Na transposição do ciclo ante-bom-senso
Foto: Felipe Abreu/FAO
Veladirmir Romano*
A sobrevivência da paz social, e de programas dedicados ao desenvolvimento e o interesse em atrair capitais estrangeiros para aplicação nas reformas, entre outras complementares, são tarefas sobre as quais os responsáveis governamentais não podem falhar nem adiar mudanças, representando inclusivamente geopolíticas como fator acrescentado.
O Brasil é uma nação continental, criativa, rica, industrial, científica, fundadora de várias organizações de relevância internacional como os Brics, Mercosul, mas que hoje vive ameaçada pela repentina doença de projetos ultradireitistas.
Ao aproveitar brechas nos processos democráticos elegendo confusão, acabou por culminar dessas estratégias em novos rumos corruptos, deformando a realidade, criando perigos que hoje ameaçam a Democracia. E assim deixam o país sofrer com a falta de oportunidades que viriam com o bom-senso.
Com a eleição de Jair Messias Bolsonaro, em 2018, o povo brasileiro nada mais fez do que atrasar a nação, massacrar direitos, prejudicando a refundação do Estado.
Com péssima política climática, seguindo-se os mais desairosos vencimentos, deixa perplexo quem de longe acompanhou com angústia a queda da nação, com instituições sendo colocadas em causa, com a reputação atacada.
E isso é muito grave num século exigente. O Brasil sofre transição de plena imaturidade numa coligação administrativa aplicando transposições em ciclos de falta de bom-senso, provocando o colapso total do sistema em múltiplos tabuleiros.
O presidente acha mais importante discutir o corpo morto do cachorro que caiu no meio da sala. Por que não usar “cloroquina” para salvar o bicho?
Pois então, nada como ir aprendendo com erros do passado. Todo aquele que vive em um país, especialmente como o Brasil, deve assumir cuidados extras, com esclarecimento, educação política, pedagogia e atitude aplicada no interesse coletivo. Mas não é o que se observa.
O país é demasiado importante para o mundo para ser desprezado. Está muito malconduzido apenas na ideia do dinheiro, promessas que depois não se cumprem. E a miséria aumenta como na saúde falha o cumprimento das obrigações básicas do Estado. Deixam que a educação, cultura, humanização das instituições que se quebrem para não atrapalhar indicadores ilegais.
A defesa dos interesses deve ser nacional e menos individual ou de grupos elitistas. A mudança do paradigma pede pragmatismo. Que os eleitores enganados no passado, e que criaram a situação que resultou nesse desgoverno, possam agora mudar essa realidade.
Isso para no futuro o Brasil voltar a ter liberdade com racionalidade de acordo com os verdadeiros interesses da nação. Alucinados potencialmente perigosos estão armando populações fascinadas pela violência do armamento, com a destruição ecológica, desigualdade definindo fronteiras.
Ironizam regras, desprezam a vida, com a falta de políticas públicas que aumentam o número de famintos. Desprezam e complicam a vida dos cientistas.
Com toda certeza, não deve ser esse o desígnio que Tiradentes ou o Barão do Rio Branco pensaram para o Brasil.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.