Lucas Ferraz, jornalista itabirano correspondente em Roma de várias publicações, fala do perigo que é menosprezar o novo coronavírus
Nascido em Itabira, Lucas Ferraz, 35, começou a virar jornalista ainda na adolescência, na redação do jornal O Cometa Itabirano. Depois de formado, sempre como repórter, passou por diversas redações em Belo Horizonte, Brasília, Nova York, São Paulo e Buenos Aires, onde foi correspondente da Folha de São Paulo.
Antes de se mudar para Roma, Itália, onde reside desde 2018 com a sua mulher Flaminia Propersi, passou por uma temporada em Moçambique, colaborando na formação de jornalistas naquele país africano. Atualmente escreve para a Folha, BBC Brasil, Valor Econômico, Agência Pública, Época, Piauí e Galileu.
Nesta entrevista à Vila de Utopia ele conta o que tem visto na Itália, como correspondente e morador de Roma, com os olhos atentos também ao que se passa no Brasil, principalmente em Itabira, sua terra natal.
Confira as suas impressões sobre esse tenso momento que o mundo vive na entrevista a seguir:
Como você viu a chegada da pandemia com o novo coronavírus na Itália?
A pandemia chegou lentamente. No início do ano, não só na Itália, mas no mundo, eram poucas as informações. O que se sabia era que tinha explodido na China e tinha uma cidade isolada. (Wuhan, na província de Hubei, que foi epicentro do novo coronavírus). Foi só no início de fevereiro que a doença chegou e todo mundo começou a tomar consciência da pandemia. No porto de Roma, as autoridades pararam um navio onde estava um casal de chinês infectado pelo vírus. A imprensa já noticiava, mas o povo começou a tomar consciência a partir desse caso.
E você, como tomou consciência?
Eu também demorei um pouco para dar importância. Fui sair de metrô e na estação mais movimentada de Roma vi pela primeira vez pessoas usando máscara. Achei exagerado, estranho, até meio paranoico. Pois a pandemia foi chegando devagar. Depois desse casal de chineses, teve uma pessoa contaminada no Norte da Itália. Foi o primeiro paciente local. Com ele, o vírus foi identificado pela primeira vez em território italiano. Isso foi em 20 de fevereiro.
Daí em diante não parou mais, foi disseminando por toda Itália…
Não, começou pelo norte, no sul demorou um pouco mais para chegar. Mas foi tudo muito rápido. De 20 fevereiro até 9 de março, quando num fim de semana foi decretada a quarentena, o vírus se espalhou muito rápido pelo norte da Itália. Como Roma fica no centro, ainda assim por muito tempo aqui ficou parecendo que era um problema dos outros.
E como está a situação em Roma?
Aqui já ocorreram mais de 100 mortes e tem um hospital grande, que é de referencia para doenças respiratórias. Estão todos trabalhando muito, tem uma ala só para receber dos doentes com a covid-19. No Vaticano, que é Estado independente, tem quase dez padres infectados, entre eles um padre que morava no mesmo palácio do papa Francisco. O bispo da Diocese de Roma também foi contaminado, assim como jovens de 34 anos estão sendo contaminados. Mas não é uma situação tão dramática como está ocorrendo no norte.
Tem alguma explicação para essa disseminação ocorrer mais na região norte?
Teve uma partida de futebol em 19 de fevereiro pela Champion League, entre Atalanta e Valência. O time Atlanta é de Bergamo, cidade onde foi tirada a foto de um caminhão do exército carregando caixões. Os médicos acreditam que nessa partida foi acionada o que chamaram de bomba biológica. Já Valença fica na Espanha, é uma região que teve um grande número de contágios e mortos. Foram partidas de ida e volta. Provavelmente já nessa época o vírus estava circulando tanto na Espanha como também na Itália e ninguém sabia. Essa é uma hipótese, mas que não foi comprovada e pode nunca ser comprovada.
Já em que situação o estado de emergência foi decretado?
Dezenove dias após a primeira contaminação local. A emergência foi decretada primeiramente na região norte, quando dez cidade foram isoladas. As informações ainda eram poucas. Sabia que a China já estava em quarentena, mas só fomos cair na real quando Flaminia e eu fomos a passeio ao sul da Itália, conhecer a cidade de Matera. Com a emergência no norte, 16 milhões de italianos, um quarto da população italiana passou a viver em quarentena, com isolamento social. Pouco depois, o primeiro ministro Giuseppe Conte estendeu a emergência para todo o país. Foi no domingo, retornado de Matera que percebemos a gravidade da situação. No dia seguinte, na segunda-feira, virou emergência nacional, com o isolamento passando a valer para toda a Itália. O país já estava aterrorizado com o avanço do coronavírus. Mas mesmo com a pandemia, muitos acharam que eram férias. No início, a estação de esqui na região de Milão, no norte, ficou lotada nos primeiros dias da quarentena. Inclusive um cara infectado, ao invés de ficar em isolamento domiciliar, foi para essa estação de esqui contaminando as pessoas.
O que é crime?
Sim, ele está sendo processado.
Com a emergência, fechou de imediato todo o comércio, as atividades não essenciais? E decretou o isolamento social?
As medidas foram sendo adaptadas com a disseminação da pandemia. Mas desde o primeiro momento, a ordem foi para que as pessoas permaneçam em casa, só saindo com justificativa. Mas o comércio ainda estava funcionando com restrições, como bares só até 6h da tarde. A feirinha do bairro onde moro continuou funcionando, mas com o agravamento da pandemia, fechou tudo. Só estão abertos supermercados, farmácias, tabacarias, bancas de jornal, postos de combustíveis, que são serviços essenciais. E mesmo os serviços essenciais, exceto hospitais e serviços de saúde, passaram a funcionar com horários limitados. Supermercados que funcionavam 24 horas por dia ou que ficava aberto até 22h, agora só funcionam até às 18h. E todos têm acesso limitado. Não é permitida a entrada de duas pessoas juntas nos supermercados ou farmácias. Isso é para manter o distanciamento social, para evitar aglomeração. Faz fila espaçada e só entra um de cada vez.
E tem limites de compras?
Não, não tem. No início, quando teve o anúncio da emergência, muita gente ficou desesperada e saiu comprando muito de uma só vez. Com pouco tempo acabou papel higiênico, máscara, álcool e gel. Mas não houve desabastecimento.
E os preços subiram muito?
Gênero alimentício não. Mas subiu o preço da máscara cirúrgica e do álcool gel.
Houve resistência da população ao isolamento social?
Os moradores foram logo caíram na real por causa do grande número de mortes. As pessoas viram que não era uma gripezinha. A população italiana é longeva, tem um índice elevado de idosos. A Itália e o Japão são os países com população mais longeva, o que explica, em parte, o porquê de morrer tanta gente aqui com a pandemia.
Mas isso também já está mudando, não só os idosos estão morrendo.
Sim, em Roma há pouco tempo morreu um jovem que não tinha nenhuma doença, nenhum problema de saúde. Muitos médicos jovens, que estavam trabalhando, foram infectados e morreram. O índice de morte de médicos é altíssimo na Itália, mais de 100 já morreram. Nessa soma não está o número de mortes de enfermeiros, que é também alto.
O italiano é mais disciplinado ou ficou mais disciplinado com a pandemia?
É bem parecido com o brasileiro, mas teve que se adaptar às restrições com o avanço da pandemia e tem ficado em casa. Além disso, é também parecido com o brasileiro no afago, no carinho, quando encontra conhecidos na rua abraça, cumprimenta com as mãos. Afinal, somos todos latinos. Talvez a quarentena seja mais fácil em países asiáticos, é outra cultura. Nesse aspecto o italiano está sofrendo muito pela restrição do encontro, da conversa. Mas está aprendendo outras formas de se comunicar e interagir. Por incrível que pareça o italiano está aceitando muito bem as medidas restritivas.
E os mais jovens, também estão participando?
Claro que tem sempre aqueles que se consideram imunes e não precisam se cuidar. Eu tenho saído a trabalho e para isso tenho de levar uma auto certificação com nome e endereço, justificando o motivo da saída de casa. Só é permitido sair para trabalhar em serviço essencial e para emergência médica ou compra de gêneros alimentícios. Mas mesmo com essas restrições ainda vejo muitos jovens reunidos em grupos, como se nada estivesse acontecendo. Eu moro em um bairro popular, no inicio da periferia. Tive que sair ontem a trabalho e vi algumas pessoas se cumprimentando com as mãos, trocando cerveja, passando de mão em mão o cigarro de maconha. Mas têm os idosos que saem também. Muitos moram sozinhos, têm que sair para fazer compras e se arriscam.
E o governo reprime?
Sim, reprime. Mas há certa tolerância. Por exemplo, agora na Páscoa muita gente viajou, saiu do norte da Itália e foi para o sul, um perigo de mais disseminação. A imprensa mostrou estações de metrô lotadas logo no início da pandemia, o que era ainda um indicador de que parte da população ainda não estava atenta à gravidade desse surto. Isso já não acontece mais.
E como é o sistema de saúde na Itália?
A ironia da emergência foi que o vírus disseminou mais no norte da Itália, que é a região mais rica e tem um sistema de saúde entre os melhores da Europa. E mesmo assim o sistema entrou em colapso, não deu conta de atender a todos que precisavam e muitos morreram sem atendimento. Tiveram de construir um hospital de campanha e muitos pacientes foram levados para tratamento na Alemanha. Se essa pandemia estivesse estourado no sul, e não no norte, a situação estaria muito pior. A região sul não tem a mesma infraestrutura, é muito mais precária. Por enquanto a pandemia não se espalhou muito pelo sul muito por conta da quarentena. O foco maior continua no norte, embora esteja presente em todo o país.
Na política houve muita divergência na definição das políticas restritivas?
No início da emergência houve desencontro entre alguns políticos. O prefeito de Milão chegou a dizer que a sua cidade não para. E que iria manter tudo funcionando nos cafés, teatros, museus, bares, restaurantes. Mas logo depois ele voltou atrás e fez autocritica. Quando tudo estourou em fevereiro havia poucas informações sobre o vírus e sua letalidade. O comitê técnico científico italiano dita as regras. E os políticos as seguem, tudo com embasamento científico. O comitê é composto por médicos e cientistas e eles mostraram que não dá para abrir o comércio e não se discute. E assim também ocorre com o isolamento social. Não ocorreram carreatas de comerciantes pedindo para abrir as suas lojas enquanto a pandemia avança e mata as pessoas. A grande maioria entendeu que tinha de ficar em casa e o comércio se mantém fechado.
O consenso político tem por base a orientação desse comitê científico?
Sim, houve esse consenso tirado junto com o comitê. Aqui não ocorreu essa loucura que temos visto no Brasil, com a maioria dos governadores decretando a quarentena e o presidente fazendo justamente o contrário, inclusive desrespeitando as recomendações do ministério da Saúde. Aqui na Itália, depois que os políticos viram a dura realidade, os discursos harmonizaram e todos ficaram unânimes a favor do isolamento. O governo aqui é bastante frágil, o primeiro ministro era pouco conhecido e até então não tinha apoio popular. Mas com as medidas e a transparência com que tem tratado a pandemia, ganhou o respeito da população. Ele é transparente, toda semana vai à televisão prestar contas, quando não ocorre de ir todos os dias. A população entendeu a seriedade com que ele está tratando o caso, não é como Bolsonaro que brinca com a saúde dos brasileiros.
A Itália é até agora o país com o maior número de mortes. E já estabilizou a curva?
Não se sabe se já chegou ao pico, mas o número de contagiados tem diminuindo, como também diminuiu o número de pacientes que estavam na UTI nos últimos meses. O número de mortes, que no mês de março chegou a mil por dia, hoje tem tido 500 mortes num dia, 660 no dia seguinte.
Você acredita que o governo italiano possa começar aliviar a quarentena?
Acho que um pouco, quase nada. A quarentena foi estendida para até o inicio de maio, mas algumas atividades comerciais como livrarias, papelarias começam a abrir, a tabacaria onde se paga também contas continuam abertas. Mas até maio serão mantidas as mesmas medidas restritivas, mantendo-se fechado o que não é essencial. Só a partir de maio o governo promete fazer mais liberação, mas já adiantou que será sempre com restrições de fluxo de pessoas.
Não há o temor de se ter uma segunda onda e a pandemia retornar com mais força?
Sim, tem essa preocupação. Qualquer erro de abrir antes da hora o governo sabe que pode colocar todo esforço abaixo. Já tem mais de um mês de quarentena na Itália. Se errar o passo, pode vir a onda mais forte, como aconteceu com a gripe espanhola, que teve uma segunda onda matando muito mais gente.
E você e a Flamínia, como estão diante de tudo isso? Tiveram algum amigo ou parente dela afetados?
Não, só um vizinho da mãe de Flamínia foi infectado e passa bem. Eu saio para trabalhar, mas ela fica em casa trabalhando no home office. Só saímos no bairro para ir à padaria e ou ao supermercado. É sempre estressante, pois, não raro ficamos entre 30, 40 minutos só para entrar no supermercado para fazer as compras. Tem uma moça que possui banca na feira e viramos fregueses dela. Com a pandemia ela se organiza e se comunica com os fregueses pela internet e traz a feira da semana. Isso tem facilitado bastante. Ela mora numa roça aqui perto e traz verduras frescas, sem agrotóxicos. Esse luxo estamos mantendo. Com isso, ela não perde a produção e consumimos produtos de qualidade. E resolvemos, em parte, o problema de ter de enfrentar filas.
Vocês já foram testados?
Não, a Flamínia tem inclusive evitado de visitar a mãe que tem 68 anos e a avó, que está morando com a mãe e fez 89 anos. Durante todo esse período de quarentena ela só foi uma vez na casa de sua mãe. Ela pode ter o vírus, ficar assintomática e sair contaminando.
Como você está vendo a situação no Brasil?
Estou preocupado e muito triste. O Brasil, infelizmente tem que enfrentar o vírus e um presidente irresponsável. Como alguém escreveu, o “Brasil vai ter que enfrentar o vírus e o verme”. É muito difícil fazer qualquer previsão agora. Mas dizer que o Brasil não vai ser afetado é muito temerário. É difícil imaginar que o Brasil não vai ser afetado, se outros países em condições semelhantes, e outros como os Estados Unidos, estão sendo bastante afetados. Só o Brasil não será afetado drasticamente? Os Estados Unidos, que o presidente também achou no inicio que não seriam tão afetados, já estão para ultrapassar a Itália em número de mortos. Por que só o Brasil vai ser diferente?
Quem sabe Deus é mesmo brasileiro, como acreditam os fundamentalistas?
Pois é, só se for mesmo. Parece que ficam esperando por um milagre. Ou por um desastre. Mas o que vemos é o vírus se espalhando por todo canto, e nada há que indique que o Brasil possa passar imune. Não dá para imaginar que o país não será afetado de uma maneira até perigosa. Outros países com realidade próxima do Brasil estão sendo afetados.
A África, que tem clima quente parecido com o Brasil, também já está sofrendo com a pandemia.
Pois é, a OMS fez inclusive uma alerta sobre a África, imaginando que a situação lá pode ser ainda pior. Têm países da África, como Serra Leoa, que tem 7,5 milhões de habitantes e só dispõe de um único respirador. Moçambique, que eu conheci, não tem estrutura para nada, as pessoas vivem como em muitas famílias do Brasil, não tem saneamento básico.
E as atitudes do presidente Bolsonaro, como são vistas na Itália?
Até parece que ele torce pelo desastre. Enquanto a civilização está se desintegrando quase em tempo integral, não tem vacinas e a única maneira de combater o vírus é se isolando, o que ele faz? Desdenha do vírus, despreza as coisas mais básicas da ciência, da informação. Imaginar que tudo isso é uma conspiração chinesa, comunista, é uma loucura que fica até difícil explicar para as pessoas aqui na Itália. E é triste ver tanta gente, inclusive gente próxima e familiar, que fica repetindo esse discurso de uma maneira tão cega.
O Brasil vai enfrentar outras epidemias além do coronavírus, tem também a dengue, a gripe.
Pois é, o momento brasileiro já era feio e degradante com Bolsonaro, com o vírus ficar muito pior. Estou muito preocupado com o Brasil e com o futuro da humanidade, estou muito pessimista. Não sou católico nem religioso, não sou uma pessoa crente. Mas eu estava assistindo à missa na Sexta-feira da Paixão e um padre disse que bastou o menor elemento de vida, que é o vírus, uma partícula invisível a olho nu, para nos lembrar que não somos imortais e como é que estamos interligados no mundo. Não importa se é rico ou pobre, se acredita ou não em Deus, se mora na cobertura ou na favela, enfim, todos estão sujeitos à doença.
Mas na favela provavelmente vai ter mais mortes. O vírus veio com a classe média, que teve até agora mais gente morrendo, mas começa a chegar às favelas.
Com certeza, pelas precárias condições de vida. Já teve um índio ianomâmi infectado e morto. Imagina o que isso pode representar mais um genocídio no país. Loucura foi ouvir o governador de Minas Gerais dizer que o vírus precisa viajar para se espalhar e as pessoas pegarem imunidade. É um irresponsável igual Bolsonaro, um pensamento tacanho, desprovido de qualquer base científica. Até o Witzel (Wilson, governador do Rio), e o Doria (João, governador de São Paulo), estão demonstrado ter responsabilidade, dando a atenção devida e o cuidado devido com que a pandemia deve ser tratada.
Como o Brasil está sendo visto na Europa?
Somos motivos de chacota, ninguém acredita. Muitos me perguntam como um sujeito desse é eleito presidente. As notícias de o presidente sair nas ruas afrontando as orientações de seu próprio Ministério da Saúde, tudo isso é difícil de ser explicado para as pessoas. A insistência dele (Bolsonaro) de querer reabrir o comércio, a defesa da economia em detrimento da vida, tudo isso é visto com grande espanto. O Brasil aos olhos da Europa voltou a ser uma republiqueta de banana. Acho que tudo isso tem a ver com a nossa ignorância histórica, com a nossa colonização, mas acho que só isso não explica. Tenho de reconhecer que me falta capacidade para explicar o porquê de o Brasil ter elegido um sujeito como Bolsonaro, uma pessoa tão tacanha e tosca.
O Brasil pode flexibilizar algumas medidas restritivas justamente quando inicia a escalada da pandemia. O que acha?.
É prematuro. Tem o problema da subnotificação que é o mesmo problema na Itália. Pessoas que eu entrevistei, como Ângelo Borrelli, coordenador nacional da emergência na Itália, que reconhece a existência da subnotificação em seu país, e que ocorre também no Brasil, ficam espantadas com as notícias do presidente. Na Itália mesmo ocorrendo a divulgação das notificações com atraso, ainda há um certo controle. No Brasil parece que ao governo interessa essa subnotificação, como se quisesse esconder a pandemia, como parte da agenda irresponsável de Bolsonaro. A sua proposta de fazer isolamento vertical já se revelou ineficaz no mundo.
O que você diz para as pessoas da sua cidade, aqui em Itabira?
É preciso se proteger, mantendo-se no isolamento. É a maneira mais eficaz de se proteger. Quem tem de sair para trabalhar que tome todo cuidado para não trazer o vírus para casa. Um dos grandes problemas desse vírus é que a pessoa pode ser infectada e não ter os sintomas e contaminar outras pessoas, inclusive familiares e amigos. Não é todo mundo que morre, mas pode deixar sequelas. Que sejam menos de 10%, é muito alta a letalidade. Pode parecer paranoia, mas é preciso respeitar e se proteger. Itabira tem também a poeira da Vale que causa doenças respiratórias, é mais uma agravante que preocupa nesta época do ano. E preciso também cuidar da cabeça, é muito dura a quarentena, mas ela é necessária.
E você tem cuidado bem da cabeça?
Tenho procurado, mas está difícil. É tudo muito tenso, estou lidando todos os dias com essas informações. A situação econômica não é boa, tanto na Itália como no resto do mundo. Todos nós seremos afetados, mas precisamos manter a cabeça em ordem. No final tudo passa. O que mais importa agora é ficar em casa e cuidar da cabeça.
Ótima matéria Carlos!
Mostrar para o Brasil o que vive a Itália com tantas mortes.
Certamente no Brasil teremos números assustadores de infectados e de mortes em função das favelas e os desabrigados.