiciliar, podem contaminar, sem saber, outras pessoas de seu convívio.
Do total de itabiranos já testados positivos, segundo o boletim oficial, 921 já estão recuperados. O registro no município é de cinco óbitos, quatro de pessoas idosas, sendo que a primeira morte por Covid-19 foi de um jovem – todos com comorbidades.
O que chama mais atenção em Itabira é o baixo número de pacientes residentes em Itabira hospitalizados, confirmados com a Covid-19: quatro. Mas há ainda outros quatro casos suspeitos hospitalizados com síndrome respiratória.
Ocupação hospitalar
Com 51 leitos de enfermaria, sendo 17 no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) e 34 do Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC), além de 14 de UTIs (dois no HNSD e 12 no HMCC), a taxa de ocupação por pacientes com a Covid-19 em Itabira é de 22% para os leitos de enfermaria/clínica médica – e de 36% para os leitos de UTIs, informa a Secretaria Municipal de Saúde à reportagem deste site.
Portanto, o risco de colapso do sistema de saúde não se apresenta no momento. Mas isso não significa sinal verde para o relaxamento das atuais medidas restritivas.
Segundo explica a secretária Rosana Linhares, para calcular a taxa de ocupação no sistema de saúde, o que é feito diariamente, leva-se em conta tanto a disponibilidade de leitos, como também dos equipamentos disponíveis e da mão-de-obra contratada.
Segundo informou a SMS à reportagem, nesta quarta-feira (29), no HMCC estão internados na enfermaria quatro pacientes de outras cidades, um de Barão de Cocais e três de Santa Bárbara. Nesse caso, a taxa de ocupação é de 11,76%.
Isso enquanto na UTI do mesmo hospital já estão ocupados cinco leitos para a Covid-19, de um total de 12, o que representa uma taxa de ocupação de 41,67%.
Dos pacientes em tratamento intensivo no HMCC, apenas um é domiciliado em Itabira, enquanto dois são de São Gonçalo do Rio Abaixo, um de Santa Bárbara e outro de Barão de Cocais.
Já nas enfermarias do HNSD, dos 17 leitos de enfermaria na ala para Covid-19, sete estão ocupados, com taxa de ocupação de 41,18%. Até o fechamento da reportagem, não havia paciente em tratamento intensivo pela doença nesse hospital.
Novas aquisições
Mesmo com a aparente tranquilidade, que pode ser perigosa por levar ao relaxamento, e acompanhando a tendência de interiorização da pandemia, a Prefeitura já autorizou a compra de mais equipamentos e contratação de profissionais.
Para agosto, a previsão é de o sistema municipal de saúde dispor de mais 15 leitos de UTI no HNSD, além de outros 33 leitos clínicos (enfermaria) no HMCC, adianta a secretária de Saúde à reportagem deste site.
Rosana Linhares salienta que esses novos leitos são para atender pacientes dos 13 municípios que compõem a microrregional de Saúde de Itabira. Mas para que o sistema possa manter a sua capacidade de atendimento a todos que necessitam, é preciso que não ocorra aumento exponencial da pandemia na região.
Saliente-se ainda que, no caso de a procura por atendimento hospitalar ampliar na macrorregião, com mais de 500 mil habitantes, o serviço de saúde de Itabira pode ser mais pressionado. Afinal, o sistema de saúde é único. E o atendimento é universal, de acordo com a demanda e a capacidade de cada unidade de saúde.