Itabirano convive com duas rodovias da morte, a BR-381 e a MGC-120, principalmente no trecho que liga à Nova Era, diz vereador
Esta foi uma das conclusões que chegaram os participantes da audiência pública, realizada nessa quinta-feira (21), na Câmara Municipal, após ouvirem o vereador André Viana (Podemos) dizer que a MGC-120 é também uma “rodovia da morte”, a exemplo do que ocorre com a BR-381, principalmente no trecho entre Itabira e Nova Era.
Com comparecimento de pequeno público, a audiência debateu as precárias condições de tráfego na rodovia estadual, considerada uma das mais perigosas do estado de Minas Gerais.
“É grande o número de pessoas que perderam a vida nesse trecho. Itabira é uma cidade perto e longe da capital, mesmo estando a cerca de 100 quilômetros, pela precariedade das rodovias”, salientou o vereador André Viana, autor do requerimento para que a comissão de Transportes, Comunicação e Turismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AMMG) promovesse a audiência pública na Câmara Municipal.
Outra reivindicação apresentada pelo vereador pede que o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG) conclua o posto de pesagem próximo ao “trevo” do Itabiruçu, assim como as obras de melhorias e duplicação de trechos da rodovia estadual. “A instalação da balança é importante para controlar e até impedir o fluxo de veículos pesados no trecho para Nova Era.”
Excessos
Os números apresentados pelo tenente Wellington Ribeiro Caldeira, comandante da Polícia Rodoviária na região de Itabira, confirmam a afirmação de que a rodovia estadual, principalmente no trecho para Nova Era, pode ser considerada uma “rodovia da morte”.
Neste ano, de um total de 167 acidentes ocorridos nos 790 quilômetros que o grupamento militar da Polícia Rodoviária cobre na região, 74 ocorreram no trecho que passa por Itabira, sendo que 49 foram registrados entre Itabira e Nova Era. “É o trecho mais complicado”, confirma o tenente Caldeira.
Para ele, a rodovia é até bem sinalizada nesse trecho, mas que ela não foi construída para receber o fluxo atual de veículos pesados.
“Esse trecho representa apenas 3 quilômetros a menos no trajeto para quem segue para o Vale do Aço se comparado com a BR. Só que por aqui o condutor passa entre serras, enquanto por João Monlevade é preciso subir a serra, com maior consumo de combustível, para depois descer, o que desgasta mais o sistema de freios.”
O tenente da Polícia Militar também acredita que a instalação da balança, antes do trevo do Itabiruçu, irá possibilitar um maior controle desse tráfego de veículos pesados.
“A rodovia tem poucos acostamentos e é cheia de curvas, o que impede a ultrapassagem. A maioria dos acidentes ocorre por alguma infração de trânsito, como em uma ultrapassagem proibida.”
Rota de fuga
Essa situação de intenso tráfego de veículos pesados pode complicar ainda mais, assim que a BR-381 for privatizada e forem instaladas as praças de pedágio, alertou o deputado Léo Portela (PL), que preside a comissão de Transportes da ALMG.
“O trânsito nesse trecho pode aumentar como rota de fuga para não se pagar pedágio, o que fatalmente aumentará a possibilidade de acidentes”, salientou o parlamentar.
Obras de melhorias estão paralisadas há mais de dez anos, diz secretário
Outra reivindicação apresentada na audiência foi para que o Estado conclua as obras de melhoria e duplicação de trechos da rodovia estadual e que foram abandonadas há mais de dez anos, permanecendo com pavimentação inadequada e desnivelada.
Segundo o secretário municipal de Obras e Trânsito, Ronaldo Lott Pires, essas obras tiveram inicio em 1997, quando foram alocados recursos repassados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como parte da compensação financeira pela privatização da empresa Vale.
As obras foram abandonadas em três ocasiões por empresas diferentes. “Há mais de 20 anos Itabira aguarda pela conclusão dessa obrigação do Estado para com o município”, cobrou o secretário. Foi nesse pacote pós-privatização que se incluiu a pavimentação asfáltica do trecho de ligação de Itabira a Nova Era.
Segundo informou Ronaldo Lott, ainda há parte dessa compensação pela privatização disponível no BNDES – e que precisa ser investido na conclusão dessas obras inacabadas.
O deputado Tito Tôrres (PSDB), também presente na audiência, confirmou a existência desses recursos remanescentes – e que precisam ser cobrados para que as obras de melhorias sejam concluídas.
“A conclusão dessas obras está avaliada em cerca de R$ 20 milhões e a Prefeitura de Itabira já se dispôs a concluir os trevos do Itabiruçu e do bairro João XXIII, assumindo uma obrigação que é do Estado, para não ter que esperar mais”, disse o parlamentar, que é majoritário na região.
Descaso
O vereador Allaim Figueiredo Gomes (PDT) tem reivindicado ao DEER-MG urgente providência para corrigir falhas na pavimentação da rodovia, com ênfase no trecho que fica após a reta do Bamba, onde há uma forte depressão. “O risco é grande de causar um acidente grave”, avisou.
Além disso, o vereador queixou-se do excesso de quebra-molas. “Do trecho do Itabiruçu até o bairro Chapada são 14 quebra-molas, o que atrasa ainda mais a viagem para quem segue para Belo Horizonte.”
“É uma rodovia de riscos permanente e que se encontra em uma situação de emergência”, fez coro o presidente da Câmara, vereador Heraldo Noronha (PTB), endossando as reivindicações. “O DEER tem tido um descaso muito grande com Itabira”, queixou-se.
Multas
Outra queixa contra o DEER-MG foi apresentada pelo comerciante do bairro Chapada, Marco Antônio, para quem o órgão estadual de fiscalização tem se excedido na aplicação de multas aos veículos estacionados em frente aos estabelecimentos comerciais naquela localidade.
“O pessoal do DEER decidiu bater cartão na Chapada e isso tem prejudicado os comerciantes”, relatou, reivindicando a liberação do local para que os veículos possam parar – ou para que seja destinada outra área para estacionamento. “Do jeito que está, tiram o nosso sustento”, protestou.
Requerimentos serão apresentados ao governador após a audiência
Segundo o presidente da comissão de Transportes da ALMMG, deputado Léo Portela, requerimentos serão encaminhados, em nome do legislativo mineiro, ao governador Romeu Zema (Novo) – e também ao secretário estadual de Infraestrutura e Mobilidade, Marco Aurélio Barcelos, com as reivindicações apresentadas na audiência pública.
Para encaminhar os requerimentos, será requisitada uma visita técnica ao governador, com participação de representantes de Itabira e Nova Era.
Outra reivindicação será dirigida à ANTT para que seja feito estudo de impacto da privatização da BR-381 sobre a rodovia estadual que liga o trevo a Itabira e à cidade de Nova Era, após a instalação de praças de pedágio,
Outra reivindicação se refere à instalação da balança na praça próximo do Itabiruçu, que será enfim concluído com recursos da Prefeitura, assim como o trevo de acesso ao bairro João XXIII.
Ao DEER-MG será encaminhado requerimento para que conclua os trevos de acessos a Bom Jesus do Amparo e a São Gonçalo do Rio Abaixo, no bairro Chapada,
E que sejam instalados mais radares na rodovia, assim como a abertura de área de estacionamento em vários trechos da rodovia, além de programar outras medidas de segurança.