Na hora dos urubus é mais uma janta sem custo em Portugal
Veladimir Romano*
Sempre que se anunciam bilhões vindos de Bruxelas, Portugal rebenta na escala dos sonhos mirabolantes. Já no século XV e seguintes com a descoberta das especiarias indianas, mais tarde com o ouro vindo do Brasil, urubus se foram acumulando no reino e as gerações seguintes acharam sempre seu caminho monopolizando a economia, mas empobrecendo a nação.
Daqui em ligeira observação sobre a evolução histórica, o pequeno retângulo lusitano nunca teve clara transparência sobre os problemas; melhor mesmo é ficar mostrando como se fazem bolinhos de bacalhau, escolhendo qual o melhor vinho se ajustando ao simpático momento gastronômico.
E, por incrível que pareça, começa assim a queda desgovernada do mundo político: enquanto se come e bebe bem, ninguém repara no descalabro.
No começo da Primeira República, só num ano, o país foi administrado por 46 governos; pelo meio foram-se dando golpes militares, curtas ditaduras até que chegou o chefão mais ligeiro de todos, juntou comandos da igreja católica e foram 48 anos da ditadura fascista mais longa do planeta.
Depois de viver 16 anos em Portugal, um jornalista britânico [Howard Flint], contou ter descoberto que é um país de “gente suicida”.
Vejamos: com 30 anos na União Europeia, bafejado de mordomias ao longo desses anos, mais de 300 bilhões de euros, o país unicamente melhorou estradas, construiu estádios de futebol…
Mas falta material e técnicos na saúde, falha o ensino, transportes em degradação, não existe plano nacional na saúde oral, oftalmologia é das mais atrasadas da Europa, subsídios miseráveis tanto quanto aposentadorias vergonhosas.
No entanto, a classe dirigente se contenta com 15 anos de trabalho parlamentar recebendo depois boa paga do seu esforço pela nação.
Após meio século dos acontecimentos do 25 de Abril, a população portuguesa continua tendo a mais baixa percentagem de habitação social da Europa (17%).
Portanto, analisando bem, com uma justiça em pé de conflito com ela mesma, a democracia lusa é uma miragem do povo, porém, boa colheita aos urubus…
Sendo assim, o Partido Socialista segue habitualmente com três pés: 1 namorando a Direita, outro no Centro e mais 1 na Esquerda. É a personalidade dos demais companheiros da luta política desde que chegaram mais denúncias sobre fugas fiscais e lavagens financeiras através do “Pandora Papers”, exigência feita pelo PCP [Partido Comunista Português] e outros colegas progressistas.
Mas o governo se fez de desentendido e, essas coisas o PCP nunca esquece. Claro, mais exigências foram caindo no Orçamento Geral para 2022.
Pediram mais distribuição de benefícios sociais, reformas mais profundas [mais de 2 milhões de portugueses moram na pobreza], acertos, controle dos preços. E sem se esquecer de dar poder jurídico ao Tribunal de Contas, Provedor de Justiça e na Procuradoria Geral da República, o que seria bom demais.
A corrupção prejudica anualmente a economia portuguesa em quase 20 bilhões de euros. Mas o Governo deu o mínimo nas reformas da justiça precisando de meios, pessoal e verba.
Na ordem dos advogados, 495 processos disciplinares desapareceram, tal como no gabinete do ex-ministro da Defesa quando da governação da Direita.
Com todo esse escândalo, Paulo Portas apenas falou que os papéis da compra de submarinos, na ordem de bilhões, haviam “desaparecido”.
Já na Alemanha, a justiça resolveu em menos de um ano o problema, eliminando a empresa fraudulenta, prendendo quem tinha de prender.
No entanto, tudo o que acontece em Portugal morre sem culpados, acumulando na nação membro da União Europeia o campeões cara de pau.
É assim que na hora dos urubus eles aparecem sempre para mais uma janta sem custo… E claro, o Governo caindo porque a “Geringonça” se demitiu de alimentar mentiras e oportunismos daqueles que apenas fazem da política o seu teatro.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano
Aqui no Brasil somos sub do sub de ruim em Portugal’ um país ainda europeu.