Infraestrutura hospitalar será ampliada em Itabira, mas pode ser insuficiente sem isolamento social

Também em pronunciamento pela rede social, o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) reforça a necessidade de a população prosseguir em isolamento social, que é a estratégia recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o mundo enfrentar a pandemia com menos mortes.

Para isso é preciso que o município tenha condições para atender na rede de saúde os casos mais graves,  que fatalmente irão surgir em escala maior, a tempo de salvar vidas. Não é o caso da maioria dos municípios brasileiros.

Itabira, segundo informa o prefeito, atualmente dispõe de 34 leitos nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), sendo que 11 estão no Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC), que atende 100% pacientes SUS.

Ronaldo Magalhães promete aumentar o número de leitos nas UTIs do Carlos Chagas e Nossa Senhora das Dores

E mais 23 leitos na UTI do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), com disponibilidade de 60% para o atendimento público.

O restante é destinado aos pacientes particulares e dos planos de saúde, embora essa discriminação, por certo, deixa de existir com a pandemia.

Nessa hora, todos são pacientes SUS, que é universal – e que não foi de todo desmantelado por esse desgoverno do tresloucado presidente Bolsonaro.

Ronaldo Magalhães promete ampliar o número de leitos nos hospitais da cidade. “Estamos trabalhando para ter mais 114 leitos”, diz o prefeito.

Segundo ele, com essa ampliação, “Itabira passaria a dispor de 148 leitos clínicos exclusivos para atender pacientes com coronavírus e 48 nas UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo)”.

Será esse número suficiente para atender uma população da microrregião, com mais de 220 mil habitantes? Vai depender da demanda, se for crescente e de uma só fez, certamente que não. Daí a necessidade de manter o isolamento social.

Demanda crescente

De acordo com a OMS, para um atendimento adequado e em tempo hábil, são necessários, no mínimo, 10 leitos nas UTIs para um grupo de 10 mil habitantes. Mas com a pandemia global, na prática, essa demanda subiu para 2,4 leitos para o mesmo grupo de moradores.

Significa que Itabira, mesmo com o acréscimo anunciado pelo prefeito, no caso de um grande número de pessoas ser infectada e precisar de atendimento ao mesmo tempo, não haveria número de leitos suficiente nas UTIs. É preciso, portanto, repetir à exaustão que manter o isolamento social continua sendo imprescindível.

As condições de atendimento, que em Itabira ainda são relativamente adequadas, podem agravar se levar em conta que a maioria dos pequenos municípios da macrorregião de abrangência da Gerência Regional de Saúde de Itabira (GRS-Itabira), com cerca de 500 mil habitantes, não dispõe de infraestrutura hospitalar, menos ainda de leitos em UTIs.

Com o avanço da pandemia ocorrendo em curto espaço de tempo, caso ocorra o fim do isolamento social, como quer o tresloucado ocupante do Palácio do Planalto, a tendência é dos pacientes infectados da macrorregião de abrangência da GRS-Itabira também serem encaminhados para tratamento nos hospitais do município.

Apenas com os recursos municipais, não haverá condições de atender a todos – e aí seria o caos anunciado na saúde pública. Daí a necessidade de os governos federal e estadual aportarem mais recursos aos municípios polos em saúde, como é o caso de Itabira.

E que grandes empresas, como a Vale, participem com aportes vultosos de recursos para aumentar o número de leitos e de equipamentos necessários, com respiradores mecânicos. Essa participação deve ser cobrada também dos planos de saúde, como a Unimed e o Pasa.

Negociações nesse sentido já estão sendo realizadas em Itabira. Isso deve ser parte da ajuda humanitária e urgente nessa hora em que a pandemia do coronavírus se torna a grande ameaça à vida humana no planeta.

Crise econômica se resolve com melhor distribuição de renda e taxação das grandes fortunas

Para que a maioria da população não passe necessidade, inclusive fome, com o afastamento do emprego e do trabalho informal, cabe ao governo federal fazer a sua parte.

Para isso precisa assegurar renda mínima aos hipossuficientes (trabalhadores autônomos, desempregados), além de prorrogar dívidas e abrir linhas de crédito subsidiadas aos micro e pequenos empresários, ao invés de ficar incitando a população a romper com o isolamento social – uma atitude irresponsável e criminosa.

Para obter recursos, que o governo federal taxe sobremaneira as grandes fortunas, como Robin Hood, tirando dos ricos para socorrer os que hoje padecem com a falta de salários e rendimentos.

No Brasil, 1% da população mais rica concentra 28,3% da riqueza nacional – é o segundo país no quesito, só perde para o Catar, com 29%.

Além disso, 10% da população brasileira mais rica concentram 41% da renda total, enquanto 50% têm renda mensal de R$ 820, abaixo do salário mínimo, segundo o IBGE.

Para aumentar a arrecadação, outra medida apontada por vários economistas, seria cobrar imposto de renda sobre a distribuição de dividendos aos acionistas, o que, diferentemente do que ocorre com os assalariados, que têm desconto na fonte, são isentos do tributo.

Mas isso, dificilmente o governo Bolsonaro irá fazer. Prefere incitar o povo a quebrar o isolamento social imposto pelos governadores, na falácia de salvar a economia nacional.

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