Influenza A avança e já é a principal causa de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave no Brasil

Hospitais de Itabira enfrentam uma alta taxa de ocupação nos leitos infantis e já estão operando próximo ao limite. O Pronto-Socorro Municipal também está sobrecarregado

Foto: Carlos Cruz

O Brasil enfrenta um aumento alarmante nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), impulsionado pelo avanço do vírus influenza A

De acordo com o boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em 22 de maio, 20 das 27 unidades federativas estão em nível de alerta, risco ou alto risco para a doença, com tendência de crescimento no longo prazo.

A enfermidade já supera a Covid-19 como principal causa de óbitos por Srag entre idosos e está entre as três principais razões de mortes infantis.

Entre os estados mais afetados pelo avanço dos vírus respiratórios estão Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

O aumento dos casos pressiona o sistema de saúde, especialmente com o crescimento das internações pediátricas e de idosos.

Desde o início de 2025, o país já registrou 56.749 casos de Srag, sendo 46,5% deles associados a vírus respiratórios. Entre os casos confirmados, 15,3% são de influenza A, 42,7% de vírus sincicial respiratório (VSR), 16,1% de Covid-19 e 25,8% de rinovírus.

Estados mais afetados

A situação é particularmente grave em estados como Rio de Janeiro, onde a pressão sobre a rede pública já levou à abertura de novos leitos pediátricos.

No estado, 4.492 hospitalizações por Srag foram registradas em 2025, com um crescimento mês a mês: 781 casos em janeiro, 822 em fevereiro, 1.030 em março, 1.572 em abril e 737 apenas nas duas primeiras semanas de maio.

Além da influenza A, o VSR segue em alta, contribuindo para o aumento das internações pediátricas.

Em Minas Gerais, o agravamento da crise levou o governo estadual a decretar emergência em saúde pública, válida por 180 dias, para enfrentar o aumento dos casos de Srag e outras doenças respiratórias.

Belo Horizonte, Betim, Contagem, Conselheiro Lafaiete, Itabira, Pedro Leopoldo e Santa Luzia estão entre os municípios que também decretaram emergência devido à sobrecarga hospitalar.

A capital mineira já registrou 141 mortes por Srag e mais de 7.000 solicitações de internação por doenças respiratórias desde o início do ano.

Em Uberaba, referência em saúde na macrorregião do Triângulo Sul, a prefeitura adotou medidas preventivas para ampliar a capacidade de resposta do município diante da piora do cenário.

Já em Itabira, o impacto é ainda maior na pediatria, com elevada ocupação dos leitos infantis nas unidades de saúde. O Pronto-Socorro Municipal enfrenta superlotação, com mais de 12 mil atendimentos realizados nos últimos 45 dias.

Diante da gravidade da situação, a prefeitura decretou emergência em saúde pública por 180 dias, permitindo a adoção de medidas administrativas e assistenciais para ampliar o atendimento e estruturar a capacidade física das unidades de saúde.

O decreto prevê a expansão de leitos, a ampliação da carga horária dos profissionais da saúde, o aumento do horário de atendimento nas unidades e a contratação temporária de mais médicos e enfermeiros.

Estratégias de proteção

Diante desse cenário, especialistas reforçam a importância da vacinação contra gripe e Covid-19, considerada a principal forma de prevenção. A imunização pode reduzir em até 60% os casos graves e óbitos relacionados à gripe.

Além da vacinação, outras estratégias eficazes incluem o uso de máscaras em locais fechados e em situações de aglomeração, especialmente para pessoas com sintomas respiratórios, a higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool em gel.

Evitar contato próximo com pessoas infectadas é outra recomendação, além de manter ambientes bem ventilados, diagnóstico precoce e tratamento adequado, incluindo o uso de antivirais nas primeiras 24 a 48 horas após o início dos sintomas.

Para conter mais essa crise sanitária, é essencial que os governos fortaleçam a rede hospitalar, ampliando a oferta de leitos e investindo em recursos para garantir atendimento adequado a crianças e idosos, os grupos mais vulneráveis às complicações respiratórias.

Além disso, a conscientização da população sobre medidas de proteção, como a imunização, deve ser intensificada, acompanhada pelo fortalecimento das políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle da disseminação dos vírus.

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