“Lavra Márcio Sampaio: do todo, uma parte”: artista plástico santamariense tem exposição na galeria Unimed-BH

Fotos: Hedgard Moraes/
Reprodução

A exposição Lavra Márcio Sampaio: do todo, uma parte, instalada na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244 – 5º andar – Lourdes) até 9 de março de 2025, oferece um mergulho profundo nas mais de seis décadas de carreira do renomado artista plástico.

A mostra tem curadoria de Marconi Drummond, que destaca a ironia, o sarcasmo e o bom humor que caracterizam o trabalho do artista santamariense. A exposição reúne pinturas, desenhos, objetos, poemas e instalações, além de peças gráficas e documentais.

A exposição apresenta um volume grande de obras reflexivas, retinianas e também imersivas e interativas. Entre as instalações interativas destacam-se a obra Aldeia, um sistema de escrita feito com cabides, e a obra Poço, que oferece um mergulho abissal com a palavra “ego”.

Poço: obra oferece um mergulho abissal com a palavra “ego”

Márcio Sampaio convoca o público a participar e completar a experiência da obra, tornando-a viva e dinâmica.

Com humor e ironia, critica o endeusamento das obras e dos mercados de arte, enquanto presta homenagens inusitadas, redesenhando ícones como Tarsila do Amaral em um contexto antropofágico e desmitificador. Suas instalações interativas, na qual a arte encontra um novo frescor, são provocativas e instigante.

Em suma, a exposição Lavra Márcio Sampaio: do todo, uma parte é uma homenagem à contribuição significativa do artista para a cultura mineira e brasileira, celebrando seu legado artístico e sua influência no cenário cultural.

Artista polissêmico

Márcio com os irmãos artistas Marconi (curador) e Marcelo Drummond

Segundo o curador Marconi Drummond, Márcio Sampaio é um artista polissêmico, um multiartista. “Ele transita com desenvoltura entre muitas linguagens, desde a literatura até as artes visuais, passando pela crítica de arte e a curadoria.”

Conforme ele explica, a exposição surgiu do desafio de fazer uma mostra panorâmica que contemplasse essa dimensão polissêmica do artista.

“A obra de Márcio testemunha a trajetória da história da arte brasileira, conectando-se aos movimentos do poema-processo e da poesia de vanguarda, e explorando a relação entre a palavra e a imagem”, define o curador.

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A exposição Lavra Márcio Sampaio: do todo, uma parte o artista apresenta mais de seis décadas de produção artística de Márcio Sampaio, reunindo pinturas, colagens, objetos, poemas, cartazes, livros de artista e instalações.

Suas obras dialogam com tradições consagradas enquanto apontam para novos horizontes, transformando elementos cotidianos em metáforas visuais e críticas irônicas ao nosso contexto social e ao sistema da arte.

“Nessa exposição, a ênfase é para o Abaporu e pelos pintores impressionistas, ressignificando essas obras. Dentro do ovo da Tarsila, eu pus o Abaporu com a coisa do feto dentro do ovo, esperando a hora de nascer”, explica o artista.

Com humor e tenacidade, Márcio Sampaio busca novos sentidos para a arte, oferecendo um universo que, em vez de respostas, apresenta perguntas e provocações, um convite para repensar a arte como reflexo da sociedade, como ferramenta de transformação e como uma brincadeira crítica que se constrói a partir de si mesma.

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Trajetória

Márcio Sampaio, além de ser reconhecido como poeta, artista visual e crítico de arte, é também professor aposentado da Escola de Belas Artes da UFMG. Sua obra abrange diversos períodos e linguagens, refletindo aspectos da vida e da cultura brasileira, especialmente dos anos 1970 e 1990.

O artista começou a pintar aos 12 anos de idade, copiando cartões-postais e figuras de revistas. Em 1953, mudou-se de Santa Maria para Itabira, onde teve suas primeiras lições de pintura com a professora Emília de Caux. Em 1959, transferiu-se para Belo Horizonte e ingressou na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O artista com os filhos Alberto e Gustavo Sampaio

Sampaio participou da 1ª Semana Nacional de Poesia de Vanguarda em 1963 e fundou, com um grupo de amigos, a revista de vanguarda Ptyx. Sua primeira exposição individual ocorreu em 1964, no mesmo ano em que lançou o livro de poesias Rubro Apocalíptico.

Durante os anos 1960, Sampaio atuou como crítico de arte no jornal Diário de Minas e colaborou como ilustrador no Suplemento Literário do Minas Gerais, criado pelo escritor Murilo Rubião.

Participou da 9ª Bienal Internacional de São Paulo em 1967 e foi coordenador do Museu de Arte da Pampulha entre 1968 e 1971.

Em 1971, iniciou a série de obras denominada Galeria Antropofágica, que recria, com humor e ironia, o trabalho de vários artistas nacionais, como Tarsila do Amaral, Milton Dacosta e Amilcar de Castro.

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Além da revista Ptyx, Sampaio lançou dois cadernos que marcaram presença no movimento literário de Minas Gerais. Ele também participou do Movimento de Poesia Concreta e Poema Processo durante os anos 1960.

Foi superintendente da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, em Itabira, entre 1992 e 1996.

Dirigiu a Galeria Pilão, em Ouro Preto (1966). Foi professor da Escola de Belas Artes da UFMG (1977-1999), curador da exposição sobre o Barroco Mineiro, levada pelo governo de Minas a Nova Iorque, posteriormente exposta no MASP/São Paulo e Belo Horizonte. Em 2014, foi eleito para a cadeira nº 28 da Academia Mineira de Letras.

Além de tudo isso, Márcio Sampaio também recebeu vários prêmios de Literatura e Artes Plásticas, incluindo o título de Cidadão Honorário e a Medalha do Collegium “Artium” da Fundação Clóvis Salgado.

Entre suas principais obras literárias estão quatro livros de poesia: Rubro Apocalíptico (1964), O Tempo em Minas (1976), Risco de Vida (1991) e O Ciclo do Barro (1995).

Serviço

Exposição: Lavra Márcio Sampaio: do todo, uma parte

Data: encerramento dia 9/3

Horário: de terça a sábado, das 10h às 20h

Domingos e feriados: das 11h às 19h

Endereço: Minas Tênis Clube

Rua da Bahia, 2.244 – 5º andar – Lourdes

Entrada Franca

Fontes:
  • Centro Cultural Unimed-BH
  • Academia Mineira de Letras
  • UFMS – Universidade Federal de Minas Gerais
  • Vila de Utopia
  • Rede Minas

Galeria

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2 Comentários

  1. Sou conterrânea do artista Márcio Sampaio e o admiro muito. Fomos vizinhos em Santa Maria de Itabira.
    Vou visitar a exposição. Muitos vivas para Márcio Sampaio, Marconi e Marcelo Drummond.

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