Itabira terá trechos da ferrovia desativados, mas vereadores querem audiência pública para discutir o uso futuro

Em destaque, trecho da ferrovia que será desativado com proposta de instalacao de um parque linear

Fotos: Carlos Cruz

Condicionante federal da renovação da Estrada de Ferro Vitória–Minas prevê eliminação de passagens de nível; Câmara cobra transparência e participação da comunidade no projeto de reocupação do trecho ferroviário desativado

O vereador Cidnei “Didi Caldo de Cana” Camilo Rabelo (PL) foi quem pautou o debate sobre a retirada de trecho da ferrovia que corta a área urbana de Itabira – e seu uso futuro.

Ele defendeu a abertura de uma avenida que interligaria vários bairros, como meio de desafogar o trânsito. A proposta, porém, esbarrou em um esclarecimento importante: o trecho a ser desativado é muito menor do que o imaginado pelo vereador.

Didi Caldo de Cana defende a abertura de uma avenida no trecho ferroviário, mas o trecho que será desativado é bem menor do que ele imaginava

A proposta, segundo apurou a reportagem, já vem sendo definida entre a Prefeitura e a Vale, que tem realizado reuniões nos bairros Vila Amélia e Alto Pereira, onde ficam as duas passagens de nível que serão desativadas, permanecendo apenas a da Vila Paciência.

Pelo que foi apurado, a mineradora descartou a alteração no traçado da ferrovia ou da estrada 105, no trecho entre a estação João Paulo, no bairro Campestre, até a antiga comunidade do 105, com a ferrovia seguindo em frente até encontrar o ramal ferroviário que vem da mina Conceição.

O projeto de desativação prevê como uso futuro a abertura de uma rua de mão dupla ao longo do trecho desativado, da curva do 105 até o bairro Major Lage, com a instalação de parques lineares com ampla área verde e espaços de lazer.

Projeto da Vale chega pronto e sem espaço para sugestões, criticam vereadores
Bernardo Rosa Rosa critica a Vale por apresentar o projeto já finalizado às associações de bairro, sem espaços para sugestões (Foto: Carlos Cruz)

A desativação dos trechos com passagem de nível da ferrovia é uma condicionante da antecipação da outorga da Estrada de Ferro Vitória–Minas, firmada entre a Vale e o governo federal, por meio de negociações que se arrastaram desde 2019, conforme pode ser lido aqui, neste site Vila de Utopia.

Conforme confirma o vereador Bernardo Rosa (PSB), apenas duas passagens de nível serão removidas na Vila Amélia e Alto Pereira. Já a passagem de nível da Vila Paciência permanecerá – e a Vale executou obras no local que sugerem a manutenção do atual traçado da ferrovia e da estrada 105 nesse trecho.

Passagem de nível no bairro Vila Amélia deixará de existir com a execução do projeto de desativação do trecho ferroviário

Rosa criticou o fato de a Vale apresentar o projeto já finalizado às associações de bairro, sem espaço para contribuições. “Se o projeto já está pronto, vou sugerir o quê? Não há oportunidade de opinar”, afirmou.

Ele também confirma que, pelo projeto apresentado pela Vale, está prevista apenas uma rua de mão dupla, e não uma via expressa. “O traçado deve começar na rotatória atrás do Fórum, seguir até a Vila Amélia e deve incluir três parques lineares com áreas verdes, quadras e pistas de caminhada.”

Os vereadores reforçaram que a Vale precisa ampliar o diálogo com a população desses bairros antes de dar início à execução das obras. Isso para que se criem condições de o novo espaço ser apropriado pelas comunidades.

Outra passagem de nível a ser desativada fica no bairro Alto Pereira
Viaduto Juca Rosa é também cobrado

O vereador Rodrigo “Diguerê” Alexandre Assis Silva (MDB) ampliou o debate ao cobrar outra obra prevista na condicionante ferroviária: o viaduto Juca Rosa, que ligaria bairros como Colina, Belo Monte, São Cristóvão e Praia.

Segundo ele, a obra é fundamental para melhorar o fluxo viário da região. “A concessão já foi renovada por mais 40 anos. Agora as contrapartidas precisam ser entregues”, cobrou.

Vereador quer diálogo amplo antes da execução das obras
Reinaldo Lacerda defende a realização de uma audiência pública, na Câmara, para tratar dessa mudança ferroviária em Itabira

O vereador Reinaldo Lacerda (PSDB), presidente da Comissão de Transportes, defendeu que a Câmara convoque uma audiência pública com a Vale, a Prefeitura, associações de moradores e o Ministério Público.

Para ele, o projeto atual, sem uma ampla discussão, retira da população a oportunidade de opinar sobre uma intervenção que afetará diretamente o cotidiano de milhares de pessoas.

Os vereadores concordam que a retirada das passagens de nível é positiva e necessária para melhorar a mobilidade urbana.

No entanto, insistem na crítica da falta de transparência. “Que a obra seja realmente útil à cidade e não apenas uma obrigação burocrática cumprida no papel”, defende o presidente da Comissão de Transportes.

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