Na última semana, PT busca voto útil em Lula e tenta evitar salto alto

Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Petistas entram na reta final da campanha acreditando em vitória no 1º turno, mas se preocupam com a voz de Lula

Por Raphael Veleda*

Metrópoles – Em situação confortável nas pesquisas de intenção de voto mais recentes, a chapa à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entra na última semana de campanha acreditando nas chances de vitória no 1º turno, mas com desafios.

Entre eles está evitar que o otimismo se transforme em salto alto (e abstenção) e trabalhar as expectativas de modo que um resultado que leve a decisão para o 2º turno não seja encarado como uma derrota pela militância.

A rouquidão na voz do candidato a um terceiro mandato à frente do país também incomoda os petistas. Fontes ligadas à campanha contaram ao Metrópoles que a voz de Lula tem causado preocupação frequente entre aliados, que são constantemente cobrados em suas bases, com questionamentos sobre a saúde do ex-presidente. Há 10 anos, Lula teve câncer na laringe e se curou, mas sua voz jamais se recuperou totalmente.

Tendo em vista que o debate entre os presidenciáveis que a Rede Globo vai promover na próxima quinta (29) é visto pela campanha como o compromisso mais importante desta reta final, a ideia é que Lula faça menos aparições públicas e comícios nos três dias que antecedem o evento.

A agenda do petista nesta reta final não tem previsão, até o momento, de viagens para fora de São Paulo. A ideia é que Lula participe de esforços mais estratégicos em busca do voto útil a ser tirado de adversários como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) e em convencer eleitores que podem estar intimidados a não deixar de comparecer às urnas.

Um dos exemplos dessa estratégia adotada foram as considerações finais de Lula na entrevista concedida ao apresentador Ratinho, no SBT, na última quinta (22/9). O petista deixou de lado as promessas para se concentrar em pedir aos eleitores que votem.

Quinze anos depois de concorrerem como rivais nas eleições ao cargo de chefe do Executivo federal, o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) constroem aliança inusitada para 2022 (Foto: Ana Nascimento/Agência Brasil)

Análise das pesquisas

Apesar de Lula registrar uma leve tendência de alta nas últimas pesquisas, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece estagnado em segundo, a campanha do petista avalia que a migração de votos dos adversários ainda não ocorre. Para o partido, Lula está conseguindo buscar votos entre os indecisos e e entre os que iriam votar nulo ou em branco.

Segundo os últimos levantamentos, o ex-presidente está perto de uma vitória no 1º turno, mas esse resultado não está garantido. Para aumentar as chances, os petistas vão seguir pregando contra a abstenção, com pedidos nas propagandas em rádio e TV, e vão buscar o voto útil, mas sem atacar os adversários que estão atrás, diante do temor de um efeito contrário entre os eleitores assediados.

Nesse sentido, os recentes apoios de artistas e de eleitores que até agora estavam com Ciro são vistos como muito importantes pelos aliados do petista.

Na última pesquisa do instituto Datafolha, divulgada na quinta passada (22/9), Lula oscilou dois pontos para cima em relação ao levantamento anterior, e marcou 47% das intenções de voto, contra 33% de Bolsonaro, que não variou.

Ciro oscilou de 8% para 7% e Tebet manteve 5%. Já Soraya Thronicke (União Brasil) oscilou para baixo, de 2% para 1%.

Já a pesquisa XP/Ipespe divulgada na sexta (23/9) mostrou Lula subindo três pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, acima da margem de erro, que é de dois pontos para cima ou para baixo. O petista apareceu com 46% das intenções de voto e Bolsonaro permaneceu com 35%. Ciro oscilou para baixo, de 9% para 7%, e Tebet de 5% para 4%.

*Raphael Veleda é formado em jornalismo pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) em 2006. Trabalhou como repórter de Cidades no Jornal de Brasília e no Correio Braziliense. Na Folha de S.Paulo, trabalhou no controle de erros, produzindo o “Erramos”, foi redator da Ilustrada e correspondente em Minas Gerais. Cobriu ciência na Veja.com. Participou do lançamento do jornal Metro em Brasília, onde trabalhou por seis anos e foi repórter de Cidades, Política, Economia e subeditor. Estuda Antropologia na Universidade de Brasília (UnB).

 

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