“De nada adianta fazer carreata que não vou ceder às pressões. Volta às aulas só com vacina”, reafirma o prefeito de Itabira

Em seu pronunciamento pela rede social, na quinta-feira (18), o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) reafirmou que a volta às aulas presenciais em Itabira somente irá ocorrer quando os 3,5 mil profissionais de educação (professores, diretores, vices, pedagogos, auxiliares de serviços, vigilantes, motoristas) estiverem vacinados contra a Covid-19.

Otimista, ele acredita que isso será possível ainda no mês de abril. Mas avisa que de nada valerá os pais de alunos fazerem manifestação para forçar o prefeito liberar as escolas particulares para a volta às aulas antes dessa data. “Pode ter a maior carreta da história de Itabira que não cederei”, adiantou o prefeito em sua live semanal.

Segundo ele, o esforço é para voltar em abril, mesmo sabendo que as escolas particulares passam por situação difícil, assim como ocorre com outros segmentos da economia.

“Vamos fazer (o retorno) de forma responsável.  Não adianta pressionar, pois o prefeito de Itabira não é irresponsável ao ponto de contrariar o consenso científico e colocar famílias em risco”, acentuou.

Protocolos

Irredutível, Marco Antônio reitera que volta às aulas só com vacina para todos os profissionais de educação (Fotos: Reprodução e Carlos Cruz)

Para a volta às aulas presenciais, Marco Antônio disse que a Prefeitura já está preparando os protocolos, físicos e sanitários, juntamente com a associação das escolas particulares, pais, diretores, professores.

O prefeito não citou, mas é preciso envolver também os sindicatos de professores e demais entidades representativas dos profissionais de educação nessa consulta.

“O ano passado foi um ano perdido para o ensino, sobretudo nas escolas públicas que fizeram tentativa de se ter aulas on line, mas com muita deficiência, enquanto nas escolas particulares isso aconteceu de maneira mais efetiva”, avaliou.

“As escolas particulares já estão prontas para a volta às aulas. Precisamos também preparar a rede municipal para que volte a ter aulas presenciais também em abril.”

O que o prefeito talvez não saiba – e precisa saber – é que algumas escolas particulares modificaram as suas respectivas CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) e com isso estão recebendo os alunos em seus estabelecimentos para “atividades recreativas”.

Trata-se de uma forma de burlar a proibição de aulas presenciais, num claro desrespeito às medidas cautelares e de prevenção ao novo coronavírus (Sars-Cov-2).

Conforme comentários registrados na rede social, essa manobra não é ética. Utiliza-se de um artifício jurídico para enquadrar essas escolas no rol de atividades permitidas, como se fossem espaços de lazer e recreação.

“Como essas escolas vão falar de valores éticos aos seus alunos, se fazem essa manobra para burlar a lei”, comentou uma crítica dessa decisão de algumas escolas itabiranas de alterarem a CNAE. É preciso verificar e fiscalizar essas escolas.

Se assim estiver ocorrendo, além de desrespeitar o decreto municipal, colocam em risco a saúde dos educadores, que podem ser contaminados, assim como os alunos, ainda que o vírus não lhes cause mal, com raras exceções, mas que acabam por levar a doença para casa.

Crianças e jovens são menos suscetíveis à doença, daí que ainda não serão vacinados

Se é fato que a criança que venha a ser contaminada pelo Sars-Cov-2 não sofre tanto com a doença da Covid-19, nem por isso devem ir às escolas sem que todos os profissionais de educação estejam vacinados.

Dessa forma, e também com os protocolos exigíveis, aumenta a possibilidade de elas não serem contaminadas com a volta às aulas presenciais. Daí que é acertada a decisão do prefeito de só autorizar esse retorno somente após a imunização do corpo docente e de auxiliares.

“O sistema imunológico infantil, em contato com o vírus, monta uma resposta rápida e eficaz”, explica a infectologista Andréa Cabral,

“Sem isso, corremos o risco de ver morte de professores e ter de retroceder para as crianças não levarem o vírus para casa, como aconteceu nos países que voltaram com as aulas presenciais sem esses cuidados que estamos tomando”, afirmou o prefeito.

Conforme explicou, na mesma live, a médica Andréa Cabral, infectologista do hospital municipal Carlos Chagas, a incidência da Covid-19 é menor entre crianças e jovens. “As crianças não parecem ser reservatórios importantes para o vírus”, afirmou.

“Acreditamos que o sistema imunológico infantil, em contato com o vírus, monta uma resposta rápida e eficaz, impedindo que o vírus se replique de forma considerável.

Além disso, acrescentou, os casos graves entre jovens e crianças são raros – e representam menos de 5% do total de óbitos por covid-19.

De acordo com a médica, embora seja ainda uma doença desconhecida, acredita-se que a criança desenvolva mais anticorpos contra a proteína Spike, que permite que o Sars-Cov-2 se acople a uma célula hospedeira para invadir o organismo da pessoa contaminada.

Incidência menor

“Por isso a incidência da doença é menor entre jovens e crianças”, salientou Andréa Cabral. Entretanto, mesmo não desenvolvendo a doença, elas podem ser hospedeiras do vírus e levar a doença para dentro de casa.

“Por isso é preciso seguir o protocolo e vacinar os profissionais de educação antes de a Prefeitura liberar a volta às aulas presenciais”, reforçou a médica infectologista.

É justamente pelo fato de as crianças e jovens não serem mais vulneráveis à doença que os laboratórios ainda não dirigiram as pesquisas para o desenvolvimento de vacinas para esse público.

“Laboratórios como Pfizer e a Moderna já anunciaram que vão iniciar testes de vacina em jovens maiores de 12 anos. Se encontrarem resultados positivos, vão ampliar as pesquisas para menores de 12 anos, mas ainda sem um cronograma definido”, informou a médica.

Andréa Cabral acrescentou, com base em estudos científicos, que a transmissão do vírus entre crianças no ambiente escolar, se adotadas as medidas de prevenção de contágios, não são comuns – e é o que se observa em todo mundo.

Daí que, além da vacinação dos profissionais de educação, a volta às aulas presenciais terá de ser precedida de todos os cuidados profiláticos. “São as medidas gerais para evitar o contágio no ambiente escolar.”

Feito isso, as aulas presenciais ocorrerão em condições de segurança profilática e preventiva, com as escolas não se transformando em ambiente de contágio para a Covid-19.

“A ONU, Unesco e Unicef consideram a educação como atividade essencial e recomendam que a volta às aulas ocorra com planejamento e estruturação para o ‘novo normal’ nas escolas”, acrescentou Andréa Cabral.

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