Itabira tem três mortes suspeitas de dengue, mais de 1,5 mil casos confirmados da doença, que pode também causar sequelas irreversíveis

Foto: Reprodução/MS

Boletim epidemiológico divulgado, nesta quarta-feira (31), pela Prefeitura de Itabira, dá a exata dimensão da gravidade da epidemia que a cidade vive, assim como ocorre em todo o país, com maior número de casos em Minas Gerais, causada pela proliferação por todos os bairros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e de outras arboviroses como chikungunya, zika, febre amarela.

Já são 4.674 casos notificados, fora os acometimentos de pessoas que não recorreram ao serviço público ou particular de saúde, o que eleva esse número a um patamar ainda maior. Desses, 3.122 estão em investigação, com registro de 1.552 casos positivos confirmados e 28 pacientes internados nos hospitais da cidade.

Além das dores e sofrimentos causados pela dengue clássica e hemorrágica, não raro causando sequelas irreversíveis, a doença pode também levar ao óbito. Em Itabira, três mortes estão sob investigação.

Para combater a epidemia, a Prefeitura de Itabira decretou, em 20 de julho do ano passado situação de emergência no município, prorrogado em 8 de janeiro, por meio do decreto nº 4.242, motivado pelo alto índice de infestação provocado pelo Aedes aegypti em todos os bairros da cidade.

E implantou novo ambulatório no Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC) exclusivo para casos de dengue e outras arboviroses, além de um contêiner de atendimento prioritário ao lado do Pronto-Socorro Municipal.

O ambulatório no HMCC começou a funcionar na quinta-feira (25), aberto todos os dias da semana, das 10h às 22h. Atende pacientes classificados como sendo do grupo B, encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo Pronto-Socorro Municipal de Itabira (PSMI).

São doentes sem sinais de alerta ou de gravidade, mas que apresentem sangramento espontâneo ou induzido, além de condições especiais de saúde ou comorbidades,

O tratamento é realizado por meio de hidratação venosa e oral, além de medicação para aliviar os sintomas da dengue e realização de exames.

Mutirão de limpeza

Lotes com entulhos são ameaças à saúde da população. Proprietários foram notificados e podem ser multados caso não tomem providências retirando esse material (Foto: Ascom/PMI)

Diante desse estado de emergência em saúde, não só a Prefeitura, mas também toda a população precisa fazer a sua parte, que consiste basicamente em eliminar focos dos mosquitos que proliferam com mais força nesse período de chuvas e clima quente.

Se o quadro epidemiológico já está grave nesse início de ano, pode piorar ainda mais, se a população não fizer a sua parte, nos meses de fevereiro e março, que registraram maior número de casos nos anos anteriores.

Com a situação de emergência, a Prefeitura contratou mais 40 agentes de combate ao mosquito – e tem realizado limpezas nas áreas públicas, a exemplo do que fez no cemitério do Cruzeiro, que estava tomado por matagal e água parada no sepulcro das irmãs do Colégio Nossa Senhora das Dores.

Além disso, proprietários que deixam lotes vagos com mato e entulhos estão sendo notificados e serão multados. Isso caso não tomem as providências urgentes que a situação epidemiológica requer no município, estado e país.

A Secretaria Municipal de Saúde solicita à população que informe sobre os locais onde há focos do mosquito por meio do Disque Dengue: 3839-2600 ou 3839-2643.

Cemitério do Cruzeiro teve limpeza com corte de mato, eliminação de água parada, inclusive no mausoléu das irmãs do CNSD. Em abril, com o fim das chuvas, nova capina e limpeza precisam ser feitas novamente no local (Foto: Carlos Cruz)

Saiba mais

O primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (Liraa) do ano, realizado entre os dias 15 e 19 de janeiro e divulgado nessa quinta-feira (25), sinaliza para uma situação bastante grave em Itabira.

O Índice de Infestação Predial (IIP) é de 12,8%, o maior já registrado na cidade desde que o levantamento começou a ser realizado. Para o Ministério da Saúde (MS), índices superiores a 4% representam alto risco de surto de contaminação pelas arboviroses.

A pesquisa foi realizada em 1.757 imóveis da área urbana. O levantamento também apontou que mais de 80% dos focos estão nos domicílios e em seus entornos.

A porcentagem de criadouros com maior incidência de focos são: 39% em recipientes plásticos, garrafas e latas; 33,4% em recipientes móveis (bebedouros e vasos de plantas); 9,1% em pneus; 8,4% em depósitos fixos (ralos e tanques) e 5,9% em depósitos em nível do solo (caixas d’água e tambores).

Como se proteger

Algumas medidas simples ajudam no combate como tampar tonéis e caixas d’água, manter as calhas sempre limpas, deixar garrafas sempre viradas com a boca para baixo, lixeiras bem tampadas, ralos limpos e com aplicação de tela.

Outras medidas necessárias e práticas no combate ao mosquito no nascedouro consiste em limpar semanalmente ou preencher pratos de vasos de plantas com areia, limpar com escova ou bucha os potes de água para animais e retirar a água acumulada atrás da máquina de lavar e da geladeira.

No cair da tarde, a recomendação é vestir uma roupa que cubra as pernas, inclusive com uso de meias, pois é nesse horário que o mosquito ataca em seus voos rasantes.

Como o Aedes aegypti costuma voar baixo, a 1,20 metro de altura, acaba por picar mais do joelho até os pés. Mas pode atacar também outras partes do corpo descobertas, daí que é importante também usar repelentes, principalmente no fim da tarde.

São atitudes práticas, urgentes e necessárias que todos devem adotar para o município – e o país – vencer mais essa crise epidêmica.

Sintomas da dengue

De acordo com o Ministério da Saúde, além de casos assintomáticos, os sintomas mais comuns para a dengue clássica e hemorrágica podem variar de pessoa para pessoa. Os mais comuns são:

Dengue clássica

  • Febre alta (acima de 38°C)
  • Dor de cabeça
  • Dor atrás dos olhos
  • Dor muscular e nas articulações
  • Perda do apetite
  • Fraqueza e cansaço
  • Náuseas e vômitos
  • Manchas vermelhas no corpo

Dengue hemorrágica

  • Dor abdominal forte e persistente
  • Vômitos persistentes
  • Pele úmida, pálida, fria – sinais clínicos de má perfusão dos tecidos
  • Sangramento pelo nariz, boca ou gengivas
  • Pontos vermelhos na pele
  • Sonolência
  • Agitação psicomotora e confusão mental
  • Sede excessiva – sinais de desidratação
  • Frequência cardíaca elevada
  • Hipotensão arterial
  • Dificuldade respiratória
  • Coma

No caso de se ter alguns desses sintomas, é importante procurar atendimento médico imediatamente. Não se automedique.

Para saber mais, acesse:

Dengue: conheça os principais sintomas e saiba como se proteger do vírus — Ministério da Saúde (www.gov.br)

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1 Comentário

  1. “Quando a moça da dengue veio aqui eu falei q onde tem a obra da quadra na esquina (da prefeitura), tava cheia agua parada. Eu fui na padaria e parecia África lá. Dava pra ver mil mosquitos!
    Ela falou, “estamos sem o remédio mas vou anotar aqui”.

    Esta é uma mensagem que recebi de uma prima que acabou de pegar chicungunha e só isto já bastava para os senhores Secretário de Saúde e Prefeito Municipal serem chamados ao Ministério Público para dar explicações sérias a respeito deste descuidado com a coisa e espaço públicos.

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