Impulsos e tentáculos sobre a Rússia, o velho inimigo que não verga
Veladimir Romano*
Muito se fala e escreve nos últimos tempos de fake news ou notícias falsas desde a entrada de Donald Trump nos meandros políticos, quando ele próprio se viu iluminado no espelho. Ora, fake news não é uma invenção dos tempos modernos nem presumida vidência pela borra do café, antes uma propagada estratégia dos seres humanos aplicando ou preparando golpes contra adversários.
Foi isso que o atual presidente dos EUA fez na sua jogada eleitoral; na ausência de conhecimento sobre a maioria das coisas obrigatórias saber, desorganizou informações, arrancou alusões, atrapalhando a vida dos jornalistas, tão bem como em outros tempos faziam certos líderes do Império Romano ou dos maias, incas, polinésios, tropas de Napoleão e, no mais recente dos nossos dias, o sistema Nazista e a contrainformação da luta entre Capitalismo e Socialismo.
Não é do presente, tem desde sempre, ao longo dos momentos mais históricos, forte tentação das nações ocidentais dominarem o vasto território russo; uma silenciosa gulodice das forças dominantes [financeiras] em permanente obsessiva estratégia dentro do jeito mais imperialista que se conhece, aprontando a desagregação da imensa geografia russa, desventrando minas, arrancando ouro, gás, petróleo, diamantes: recursos de alta qualidade e quantidade que andam fanatizando os donos da globalização.
Retirando antigas ocupações escandinavas, todas as outras invasões quer tártara, mongol, persa, chinesa, japonesa, otomana, napoleônica, húngara, prussiana ou até as provocadas pela operação nazi no famoso plano “Barbarossa”, de Hitler; depois da profunda e desordenada reforma da União Soviética, novamente planos norte-americanos desenvolvidos pelos serviços secretos, procuraram desorganizar a vida social russa, retirando partido dessa fraqueza usando políticos locais corruptos tentados com o poder, misturando crime organizado com a força do dinheiro entre outros bem conhecidos estratagemas da velha espionagem dos tempos da “Guerra Fria”, assumir a Rússia como mais uma vitória dos intentos ocidentais.
Gente como Boris Yeltsin, manipulado por organizações estranhas ao mundo russo, bem procuraram partes fracas do sistema e dos movimentos extremistas, minando ou procurando rachar a sociedade pelo meio. Contudo, os golpes não foram suficientes porque nem todo o mundo esteve ao jeito agradado dos falsos invasores; povo atento, politizado, instruído e bem esclarecido, não deixa qualquer jogo sujo dividir a Rússia.
O processo divisionista da Rússia, tem sido bem mais difícil comparado com as guerras sujas e desumanas provocadas pelo lado obscuro instalado nas forças ocidentais; daí que a mudança forçada na Ucrânia seria necessária como assim minar a Rússia de fora ou pelo lado colateral da sua fronteira em particular, exterminar a base militar russa na Crimea, ocupando de vez uma posição privilegiada para tropas da camarilha ocidental.
O histerismo e a ganância dos grupos de interesse a Ocidente em provocar sérias cisões terminais na Rússia; com espanto, manifestam igualmente pelo lado de quem vai preparando tentáculos destruidores, uma grossa ignorância sobre a história do imenso país onde o povo resistente, tem passado pelas provas de muita luta, sofrimento, limitações de várias ordens, sujeito a humilhações e detrimento provocado pelos países que não sendo menos imperialistas, são seguramente fanáticos da ignorância perante o profundo amanhecer cultural dos eslavos, quais descendentes são a maioria dos russos.
Sendo no passado a Inglaterra, Espanha e França, países mais imperialistas do mundo e nos tempos mais modernos, os EUA; no entanto, vivendo dominados pelas suas únicas hipocrisias, alimentam desavergonhadamente grandes fantasias que nunca irão acontecer como fracionar o território russo, favorecendo ambições algozes do sistema capitalista, tanto quanto nações ocidentais provocando sanções desde março de 2014, apenas geraram impactos negativos a nível geral.
Pouco se esclarece sobre a verdadeira questão da Crimea e o seu lastro histórico, mas antes, a posição singular pela virtude estratégica deste território poder servir de piso supremo para forças militares da OTAN/NATO. Se diga, ponto culminante, terrivelmente ameaçador para a Rússia, caso norte-americanos ali colocassem seus mísseis nucleares. Sinceramente, ninguém de bom senso poderá aceitar uma ousadia destrutiva, caracterizada de chantagem e provocações nas barbas de outro país. Daí que sanções como pano de fundo de uma vingança, tenham alimentado fantasias dos tais impulsos ocidentais.
Quando em 2015 as Nações Unidas fizeram estudo sobre este impacto, depararam que doze meses depois, poucos efeitos práticos haviam causado danos na Rússia. Pelo contrário, quem foi perdendo mais com sanções, o mercado europeu e agora em 2017, se confirmou na economia de cada membro da União, perdendo a média mensal de 3.200 bilhões de euros nos ganhos de exportação; deteriorando empresas menores e debilitando suas economias. Na Finlândia, estudo do Instituto das Reservas Naturais [o LUKE], anunciou 40% de perdas nas exportações do país, até a toda poderosa companhia petrolífera multinacional norte-americana Exxon Mobil, se queixa do bilhão de dólares/anual perdidos desde a causa sancionária colocada pelos EUA.
Desde 14 de março de 2014, com quatro anos de sanções sobre a Rússia, organizadora do próximo evento mundial de futebol, o país se moderniza, criou o trem russo de alta velocidade [Spasan, homenagem ao falcão peregrino] e, como resposta ao boicote dos cartões de crédito, criou seu próprio sistema, eliminando do mercado cartões americanos, perdendo estes cinco bilhões de dólares em lucros anuais. Segundo a norte-americana Bloomberg, as reservas do tesouro russo estão nos 90.7 bilhões de dólares. Aqui, as fake news ficaram na porta, pode haver apenas engano [mais outra ]por que os russos não contam para ninguém o que vai no cofre da nação.
Entretanto, algumas nações descobrindo o lado nefasto sobre suas economias provocado também pelas sanções, vão crescendo na oposição interna contra tamanha causa sem rei nem lei. Eslováquia, Bulgária, Hungria, Grécia, Áustria, Chipre, República Checa, Holanda e até ultimamente França e Alemanha; estão acreditando mais no ceticismo destas medidas do que no seu efeito contrário. O ministro da Economia alemã, Sigmar Gabriel, acrescentou recentemente que a crise ucraniana deveria antes ser “…resolvida pelo diálogo diplomático e não tanto pela economia”.
Não tardou da Suíça, o equivalente ministro Johann Schneider Ammann, reafirmando que do “Insensato, nada ou pouco de negativo resultou na Rússia…”; porém, no país dos relógios e das vacas leiteiras, as bolsas financeiras estão dando planos negativos com bastante destaque nos investimentos da Siemens, entre outras, já com impacto considerável no próprio mercado laboral suíço. Perdas, igualmente nas exportações do Canadá com 385 milhões de dólares/anual, vendas de legume e frutas; como também nos EUA com 972 milhões e a Austrália com 170 milhões de dólares, este último apenas na exportação da carne bovina.
Com a entrada do ano 2018, juntando sua voz nas demais; Itália, Luxemburgo, Portugal, Alemanha e Senado francês; pedem que as sanções sejam gradualmente eliminadas pelo que o mercado da União Europeia, perdendo 100 bilhões de euros anualmente [na Alemanha, mais de 30 mil trabalhadores depende do nível das exportações para a Rússia e assim manter seus postos laborais, é uma prioridade], já são múltiplas as quebras dessa união de sanções, quebrando o próprio galho pela raiz.
Desde restrições contra a Gazprom [empresa russa de energia, maior fornecedora de gás da Europa], quem mais sofreu foi tanto a Ucrânia, o mercado europeu e a economia na generalidade, bem ainda toda a produção agrícola, aeronáutica, produtos industriais domésticos, floricultura e turismo no geral mais no Ocidente. Na Rússia, apenas se desvalorizou a moeda [rublo entre 15 a 20%, sem fake news; mas com notícias falsas, estes, vão dando uma descida de 50%], 105 empresas se reinventaram e cinco bancos russos se reformaram, emigrando ao espaço territorial asiático, países vizinhos com economias crescentes. Perdendo a Crimea, alguns territórios na região Leste de maiorias russas ainda em conflito; a Ucrânia, ainda perdeu vantagens substanciais da Ciência Espacial, do gás natural, petróleo, entre outros benefícios e antigos acordos favoráveis com a Rússia.
Sumariamente: recapitulando a saga de sanções mal calculadas feita por gente fora do bom senso, será necessário lembrar que o pioneiro ser humano ensaiando futuro na conquista do Espaço, foi Yuri Gagarine, hoje não só orgulho da Rússia, mas de toda a Humanidade. Assim queiram algumas almas sinceras acreditar nas mais-valias dos russos e como valorizaram a condição humana.
De certo que a Síria, logo termine o malfadado conflito, será o lado mais avançado na nova estratégia econômica do Estado russo. Tão claro ficam acordos assinados durante o final de 2017, como os que estão sendo preparados numa nova geoestratégia ligada nos países do Oriente Médio [incluindo Arábia Saudita que sempre joga com paus de dois bicos], previsto fica como em nada a dureza afiada das famosas sanções, apenas foram dando vantagem a uma Rússia sem complexos, determinada como sempre, em nada remetida a seu pobre canto chorando mágoas dos ocidentais querendo quebrar sua coluna vertebral, fazendo da Rússia o mesmo gato sapato de tantas outras ocasiões algures no planeta.
Não fica surpresa para ninguém que espiões e altos graduados militares russos sejam seduzidos e comprados pelos dólares ocidentais como estratégia de quinto plano nessa persistência obsessiva ocidental de procurar buracos na imensa barreira russa. Mas ela nem assim quebra. E quem vai criando confusão acrescida é, exatamente depois e novamente, a classe dirigente com seus abutres financeiros instalados na sombra que não conseguindo coisa nada com velhas sanções, procuram desventrar com novos tentáculos, impulsionar assalto rendoso contra uma Rússia sacudindo água da chuva do seu capote felpudo. O incidente de Londres não é muito diferente dos espiões ocidentais que andam escondidos no México, na Holanda e Marrocos; como feito prisioneiros por conta própria ainda vive o jornalista Julian Assange na embaixada do Equador em Londres e Edward Snowden, protegido pelo governo russo.
Osso duro de roer, rachando o bico dos ocidentais, parece difícil de compreender aos países que só olham na Rússia o velho inimigo que não verga; postura tão resistente como nunca se encontram pontos débeis na bem resguardada nação que soube decifrar e valorizar seus 41 grupos étnicos, criando 35 regiões e um congresso dos povos regionais: Associação dos Povos Indígenas [RAIPON], uma conceituada forma social dando energia mecanizada robusta e temperada na personalidade dos antigos soviéticos, pela informação que nem ronda de perto as fake news, a Rússia, perante tentáculos impulsivos do mundo ocidental, vai trucidando o vil monte de sanções que deveriam envergonhar tanta pequenez política.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano, colaborador deste site Vila de Utopia
Tratando-se de território e suas riquezas, nós brasileiros nos tornamos nuns desleixados e deixando qualquer um gringo tomar conta de tudo por cá.
Os portugueses que vieram para cá colonizar essa terra, foram mais ciosos no cuidado com o território que tinham e os que foram foram conquistando.
Veladimir, ótimo artigo, que terei de ler novamente pra ir a um artigo do prof Ruben Bauer que tb explica este novo quadro. A Russia é um sonho meu. Gosto do povo. Como chefe de Estado o Puttin é um bom exemplo entre os de Oropa, os eua-cia não há comentários. E acho (posso me perder) que Rússia e China podem destruir os eua-cia. E sem deixar poeira na cruel Alemanha.
É bom ter artigo sobre conjuntura internacional. A terceira guerra ou guerra da quarta geração (me explica esta quarta geração) está acontecendo e agora avoluma a vontade de vender armas, testar drones, violar sem ser visto.
Vc podia publicar sobre os conflitos na AL.