Lar de Ozanam tem metade de seus assistidos infectada e sete funcionários seguem em isolamento domiciliar
Com o avanço da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em todo o território nacional, e também com aumento vertiginoso em Itabira, com mais de 6,7 mil casos confirmados e 50 óbitos, causou preocupação em Itabira o comunicado da Sociedade São Vicente de Paula (SSVP), informando que 25 dos 50 assistidos pela instituição no Lar de Ozanam foram testados positivos para a Covid-19.
Segundo a assessoria de imprensa da instituição, desses, apenas três foram hospitalizados e estão com quadro de saúde estável, internados em leitos de enfermaria, sem precisar de cuidados mais intensivos. “Os outros 22 estão no Lar de Ozanam isolados, medicados e monitorados.”
Eles foram testados positivos em exames de RT-PCR e antígeno, realizados no intervalo entre os dias 6 e 16 (sábado). O comunicado da SSVP foi divulgado à imprensa itabirana nesse domingo. Antes, a assistência social da instituição comunicou as ocorrências aos familiares.
Os testes para detecção do vírus estão sendo realizados periodicamente em idosos e funcionários do Lar de Ozanam desde o início da pandemia – e também imediatamente, em caso de haver algum sintoma entre funcionários e assistidos, informa a assessoria de imprensa.
Esses não foram os primeiros internos acometidos pela Covid-19 no Lar de Ozanam, única instituição itabirana de acolhimento aos idosos. Em agosto surgiram os primeiros casos, com três assistidos infectados e já recuperados.
Rastreamento
Após os resultados de agora, foi feito o rastreamento e todos que tiveram contatos com os internos testados positivos estão sendo monitorados. Entre os funcionários do Lar de Ozanam, cinco estão afastados em decorrência da doença – e dois sob suspeita, também estão em isolamento domiciliar.
As visitas de parentes e amigos aos assistidos pelo Lar de Ozanam estão suspensas desde março, com o início da pandemia. Desde então, a instituição diz seguir todos os protocolos para o enfrentamento à Covid-19, com acompanhamento da Vigilância Epidemiológica do município.
Para se ver como o risco de contágio é grande, esses internos foram contaminados mesmo com o uso de máscaras, toucas, luvas, propés e jalecos descartáveis pelos funcionários. E também com a troca de sapatos antes do início da jornada de trabalho.
“É feita a aferição de temperatura e inventário diário com todos os funcionários antes da entrada no Lar, com afastamento imediato em caso de qualquer sintoma e testagem. A desinfecção é total de tudo que entra, inclusive das embalagens”, a assessoria relaciona os cuidados empreendidos rotineiramente.
“Estão mantidos os cuidados que constam no Plano de Enfrentamento à Covid-19 implantado no início da pandemia, com abertura de ala específica para os isolados. É também rigoroso o cuidado com os vasilhames usados pelos pacientes para alimentação, sendo levados para um local específico para higienização, devidamente identificados e em uma caixa plástica lacrada.”
“A vacina vai demorar meses para fazer efeito. É hora de reimplementar as medidas restritivas”, recomenda o neurocientista Miguel Nicolelis
O caso das contaminações no Lar de Ozanam, mesmo com toda a profilaxia e assepsia empregadas, serve de alerta para o descaso com a doença que muitos estão tendo em Itabira. É como se a pandemia já tivesse acabado, sentimento que generaliza perigosamente ainda mais agora com o início, ainda de forma lenta e gradual quando deveria ser célere, da vacinação no país.
É hora de o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) impor medidas mais restritivas e proibitivas para manter o distanciamento e o isolamento social. Só o apelo à consciência para que cada um se proteja e assim proteja a todos não parece surtir efeito, mesmo porque ainda não foi lançada a anunciada campanha educativa.
Enquanto isso as festinhas particulares continuam sem qualquer fiscalização e muitos bares e estabelecimentos seguem sem cumprir os protocolos necessários. Os hotéis continuam cheios de gente sem máscara transitando em áreas comuns. E o rodizio de CPF não vai mais acontecer, por decisão da Justiça. E o povo segue nas ruas, grande parte sem máscara, como se nenhuma pandemia existisse no país e no mundo.
Lockdown nacional
As autoridades de saúde já alertaram que os próximos meses vão ser muito difíceis para o país – e, claro, para Itabira também. O fato de estar na onda amarela não diminui o risco e a flexibilização que o município está vivendo, sem que resultasse em medidas restritivas, não tem surtido efeito. Daí que impõem-se mais medidas de firme enfrentamento à pandemia.
O neurocientista Miguel Nicolelis defende que o país deveria adotar, já agora após o início da vacinação, um lockdown nacional, de duas ou três semanas, para frear a onda de novas infecções e ganhar tempo para a imunização gradual.
Nicolelis cita o drama vivido pelo Reino Unido – onde a vacinação começou em dezembro, mas o número de contágio ainda não desacelerou de maneira significativa.
“O impacto desse avanço sincronizado do vírus pelo Brasil tende a ser pior que o da primeira onda. A vacina vai demorar meses para fazer efeito por aqui e neste momento, temos um percentual mínimo de doses. É hora de reimplementar as medidas restritivas. Não podemos abandonar o barco enquanto a vacina está longe de contemplar a maioria da população.”