Governos de esquerda na América do Sul pode impulsionar reintegração do continente

Reunião de Cúpula do Mercosul, em 21 de julho, no Paraguai

Foto: MRE/Paraguai

Rafael Jasovich*

Os países sul-americanos parecem cada vez mais navegar na mesma direção. Em uma nova onda de esquerda, o continente começa a restabelecer laços há tempos desatados.

Durante a 60ª Cúpula do Mercosul, realizada em 21 de julho, no Paraguai, os chanceleres de Chile e Bolívia acordaram retomar o diálogo para normalizar a relação diplomática entre os países, rompida desde 1978 devido a uma disputa de acesso ao mar.

Paralelamente, com a eleição de Gustavo Petro à presidência da Colômbia, Bogotá e Caracas se reaproximaram após anos de tensões e conflitos políticos. Por meio de seus ministros das Relações Exteriores, os países concordaram em instituir uma agenda de trabalho para reatar a diplomacia.

A integração regional precisa ser entendida como política de Estado que se propõe a criar mecanismos para a articulação de interesses e compromissos entre os países.

Em um eventual novo governo Lula, aumenta muito a probabilidade de a região assistir a outras iniciativas de integração em um futuro próximo.

Petro estendeu o braço e o Maduro está disposto a conversar. É muito interessante, até porque, de fato, eles têm uma visão de mundo parecida.

Provavelmente veremos uma situação na qual a Colômbia deixará de condenar tanto as atitudes da Venezuela como assistimos no passado.

Dentro do atual contexto econômico, o Brasil pode reassumir o seu papel de liderança na América do Sul. O continente precisa de política em conjunto para superar a crise econômica, com o aumento generalizado dos preços de alimentos e combustíveis.

É preciso uma retomada da agenda de integração, via Unasul e Mercosul, propositalmente abandonada nos governos Temer e Bolsonaro.

Os avanços no sentido de cooperação são tangíveis e a probabilidade de superar a crise mundial dos países de América Latina é uma luz no horizonte.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.

 

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