Messi versus Mbappé, dois ídolos que não esqueceram suas raízes
Foto: EBC/ABr
Messi e Mbappé ajudam as pessoas em situações semelhantes às que tiveram em suas origens
Por Montserrat Martins*
Esse domingo entrará para a história como um duelo entre dois gigantes do futebol, o do argentino eleito o melhor do mundo maior número de vezes (7 vezes, 2009, 2010, 2011, 2012, 2015, 2019, 2021), contra o francês, filho de africanos, que aos 19 anos foi campeão mundial (em 2018) com a Seleção da França e aos 23 anos chega em sua segunda final, sendo comparado às conquistas precoces de Pelé que foi Campeão Mundial de Seleções aos 17 anos e bi aos 21.
Messi e Mbappé são os dois goleadores dessa Copa com cinco gols cada um até agora, antes da grande final, ambos são decisivos para as suas Seleções também pelas assistências geniais, como a de Messi no último gol contra a Croácia e de Mbappé no último gol contra o Marrocos.
Será uma “passagem de bastão” do melhor jogador da última década para o melhor dessa próxima? Não sabemos, mas as coincidências entre os dois vão além do futebol, embora com vidas muito diferentes entre si, tem algumas coisas significativas em comum.
São heróis forjados em terras longínquas de suas origens, Messi é argentino mas foi levado muito cedo para a Espanha, Mbappé nasceu e cresceu na periferia (leia-se bairro pobre, equivalente às nossas vilas) de Paris e seus pais são africanos, seu pai é de Camarões e sua mãe, da Argélia.
Mbappé não aparece ostentando sua fortuna e quando ganhou a primeira Copa do Mundo doou todos os prêmios daquela Copa para uma instituição que atende crianças doentes e deficientes da periferia de Paris, ou seja, da região onde ele foi criado, das suas origens.
Durante a pandemia, se sabe que voltou a fazer grandes doações para hospitais. Seu gosto pelo convívio com a família, pois teria recusado ofertas milionárias dos maiores clubes espanhóis, alemães e ingleses, para seguir perto de seus familiares.
Messi também não é visto em atos de ostentação e se sabe que fez doações vultuosas (um milhão de euros) para hospitais de Barcelona e de Rosário (na Argentina, onde nasceu) durante a pandemia.
Aos 11 anos teve diagnóstico de deficiência de hormônio de crescimento e a ida para o Barcelona aos 13 anos (então com 1.40 de altura) ajudou a pagar o tratamento médico.
Humildes, solidários, reservados e com vidas valorizando seus familiares, são as características em comum desses dois ídolos que não esqueceram suas raízes e ajudam as pessoas em situações semelhantes às que tiveram em suas origens.
Muito mais que vencedores, no exigente mundo do futebol, são seres humanos exemplares.
*Montserrat Martins é médico psiquiatra
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