Itabira repudia a violência contra a mulher em três atos públicos distintos, culminando com a manifestação da OAB nesta segunda-feira

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Foram manifestações organizadas por entidades diferentes, mas todas tendo o mesmo objetivo: repudiar com veemência as diferentes formas de violência cometidas contra a mulher, o que tem sido recorrente no país. Em Itabira, infelizmente, não tem sido diferente, inclusive com registros de feminicídios.

A primeira manifestação teve como palavra de ordem Mulheres Viva, com passeata no sábado (6) pelo fim da violência contra a mulher. A manifestação teve concentração na Feira Livre, na Esplanada da Estação, desceu pela rua Salvino Pascoal, seguindo pela avenida João Pinheiro até a praça Acrísio de Alvarenga.

Rayssa Aparecida Ferreira Araújo foi brutalmente assassinada pelo ex-namorado

O ato público fez homenagem póstuma à jovem itabirana Rayssa Aparecida Ferreira Araújo, 18 anos, encontrada morta na manhã de uma quarta-feira (13/7), em uma estrada de terra próxima à rodovia MGC-120, no Bairro Praia. O suspeito do crime é o namorado da vítima, que a teria matado com extrema violência.

Poderia ter lembrado também o assassinato da adolescente Natiele, 14 anos, assassinada por asfixia numa noite de sábado, em 9 de novembro de 2019, no pacato povoado da Serra dos Alves, distrito de Senhora do Carmo, em Itabira.

O autor do feminicídio foi André Rosa dos Santos, 32 anos, preso em flagrante depois de confessar o feminicídio.

O corpo da menor só foi encontrado no domingo, por volta de 17h, em um córrego próximo de uma pousada, cujo circuito de monitoramento registrou a passagem da vítima seguindo o autor em direção à sua residência.

Leia mais aqui:

A sangue frio, réu confessa feminicídio na Serra dos Alves

Bárbara Vitória foi encontrada morta com sinais de violência sexual em Ribeirão das Neves

Outro caso de feminicídio recente chocou Minas Gerais com o assassinato da adolescente Bárbara Vitória, 10 anos, desaparecida após sair de casa para comprar pão em uma padaria.

O seu corpo foi encontrado em um campo de futebol, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, com sinais de violência sexual.

Mulheres Negras

A Prefeitura de Itabira, por meio da Secretaria de Ação Social e da Diretoria de Promoção da Igualdade Racial promoveu ato público no domingo (7), no Espaço Multiuso Etelvino Avelar, na Esplanada da Estação, lembrando os 16 anos da aprovação da Lei Maria da Penha – e também o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.

No ato foi lembrado os casos de violência tendo como vítimas mulheres do município de Itabira, no estado e no país.

Mulheres itabiranas debateram formas de coibir a violência e os crimes de feminicídio, tornando mais efetiva a Lei Maria da Penha

Lei Maria da Penha

Já nesta segunda-feira (8) a manifestação foi organizada pela 52ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Itabira), em ato público que recebeu o nome Eu luto pela Vida! Todos no enfrentamento à violência contra as mulheres, percorrendo a avenida João Pinheiro em passeata.

Por meio do que chamou de Varal da Vergonha, foram expostas roupas manchadas de sangue para lembrar a violência contra a mulher, também ressaltando a importância da Lei Maria da Penha para que não impere a impunidade.

Varal da Vergonha: pelo fim da impunidade, diga não à violência contra a mulher

Durante a manifestação foi distribuída cartilha com o título Em uma relação abusiva, você se machuca antes mesmo de apanhar, com informações que ajudam a identificar as principais formas de abuso – e também a importância de promover denúncias de casos de violência que podem resultar em feminicídio.

Conforme lembrou a presidente da OAB Itabira, Patrícia de Freitas, a Lei Federal 11.340, conhecida como “Maria da Penha”, criou mecanismos de enfrentamento e punição de crimes contra as mulheres.

Entretanto, segundo ela, embora tenha representado avanço nos últimos anos, ainda há muito que avançar para garantir segurança às mulheres vítimas de violência.

“Precisamos avançar nas punições”, disse ela, lembrando que muitos casos permanecem ainda impunes. “Temos alguns mecanismos que estão funcionando, como as medidas protetivas, que afastam os criminosos das mulheres abusadas e agredidas, assim como a possibilidade de outras pessoas denunciarem as agressões”, lembrou, mesmo que não sejam as vítimas.

A advogada Juliana Drummond, que integra a Comissão Estadual de Enfrentamento a Violência Doméstica e Familiar da OAB/MG, considera alarmante o aumento dos casos de violência contra a mulher em todo o país.

Segundo ela, a grande dificuldade para o enfrentamento desse tipo de agressão é a falta de denúncias, por medo ou por dependência financeira e até mesmo por causa dos filhos.

“Minas Gerais liderou o ranking de feminicídio no Brasil em 2021, com aumento de 40% dos casos”, ela acentuou, ressaltando que isso foi também decorrente do isolamento causado pela pandemia da Covid-19. E pelo sentimento de impunidade, acrescente-se.

A advogada acentuou que muitas mulheres começam a perder o medo de denunciar os agressores. “Estão rompendo as barreiras para falar sobre a violência contra a mulher, que sempre existiu, mas era mascarada.”

 

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