Governo federal reconhece Vladimir Herzog, assassindo pela ditadura, como anistiado político post mortem
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Nessa terça-feira (18), o governo federal anunciou a anistia política post mortem de Vladimir Herzog, jornalista e diretor de Jornalismo da TV Cultura, assassinado nos porões da ditadura militar (1964-85).
Com isso, oficializou uma reparação histórica, assegurando uma indenização econômica mensal vitalícia para sua viúva, Clarice Herzog. A decisão, publicada no Diário Oficial pelo Ministério dos Direitos Humanos, é um importante marco no reconhecimento das violações cometidas durante o período autoritário no Brasil.
Herzog foi convocado em 1975 para depor sobre suas supostas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ele compareceu voluntariamente ao DOI-Codi, um dos mais temidos órgãos de repressão da ditadura militar, mas foi assassinado durante seu período de detenção.
Embora o regime tenha tentado encobrir o caso, alegando suicídio, laudos e investigações posteriores comprovaram que Herzog foi vítima de tortura, o que gerou indignação nacional e internacional.
Sua morte ocorreu durante os “anos de chumbo”, uma das fases mais brutais da ditadura, marcada por censura, torturas sistemáticas e assassinatos de opositores políticos, especialmente sob o vigor do Ato Institucional nº 5 (AI-5).
O caso de Herzog mobilizou manifestações amplas e uniu diversos setores da sociedade na luta contra o regime. A missa de sétimo dia em sua memória, na Catedral da Sé, foi um ato simbólico de resistência e marcou um dos momentos mais significativos da luta pela redemocratização.
Décadas após o ocorrido, o Estado brasileiro reconheceu oficialmente os crimes cometidos contra Herzog, corrigiu seu atestado de óbito e o declarou anistiado político. A reparação concedida agora pelo governo é resultado das décadas de esforços incansáveis de sua viúva, Clarice Herzog, na busca por justiça, verdade e memória.
O caso de Vladimir Herzog permanece como um símbolo poderoso da resistência contra a repressão e da importância de preservar a história para que os erros do passado não sejam repetidos.