Incólume
Marina Procópio de Oliveira*
Estou seca.
De dentro de mim já
não verte o sangue
que alimentava os vampiros.
Caminho entre sua
gente e não sou mais vista.
Espectro do que fui,
falta-me cor aos lábios,
volúpia na carne,
brilho nos olhos.
Perambulo, morta-viva,
esperando que o sol
me consuma a pele.
Estarei livre, finalmente?
Quebrarei todos os espelhos
ou em desespero buscarei
meu reflexo desfeito?
Não;
monstro poderoso,
nenhuma estaca jamais encontrará
meu coração.
Não se morre de amor
aos cinquenta.
*Marina Procópio de Oliveira é poeta e escritora itabirana. Reside em Belo Horizonte
Ilustração: Maria Seruya