Minas Gerais se mobiliza em defesa do meio ambiente

A poluição do ar em Itabira pela mineradora Vale é recorrente, sem que ações eficazes sejam implementadas para sua mitigação. O índices de poluentes atmosféricos frequentemente ultrapassam limites aceitáveis, impactando a qualidade de vida e a saúde da população

Foto: Acervo Vila de Utopia
A derrota incomparável começa em 1942 e recrudesce em 1997/2009 – V –

“Um dia de junho, na hora do almoço, a cidade foi invadida por uma fila de caminhões … Era a CVRD … era o progresso que chegava.” [Depoimento de funcionário da minerada para o livro Os homens de ferro, de Maria Cecília Minayo]

Informe Especial do JB, em 15 de junho de 1986

“Minas Gerais se mobiliza em defesa do meio ambiente” cobriu duas páginas do jornal com subtítulos assustadores, e, revela que a mineração extrai o produto e deixa devastação ambiental gravíssima: poluição atmosférica, contaminação e morte de mananciais aquíferos, contaminação venenosa do solo, morte de animais, prejuízos à agricultura, doenças respiratórias, alérgicas, psicológicas e rompimento criminoso de barragens (Mariana e Brumadinho).

Se fizer as contas na ponta do lápis é possível demonstrar que minerar industrialmente não resulta em lucros para o Estado de Minas Gerais, de verdade produz prejuízos, passivos, essa é uma verdade, mas a justiça tarda e falha e nunca está do lado da Nação, do País. (Cristina Silveira, pesquisa e edição)

Eis os subtítulos:

Água mineral contaminada pelo bário – A CBMM-Companhia Brasileira de Metalurgia e Arafértil poluem com rejeito de bário a fonte hidromineral Dona Beja, em Araxá; Populações ficam sem água quando se turvam seus rios – Em Conselheiro Lafaiete, ocorre sucessiva paralização do abastecimento de água, devido a constantes descargas de vinhoto, agrotóxicos e resíduos de mineração de cassiterita nos córregos que desaguam no Ribeirão Bananeiras.

Em Rio Casca, a Destilaria Jatiboca e a Fazenda Décima, despejam vinhoto no rio provocando desabastecimento de água e mortandade de peixes. Em Maria da Fé, resíduos de agrotóxicos utilizados nas lavouras de cebola e batatas, contaminam os rios.

Técnico denuncia poluição visual e sonora (Belo Horizonte); Poluidores pagarão por seus atos na justiça; MBR investiu bilhões para barrar poluição; Ribeirão Arruda é um grande esgoto (Belo Horizonte); Lagoa da Pampulha agoniza asfixiada (BH); Tejucana concilia mineração com a preservação ambiental; Usiminas já plantou 2,3 milhões de árvores. “Poluidores pagarão por seus atos na justiça.”

Água dos aquíferos nas Minas do Meio, que fica à montante da cidade é de classe especial e já foi prometida pela Vale como legado da mineração para Itabira (Foto: Carlos Cruz)

“O secretário de Ciência e Tecnologia de MG, Milton de Lima Filho “determinou a todos os órgãos do sistema operacional de C&T, à Superintendência do Meio Ambiente da Comissão de Política Ambiental (COPAM), imediata ativação de um programa de atividades visando à melhoria do meio ambiente no Estado de MG”.

Também convocou o plenário da COPAM, que apresentou relatórios – baseados em questionários para levantar dados junto às populações urbanas e rurais – sobre as atividades da COPAM no Rio das Velhas, Vale do Aço e Rio Piracicaba”.

“Dentro desse trabalho foram escolhidos os municípios considerados mais críticos em relação ao meio ambiente. Dentre eles, destacam-se Itabira, João Monlevade e Nova Era, onde foram aplicados maior número de questionários.”

“O Conselho Municipal de Meio Ambiente (CODEMA) foi instituído no município de Itabira pela Lei Municipal n. 2.324, de 03 de setembro de 1985 e integra o Sistema Municipal de Meio Ambiente (SIMMA). É órgão político e colegiado, consultivo, de assessoramento ao Poder Público Municipal e deliberativo no âmbito de sua competência interna, competindo-lhe as atribuições previstas no art. 10 da Lei Municipal n. 3.761, de 04 de fevereiro de 2003”. |

 [Jornal do Brasil (RJ), 15/6/1985. Hemeroteca da BN-Rio – Pesquisa: Cristina Silveira]

 

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