Metabase acusa a Vale de chantagear com aumento de PLR só para quem aceitar jornada de trabalho de 12 horas nos turnos de revezamento

Conquista dos trabalhadores brasileiros com a Constituição de 1988 e, em Itabira, implantado após a greve subsequente de 1989, o regime de turno de revezamento de seis horas pode acabar no ano que vem. Isso no caso de os empregados da Vale, que trabalham nessa modalidade, aprovarem a mudança proposta pela empresa na jornada de trabalho, que passará para 12 horas.

De acordo com o sindicato Metabase, são 1,1 mil trabalhadores que trabalham em turno de revezamento em Itabira. Para eles, a mineradora apresentou proposta maior de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), caso aceitem mudar a jornada de trabalho.

“Em um ano difícil para os trabalhadores, que correm o risco de contágio pela Covid-19 diariamente, e na véspera de Natal, a Vale faz chantagem explicita para a aprovação da mudança de turno, favorecendo somente os que se submeterem a dobrar a jornada de trabalho”, acusa o presidente do sindicato Metabase de Itabira, André Viana

Segundo ele, a mudança pode acarretar a demissão de 400 empregados com o fim de uma letra no plano de cargos e salários. A empresa, entretanto, nega que haverá demissão, assegurando que vai redistribuir os empregados em outras letras

Ainda de acordo com o sindicato, a Vale teria antecipado a discussão e a realização de assembleias para dezembro, quando a data prevista era para janeiro. A mesma proposta está sendo discutida com sindicatos das bases de Congonhas (MG) e Maranhão.

Para debater para aprovar ou não a mudança, já estão realizadas assembleias em Itabira. O resultado saí ainda nesta segunda-feira (21), com apuração na sede do sindicato.

Para os trabalhadores afastados e que estejam trabalhando pelo sistema home-office, folga ou férias, as urnas estão abertas desde ontem na sede do sindicato, no horário entre 9h e 19h, com a votação seguindo até amanhã.

Para proteção de todos em tempo de pandemia, medidas de segurança foram adotadas seguindo os protocolos de prevenção, com proteção individual e coletiva. Inclui o limite de pessoas nos locais de votação, além da aferição de temperatura, com obrigatoriedade do uso de máscara e o espaçamento de dois metros durante a realização das assembleias.

Nova escala

Em nota encaminhada a este site Vila de Utopia, em maio deste ano, quando foi apresentada a proposta de mudança, a Vale esclareceu que o turno de 11 horas (o Metabase computa como sendo de 12h devido ao horário in itinere, que é o tempo gasto entre o domicílio e o local de trabalho), já é adotado há anos em várias operações na empresa.

E que a mudança alcançou “os mais altos índices de satisfação entre os empregados”. André Viana confirma que a empresa já implantou o turno de 12 horas entre profissionais técnicos que não integram a base do sindicato Metabase.

A empresa assegura ainda que nenhum sindicato pediu alteração dessa jornada nas localidades onde foi adotada. “A empresa reforça que esse turno só pode ser adotado por acordo coletivo de trabalho.”

A empresa informou também, por meio de nota encaminhada a este site, que o turno de 11 horas assegura dois dias de folga a cada dois trabalhados. “Muitos empregados estão pedindo essa mudança.”

 

 

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