Manual prático de como preparar um autêntico asado, como se diz na Argentina
Rafael Jasovich*
Amo mesmo, ainda que nas atuais circunstâncias seja quase impossível fazer churrasco: a carne virou artigo de luxo, mas de qualquer maneira vou contar porque gosto.
Sou apaixonado por churrasco (asado na Argentina) desde minha mais terna idade. Lá pelos oito anos meu pai me ensinava a fazer um churrasco que, segundo ele, é uma arte. E eu concordo.
Primeiro o fogo, preferencialmente de lenha dura, paciência, muita paciência. Nada de labareda. É preciso esperar a brasa ficar pronta, bem vermelhinha em pedaços pequenos.
Enquanto isso preparar as carnes, salgar e fazer o chimichurri. Sempre costela e alguma outra carne nobre.
Brasa pronta colocar na grelha (nunca espeto). Costela com osso para abaixo e carnes com gordura também para abaixo, numa altura de pelo menos 50 cm.
As cebolas com casca no meio da brasa. Depois, agrega-se as linguiças caseiras.
Faca bem afiada, garfão e tabua pronta. Começava o cheirinho, e os convidados, minha mãe, minha irmã e alguns peões iam se aproximando. Muito mate e conversa acompanhavam a espera.
Abaixar a carne, tirar as cebolas da brasa e prepará-las com sal, azeite e orégano. Depois de uma hora virar a carne e mais uns trinta minutos está tudo pronto.
Quando cheguei ao Brasil virei o assador oficial dos amigos. Já fiz churras para mais de trinta pessoas.
Com o avançar da idade fui me negando a ficar tanto tempo com a barriga quente e os pés doendo. Hoje só faço para no máximo quatro pessoas.
Da carne gosto do fraldão, a picanha e o contra filé, sem mate, um bom vinho Borgonha e muita conversa.
O churrasco aproxima as pessoas. E depois de uns copos a conversa se torna bem animada.
Gosto da carne mal passada, faço um chimichurri e vamos saborear a carne. Seis que os veganos ou vegetarianos não vão gostar.
Para eles, se os houver no churrasco, preparo abobrinha, berinjela, cenoura, aspargos na brasa regada com azeite e uma boa salada de tomate, palmito e saladas verdes, alface, agrião, salsão.
Ainda hoje sigo os ensinamentos de meu saudoso pai. E sei que ele me vigia de onde estiver para ver se faço tudo direitinho.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional
Muito difícil de fazer. Bom mesmo são leguminosas, feijão, arroz integral e pimenta malagueta lá de Minas Gerais, um primor…