Islândia: como concluir paridades

A primeira-ministra islandesa, Katrin Jakobsdottir (Reprodução/Tom Little)

 Veladimir Romano

Mexidas relevantes na política e o palco europeu mudando posições quer parlamentares ou locais, nem surpresas podemos considerar quando as coisas são do jeito repetitivo alternância no poder do agora governo eu, da próxima, governas tu.

Se acaso novidades mais elementares cobriram algum ar fresco, é sem discussão, a Islândia [terra gelada], igualmente cumprindo seu calendário eleitoral escolhendo novos parlamentares.

Muito baseado em lutas favorecendo políticas ambientais e outros cuidados sociais, se manteve o debate da paridade masculina/feminina em todos quantos setores da vida humana na Islândia.

Entretanto, fica esse calcado debulho político de poucos efeitos e, quando reparamos, apenas o pariato intencional reclina esta vontade enquanto pouco se recomenda em outras altitudes.

Com suas diferenças específicas, no mundo, apenas cinco parlamentos acomodam pelo legítimo direito eleitoral, situações onde o elemento parlamentar feminino, ocupa metade dos lugares.

Ruanda, lidera a posição universal com 61,3% são mulheres; seguindo Cuba com 53,4%, depois Nicarágua, México e Emirados Árabes Unidos, esses três últimos entre 51,2% e 50%, tendo Suécia 47% e agora Islândia saindo das últimas eleições com extraordinário aumento das cadeiras parlamentares com o máximo de 54% de assentos femininos.

Passou a Islândia para a frente servindo de exemplo e será agora o parlamento na Europa com maior número de mulheres numa pródiga última semana de setembro saudando a paridade, subindo o poder feminino ao escalão mais evoluído da política mundial.

Depois da recente escolha legislativa islandesa, a nação do gelo e dos vulcões, acaba de oferecer aos restantes parceiros europeus o seu primeiro aumento saudável, embora sempre discutível nas urnas onde a Democracia se manifesta.

Leque curioso mas realista dentro daquilo que o povo quis ou, paulatinamente uma mudança dos assentos parlamentares [Althing=Parlamento], de 63 deputados [Islândia não atinge a população de Roraima], elevando as mulheres desde as anteriores escolhas eleitorais, de 24 para 33 parlamentares femininas quando os masculinos são 30, em minoria.

E governo tem à frente a primeira-ministra Katrin Jakobsdóttir, do Movimento Esquerda-Verde [Vinstrilhreyfingin-Graent Framboô, partido bastante estimado no país com mais de 340 mil habitantes e uma média de votação-participante entre os 75% e 86%]. O país vive de alianças e coligações, não sendo novidade, sabendo como equilibrar politicamente suas diferenças, ganhando todos no final.

Depois do triste espetáculo que foram os processos bancários entre 2007/9, quando as agências e bancos norte-americanos arrastaram pela colateral outras nações, a Islândia igualmente viveu seu momento dramático mas que rapidamente as autoridades, movimentos populares e cívicos, como uma outra classe política fizeram emergir, defendendo a dignidade da nação vikingue.

A terra glaciar conclui com êxito encontrando em tempo recorde soluções inspiradoras, importantes, trazendo ao cimo qualidades raras e ações acrescidas sem descaso aos prevaricadores imediatamente presos, julgados e afastados do sistema.

Com muita naturalidade interpretando dinâmicas contra emblemáticas prefigurações expressas pelos golpistas, imagens foram mantidas não deixando as diferenças marcantes desta tipificação na qual segmentos femininos apareceram lutando na linha frontal, em contraste certo, também foi marcado combate contra um certo machismo ainda persistente na sociedade escandinava.

O radicalismo das camadas persistentes, ocasiões prepotentes, indiferentes, mas aos poucos perdendo território. Abanando o sistema primitivo da questão do gênero, a Islândia deu um largo passo conseguindo criar entusiasmo servindo de modelo consistente combatendo o contraditório dos setores sociais, políticos, mesmo partidários.

O espaço social, empresarial, de liderança, político e laboral, entre outras aparências, não podem continuar sendo reféns do individualismo como equação continuada aos timbres injustificados da excentricidade masculina, quando a escalada do mundo feminino ao poder já é uma realidade institucionalizada [abertamente] e, não sendo aparência nem particularidade casual, antes civilizada partilha… a Islândia, chegou para ficar.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano

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