“Minas Gerais é o passado, o presente e o futuro dessa companhia”, diz o presidente Gustavo Pimenta, que promete legados importantes da Vale para o estado

Fotos: Divulgação

Mina Capanema é reinaugurada e a Vale anuncia investimentos de R$ 67 bilhões em nova fase da mineração em Minas Gerais com menos barragens, mais sustentabilidade e inovação

A Vale reinaugurou nesta quinta-feira (4/9) a nova fase da mina Capanema, situada entre os municípios de Santa Bárbara, Ouro Preto e Itabirito, no coração do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais.

A retomada marca o início de um ciclo de investimentos robustos em Minas Gerais, com previsão de R$ 67 bilhões até 2030. O foco da companhia está em processos produtivos mais seguros, sustentáveis e inovadores, com redução do uso de barragens, menor emissão de carbono e ampliação da mineração circular.

“Minas Gerais é o passado, o presente e o futuro dessa nossa companhia e está no centro da transformação da Vale”, afirmou o presidente da mineradora, Gustavo Pimenta, durante a cerimônia de reinauguração.

Ele destacou a longa trajetória de aprendizados, evolução cultural e parceria com os mineiros. “Seguimos juntos nessa jornada, na certeza do nosso legado para o desenvolvimento sustentável do Estado.”

Segundo Pimenta, Capanema exemplifica a nova fase da mineração da Vale em Minas Gerais. “Reforçamos nosso compromisso com um processo produtivo mais responsável, minimamente invasivo e com tecnologia e inovação aplicadas para o melhor aproveitamento dos recursos minerais e para iniciativas de descarbonização”, completou.

Mineração a seco e inovação
Reabertura de Capanema só foi possível com o novo modelo de mineração a seco e com o reaproveitamento de recursos minerais mais pobres em ferro

A mina Capanema, que esteve desativada desde 2003, quando era operada por uma joint venture entre a Vale e a Kawasaki Steel Corporation, foi reativada com investimento de R$ 5,2 bilhões.

A operação na mina será baseada em mineração a seco, sem uso de barragens de rejeitos, com automação e reprocessamento de minério contido em pilhas de estéril. A unidade passa a integrar o Complexo Operacional de Mariana e deve adicionar cerca de 15 milhões de toneladas por ano (Mtpa) à produção de minério de ferro da Vale.

Para viabilizar a retomada, foram adquiridos cinco caminhões fora de estrada autônomos e implementadas soluções de circularidade. As obras duraram cinco anos, envolveram cerca de 40 empresas e mobilizaram mais de 6 mil trabalhadores no pico das atividades, com priorização de mão de obra local. A operação deve gerar 800 empregos diretos.

Expansão em Itabira e outros complexos

Em Itabira, a Vale vai investir na ampliação das minas do Meio e Conceição, com implantação de novas pilhas para disposição a seco de estéril e rejeitos, o que é parte da estratégia de transição para uma mineração mais sustentável.

Itabira é o berço da Vale, o símbolo da mineração, exemplo do que é positivo e negativo da atividade em Minas Gerais. É também, agora, parte das transformações que a empresa promete na transição para mineração a seco, na descaracterização de barragens.

E é, sobretudo, vanguarda no reaproveitamento de recurso que antes era considerado estéril. Desde 2016, a empresa já reaproveita recursos de itabiritos compactos que estavam depositados em pilhas no Complexo Conceição.

O complexo também participa do Programa de Descaracterização de Estruturas a Montante, com destaque para os trabalhos em curso na barragem do Pontal, onde há conflitos ainda não solucionados com moradores vizinhos, impactados sobretudo pela construção de uma segunda estrutura de contenção a jusante (ECJ2).

Recursos e compensações

Segundo a empresa, os investimentos devem gerar cerca de R$ 440 milhões em royalties por ano, movimentando R$ 3 bilhões anuais em salários para cerca de 60 mil profissionais, entre próprios e contratados.

A maior parte dos recursos será destinada à ampliação da filtragem e do empilhamento a seco, com meta de reduzir o uso de barragens de 30% para 20% nas operações em Minas Gerais.

“Minas Gerais é estratégico no fornecimento desse produto, contribuindo diretamente para a descarbonização da indústria siderúrgica”, explica o vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento da Vale, Rogério Nogueira.

Segurança e descaracterização de estruturas

A companhia também investirá na modernização dos cinco complexos operacionais no Estado, com melhorias na gestão de estruturas geotécnicas, conectividade, renovação de frota, instrumentação e monitoramento.

Parte dos recursos já está sendo aplicada no Programa de Descaracterização de Estruturas a Montante. “Desde 2019, cerca de 60% do programa foi executado. Das 13 estruturas remanescentes, oito estão em obras. Todas estão inativas e são monitoradas 24 horas por dia pelos Centros de Monitoramento Geotécnico da Vale”, informa a mineradora.

“Nosso foco absoluto é na segurança dos empregados, das comunidades vizinhas e na proteção do meio ambiente. Esse é um passo essencial para uma mineração mais segura e alinhada às expectativas da sociedade”, ressalta o vice-presidente executivo de Serviços Técnicos da Vale, Rafael Bittar.

Segundo ele, a empresa continua aprimorando controles e estudos técnicos, além de desenvolver tecnologias em parceria com fornecedores para eliminar barragens a montante, a exemplo do que ocorre na descaracterização de diques e cordão da barragem do Pontal, e antes de dique na barragem do Rio de Peixe, em Itabira.

Mineração circular e reaproveitamento

Desde 2020, a Vale intensificou práticas de mineração circular em Minas Gerais, com reprocessamento de minério de ferro de estruturas em descaracterização, como as pilhas de estéril da mina Serrinha e a barragem Vargem Grande.

Em Itabira, o reaproveitamento de itabiritos compactos no Complexo Conceição já é prática consolidada, que são beneficiados também na reformada usina Cauê, a primeira instalada em Minas Gerais, na década de 1970.

“O reaproveitamento permite a eliminação de riscos associados às estruturas e traz ganhos ambientais, como a redução de área para disposição do material”, destaca o comunicado da empresa.

No primeiro semestre de 2025, foram produzidas cerca de 9 milhões de toneladas (Mt) a partir dessas fontes, o que representa um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2024.

Em todo o ano passado, a produção circular somou 12,7 Mt. A Vale estima que até 2030, 10% de sua produção nacional poderá vir dessas fontes, sendo Minas Gerais responsável por cerca de 80% desse volume.

A empresa também destaca a produção de “Areia Sustentável”, com mais de 3 milhões de toneladas comercializadas nos últimos dois anos. Outro destaque é a operação da Fábrica de Blocos em Itabirito, que transforma rejeitos em materiais para a construção civil.

Presença econômica, ambiental e cultural em Minas Gerais

Com 63 mil empregados, entre próprios e contratados, as atividades da Vale representaram 3,5% do PIB de Minas Gerais em 2023, segundo estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Nos últimos dois anos, o Estado respondeu por cerca de 45% da produção total de minério de ferro da companhia.

Além da atuação econômica, a Vale afirma investir em cultura e meio ambiente. Entre 2020 e 2024, foram destinados cerca de R$ 370 milhões a 335 projetos culturais, beneficiando mais de um milhão de pessoas em 45 municípios mineiros.

A empresa também diz proteger 73 mil hectares de áreas verdes no Estado, equivalentes a mais de duas vezes o tamanho de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Desse total, mantém 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), incluindo as unidades do Itabiruçu e Mata de São José, ambas em Itabira. Outros 41 mil hectares estão destinados à compensação ambiental, reservas legais e à criação de novas RPPNs, atualmente em análise pelos órgãos competentes.

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