Greve dos professores estaduais prossegue até que os salários sejam pagos em dia
Professores e profissionais do ensino da rede estadual, em greve desde o dia 8 de março, fizeram uma manifestação nesta quinta-feira (21) pela manhã, com passeata saindo da pracinha do Pará, em frente à escola estadual Major Lage, até a praça Acrísio de Alvarenga, no centro.

O objetivo da manifestação, conforme salientou Vanderléia de Freitas, coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores no Ensino (SindUte/Itabira), foi dialogar com a sociedade itabirana no sentido de mostrar a realidade vivida pelos professores e profissionais da rede estadual de ensino. “A greve traz transtornos para as famílias, é ruim para os professores, para os alunos e para os pais, mas não temos outro caminho a seguir”, defende. “A nossa categoria é a que tem o menor salário no estado de Minas Gerais.”
Em Itabira, segundo ela, 70% dos professores das 12 escolas da rede estadual, com cerca de 12 mil alunos, estão em greve. “A nossa pauta de reivindicação é extensa. Inclui o pagamento do piso nacional do magistério, que é de pouco mais de R$ 2,7 mil. Hoje, estamos recebendo menos de R$ 1,95 mil mais um mísero abono salarial. Pimentel (Fernando, governador de Minas Gerais, do PT) prometeu que pagaria esse piso, porém não está cumprindo. Pagou em 2016 e depois parou de pagar”, conta.

Além disso, os profissionais de ensino reivindicam que os salários voltem a ser pagos integralmente até o quinto dia útil do mês. Hoje, além do atraso, o salário dos profissionais da educação está sendo parcelado e pago em datas diferentes de acordo com a faixa salarial.
“Pimentel disse que governar é fazer escolhas. Lamentavelmente escolheu pagar quem ganha maiores salários antes de pagar os professores”, protesta a líder sindical. “Ele (o governador) optou pagar primeiro quem trabalha na segurança e na saúde em detrimento dos professores”, lamenta a sindicalista.

“A nossa luta não é por conquista de direitos, mas uma questão de sobrevivência. Sem receber nossos salários é impossível trabalhar”, diz ela. “Tem professor pagando para ir trabalhar, uma vez que o vale transporte de R$ 36 é irrisório”, acrescenta.
“Sabemos que Pimentel recebeu o governo com um déficit enorme, mas isso não justifica o tratamento que ele tem dado aos professores. Enquanto os nossos salários, e também dos professores aposentados, não forem pagos em dia, não voltaremos às salas de aula”, assegura a sindicalista, que vê o movimento grevista crescer na cidade e em todo o estado.
Solidariedade

Em solidariedade aos professores em greve, a diretora aposentada da Emza, Aguida Diniz Pacheco, lembrou que a luta por melhores salários e condições de trabalho é antiga – e não pode parar. “Continuem lutando, pois estamos perdendo os nossos direitos. A educação é fundamental na vida de todos. Infelizmente, os governos não estão dando a importância que a educação merece.”

Zélia de Freitas, professora aposentada da escola Estadual Dona Eleonora Nunes Pereira, também participou da manifestação em solidariedade aos profissionais do ensino.
“Essa luta não é só pelo pagamento em dia, mas pela melhoria da qualidade do ensino no estado e no país”, considera. “O governo não valoriza o trabalho nas escolas. Se valorizasse, não estaria tratando tão mal o profissional da educação.”
Professora de Matemática na escola estadual Major Lage, Edna Azevedo chamou a atenção dos manifestantes para o risco de o Estado não ter mais recursos para pagar os profissionais de ensino que se aposentam.

“Anastasia (Antônio, ex-governador de Minas e senador pelo PSDB) mudou o modelo de gestão do Estado. Pegou os recursos do fundo de pensão dos professores e transferiu para o caixa comum do governo. Nesse fundo havia R$ 10,3 milhões, e o governo simplesmente desapareceu com R$ 4 milhões com a transferência”, denuncia.
“Quem entrar na carreira hoje não vai se aposentar e quem já se aposentou pode não ter o seu salário garantido no futuro, como já está acontecendo”, adverte a professora, preocupada com a situação que vive o povo brasileiro na atual conjuntura de sucessivas perdas de direitos sociais.