Girafas que seriam exploradas em zoo do Rio fogem em busca de liberdade e morrem

Foto: Brenno Carvalho/ 
Agência O Globo

Jornal da ANDA – Dezoito girafas foram compradas pelo BioParque do Rio para serem exibidas, aprisionadas e exploradas como uma atração para visitantes. Os animais vinham de Joanesburgo, na África do Sul, e estavam em quarentena desde novembro no Portobello Safári, em Mangaratiba, litoral sul do Rio de Janeiro, onde seriam usadas para “pesquisas”.

No entanto, no dia 14 de dezembro, veterinários tentaram tirá-las do galpão onde estavam sendo mantidas para levá-las para o solário, mas seis girafas conseguiram fugir em busca de liberdade. Todas foram recuperadas e aprisionadas novamente, mas três delas não sobreviveram. A causa da morte não foi revelada ainda.

Na quarta-feira (19), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) acatou uma denúncia feita há seis dias pelo ambientalista Márcio Augelli. Segundo ele, os animais estavam sendo mantidos em um local pequeno, inadequado e sem higiene.

O especialista também pontuou que os animais selvagens não tinham acesso à luz do sol e não podiam se exercitar, o que caracteriza maus-tratos. A denúncia traz ainda depoimento de testemunhas que optaram por não se identificar, mas que confirmam que as girafas estão sendo mantidas em um local insalubre, repleto de fezes e urina.

“As informações que recebi dão conta de que a limpeza do espaço é precária: o piso virou uma lama composta de urina e fezes. O cheiro de amônia no galpão é forte e o risco de doenças devido à falta de higiene é alto. Os animais não saíram para pegar sol desde que chegaram. Se não tem nada errado, por que esses animais estão escondidos? O inciso II do artigo 3º do decreto federal 24.645 é claro ao dizer que acomodar animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz é caracterizado como maus-tratos”, disse Augelli ao Globo.

A reportagem do jornal O Globo afirma que não encontrou os índices de maus-tratos que são pontuados nas denúncias, mas a causa da morte continua sendo um “mistério”, segundo veterinário do BioParque, Ramiro Dias Neto.

“Elas foram resgatadas vivas. Esses animais selvagens, quando se estressam, têm muitas alterações metabólicas. Acredito que a causa tenha sido essa, mas só o laudo da necropsia vai poder confirmar. Eles estão sendo feitos por um laboratório independente e estão na iminência de serem entregues. Em seguida, os enviaremos ao Ibama”.

O biólogo e mestre em zoologia, Igor Morais alerta que a quantidade de animais de grande porte importadas pelo zoo chama atenção, pois no BioParque não há recintos adequados, com um tamanho mínimo de 900 metros, para abrigar 18 girafas.

“Não entendo o motivo da quarentena não estar sendo feita diretamente no solário. Causa estranheza a chegada dessas girafas, até porque elas exigem espaço e têm uma série de peculiaridades no manejo do cativeiro. Nos zoos brasileiros, não há programa de manejo para essas espécies, que são de fora. Então, onde está o interesse na conservação? Qual é o propósito de trazer esses animais?”, questionou o biólogo.

Segundo ele, desde 2019, há um projeto de lei tramitando no Congresso que visa a atualizar a legislação dos zoológicos no país. “Mas o projeto sofreu alterações e agora permite o comércio de animais dentro dos programas de conservação a nível nacional. Isso ocorreu, curiosamente, no mesmo momento em que houve essa importação”, estranhou.

Investigação

O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) afirma que vistoriou o empreendimento que abrigaria os animais antes da chegada das girafas e o considerou adequado. O órgão também afirma que analisará os laudos das autópsias dos três animais mortos.

O Ibama informou em nota que “está ciente da situação e vai apurar eventuais irregularidades cometidas pelo importador, que está sujeito às medidas corretivas e sanções previstas pelo Decreto 6514/2008”.

Nota da Redação do jornal da ANDA: zoológicos e outros locais que aprisionam animais devem ser completamente extintos. A vida em enclausuramento de animais selvagens servem para alertar a população mundial sobre a injustiça e crueldade escondida atrás de zoológicos e outros locais que mantém espécies em cativeiro apenas para divertimento humano.

É preciso clarear a consciência para entender e respeitar os direitos animais. Eles não são objetos para serem expostos e servirem ao prazer de seres humanos. As pessoas podem obter alguns minutos de entretenimento, mas para eles é uma vida inteira de exploração e abusos condenados pelo egoísmo humano.

 

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