Na reunião com amigos teve no cardápio prato italiano e guerra na Europa

Rafael Jasovich*

Fazia muito tempo que a gente não se reunia e decidimos nos encontrar na casa de uma amiga dileta para conversar e fazer um prato barato, a coisa está feia de dinheiro e notícias.

Como sempre quatro amigos ao todo e a decisão da comida ficou com um de nós descendente de italianos (inclusive tem cidadania da Itália), bom cozinheiro e bom de papo.

Como sempre contamos o dinheiro, fizemos a vaquinha e lá fui eu comprar no supermercado. Como já estou vacinado com quatro doses, era o que corria menos risco de pegar Covid.

Lista de ingredientes

  • 3 berinjelas grandes
  • 1 pimentão vermelho
  • 1 pimentão amarelo
  • 1 cebola grande
  • 3 dentes
  • 200 g
  • Orégano
  • Sal
  • Salsinha e cebolinha
  • Azeite para refogar e para cobrir a conserva

Assustei com os preços, como sempre, cada dia tudo mais caro.

Reunidos cada um levou o que vai beber e meu amigo íItalo/brasileiro começou a preparar a famosa caponata.

A primeira conversa foi dar umas risadas sobre a fala do capitão que dizia ter falado duas horas com Putin. Eu argumentei que mentir é a especialidade dele e que não tem vocabulário nem condições de se expressar tanto tempo e sem teleprompter.

Para preparar a caponata, o primeiro passo foi:

  1. Descascar as berinjelas e cortá-las em cubinhos
  2. Tirar as sementes dos pimentões e cortar em cubinhos
  3. Em uma panela, refogar a cebola picadinha junto com o alho amassado e o orégano no azeite.

Foi aí que a anfitriã perguntou o que achávamos do Putin. Depois de algumas opiniões o resultado foi concordar que é um ditador de direita e bonapartista.

Vou definir o termo bonapartismo para precaver algum leitor que não se lembre.

É uma um termo usado na política que define o culto a um líder.  Também frequentemente usado para definir um tipo de governo em que o legislativo perde força, em proveito do Executivo.

No modelo bonapartista, o governante é um ditador, mas busca construir uma imagem de representante popular, enfim, um populismo de direita puro.

Mas voltemos a caponata. Juntou a berinjela e os pimentões, acrescentou as azeitonas e o champignon, colocou sal.

As consequências da guerra serão nefastas para o Brasil: aumento dos combustíveis, falta de insumos e inflação descontrolada.

Nisto houve uma dissidência argumentando que o capitão ia dar um jeito de diminuir o preço do combustível na bomba.

Deixou a caponata esfriar cobriu com azeite e pronto.

Comemos com torradas feitas no forno com pão adormecido e cobertas de azeite e orégano.

Ficamos de comer rezando e como estávamos relativamente altos pela bebida, e já bem alimentados, decidimos encerrar a reunião com um grito unânime:

VIVA A DEMOCRACIA FORA BOLSONARO!

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.

 

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1 Comentário

  1. Monsieur Apicius, o banapartista Russo não se compara com o tirano dos EUA. A comida servida em sua mesa é luxo pra nós carioca, que estamos famintos….
    Viva o valoroso Putin!

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