Incêndio florestal em Serra dos Alves é provocado por raio e alerta para o risco de caminhar em campo aberto com chuva

Fotos: Reprodução/
Instituto Bromélia

O tempo fechou e armou para chuva na tarde de sábado (18) na Serra dos Alves, mas ficou só no entorno, circundando, enquanto raios caiam próximos, como é comum antes de São Pedro enviar a água que armazenou, para liberar com atraso nesta época do ano, já com a terra castigada pela estiagem prolongada e com a onda de calor como nunca antes ocorrida.

Chuva boa prazenteira era o que todos aguardavam e festejavam no povoado. Isso até que, por volta de 15h30, uma dessas perigosas descargas elétricas atingiu o mato seco na interseção entre o cume rochoso do Morro do Mirante e o início da mata nativa logo abaixo.

Em pouco tempo o fogo foi se alastrando, no início pequeno, parecia até que não seguiria em frente, pela vegetação rala onde o raio caiu e pela mata ainda verde.

Mas com o mato rasteiro seco as chamas logo se espalharam, provando que o fogo alastra também ladeira abaixo, desmentindo o dito popular.

Brigadistas enfrentaram as chamas já no entardecer de sábado, buscando impedir que o fogo ganhase força com o vento e mato seco mato adentro

Com poucos brigadistas voluntários locais e recursos escassos, não houve como combater o fogo no início, também pela dificuldade de acesso ao local onde o incêndio florestal teve início com o raio fulminante.

Restava contar com a chuva que ainda rondava o povoado, mas quis a natureza que só chegasse, mesmo assim ralinha, na madrugada de domingo.

Com a força do vento, rapididamente o fogo se alastrou, transformando-se em um grande incêndio florestal, queimando florestas, espantando a avifauna assustada.

Não foi encontrado animal silvestre morto pelas chamas, pelo menos em uma primeira avaliação do Instituto Bromélia, que gerencia o Parque Municipal Alto do Rio Tanque.

O fogo começou pequeno com um raio, mas virou um grande incêndio florestal e atravessou a noite de domingo

Força-tarefa

O sinistro só foi debelado no domingo à tarde, depois de uma longa batalha que contou com a participação de voluntários locais, brigadistas dos parques do Limoeiro e da Serra do Cipó.

“Foi providencial a participação dos bombeiros e os sobrevoos de um avião de combate a incêndios florestais. Ajudou também a chuva que caiu mesmo fininha por pouco tempo”, enumera o analista ambiental do Instituto Bromélia, Filipe Moura como se organizou a força-tarefa para debelar o incêndio.

Sem esse apoio, ele diz, os estragos teriam sido maiores, com o risco de o fogo atingir a mata ciliar em volta das nascentes d’água que abastecem o povoado.

São as mesmas que o Saae quer substituir por poços artesianos, mesmo com a discordância de muitos moradores, para resolver a situação de desabastecimento que atinge o povoado quando há forte demanda na estiagem.

Combate dos voluntários, brigadistas e bombeiros foi intenso mesmo durante a noite em meio à mata castigada pelo fogo

Danos ambientais

Os prejuizos ambientais ainda estão sendo avaliados. Mas já se sabe que. mesmo com o empenho de voluntários brigadistas locais e da AMDA, apoio do ICMBio, IEF, bombeiros Militar e da Vale, o incêndio florestal atingiu cerca de 40 hectares de floresta nativa, equivalentes a um igual número de campos de futebol.

“Por sorte, o fogo queimou as bordas mas sem atingir a mata em volta das nascentes que abastecem Serra dos Alves”, conta Filipe Moura, ressaltando que ainda se trata de uma avaliação preliminar, envolvido que ele ainda estava no rescaldo do que do que restava do incêndio florestal na manhã desta segunda-feira (21).

Sinal de alerta

O experiente guia Geraldo Raul não recomenda travessias nesta época do ano. Diz que é preciso também evitar caminhadas em campo aberto com chuva e raios (Foto: Reprodução/Rede Social)

Com a profusão de raios nesta época do ano, o experiente guia Geraldo Raul, proprietário da  Arredaí Aventuras, chama a atenção para o risco de se fazer trekking pelo alto da serra, ou mesmo pequenas caminhadas em campo aberto, nesta época do ano com as chuvas que virão e raios. “O risco é grande, não recomendo.”

Segundo ele, só em fevereiro volta a aceitar serviço de guia para levar turistas que queiram conhecer os exuberantes mirantes das serras dos Linhares e dos Borges.

São alguns dos muitos atrativos da Serra dos Alves para o turista, que que pode também seguir pela travessia entre as serras dos Alves e do Cipó, via Alto Palácio.

“É uma travessia com uma paisagem deslumbrante, com muitas cachoeiras, cânions, mas que só recomendo para fevereiro em diante, quando ainda chove, mas sem muitos raios. Fora deste período de chuvas que estamos entrando, é uma caminhada bem tranquila”, convida o guia Geraldo Raul, que atuou como brigadista voluntário no combate ao incêndio deste fim de semana em Serra dos Alves.

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