Fossa ecológica é instalada em escola de São Sebastião e pode ser alternativa em pequenas propriedades rurais
Uma boa novidade no controle e tratamento de efluentes domésticos foi instalada na vizinha cidade de São Sebastião do Rio Preto. Trata-se da chamada Fossa Ecológica Tevap (Tanque de Evapotranspiração), inaugurada no dia 14 deste mês, na Escola Estadual Odilon Behrens – e que atenderá a 170 alunos e funcionários.
A informação é do extensionista agropecuário da Emater, Fábio Dias Pinheiro. Segundo ele, o tanque de evapotranspiração consiste em um sistema plantado, onde ocorre a decomposição anaeróbia da matéria orgânica, mineralização e absorção dos nutrientes e da água pelas raízes dos vegetais.
“Os nutrientes deixam o sistema incorporando-se a biomassa das plantas e a água é eliminada por evapotranspiração”, explica o extensionista da Emater.
Segundo ele, o tanque de evapotranspiração é muito simples de ser executado nas propriedades rurais, com eficiência já comprovada, em dimensões menores para atender até quatro pessoas.
Como construir
A fossa ecológica deve ser construída em ferro-cimento sobre uma trincheira aberta no solo, com fundo nivelado nas dimensões de 1 metro de profundidade, 2 metros de largura e entre 2 a 5 metros de comprimento.
Após isso, uma câmara formada pelo alinhamento de pneus usados é posicionada
longitudinalmente ao fundo do tanque, sem nenhum tipo de rejunte. A tubulação de entrada de esgoto é posicionada para dentro dessa câmara.
Ao seu redor é colocada uma camada de entulho cerâmico, cobrindo todo o fundo do tanque até a altura dos pneus.
Acima, devem ser colocadas camadas com as seguintes espessuras: 10 centímetros de brita e outros 10 centímetros de areia e 35 centímetros de solo.
Além disso, deve ser instalado um piezômetro (tubo de visita), feito
com tubo de PVC de 100 mm de diâmetro, com acesso ao túnel de pneus, que é para monitorar o nível de água na fossa.
Na superfície, deverão ser plantadas mudas de bananeira, distribuídas longitudinalmente ao centro do tanque. Outra planta importante para se fazer a evapotranspiração é a taioba, que deve ser cultivada em metade da área do tanque e beri na outra metade.
Orientação em relação ao sol
Como a evapotranspiração depende em grande parte da incidência de sol, o Tanque deve ser orientado no sentido leste-oeste e sem obstáculos, como árvores altas próximas ao tanque, tanto para não fazer sombra, como para permitir a ventilação.
Dimensionamento
Pela prática, observa-se que 2 m³ de tanque para cada morador é o suficiente para que o sistema funcione sem extravasamentos. A forma de dimensionamento da fossa é: largura de 2 metros e profundidade de 1metro. O comprimento é o que varia, sendo de 1 metro por morador da casa.
Técnicas de construção
Pode-se construir o tanque de diversas maneiras. Porém, experiências mostram que economicamente o método mais indicado de construção das paredes e do fundo é o ferrocimento. Isso permite que as paredes fiquem mais leves, levando menor quantidade de material.
O ferro-cimento é uma técnica de construção com grade de ferro e ou tela de “galinheiro/pinteiro” (diâmetro de 15 mm) coberta com argamassa. Deve-se chapiscar a parte interna do tanque; logo após deve ser colocada uma tela ao longo da cava e fazer o reboco (2cm) sobre a mesma. A argamassa da parede deve ser de 2 partes de areia (lavada média) por 1 parte de cimento
A argamassa do piso deve ser de 3 partes de areia (lavada) por 1 parte de cimento, com espessura de 2 cm.
Pode-se usar uma camada de concreto embaixo do piso, caso o solo não seja muito firme.
Câmara Anaeróbia
Depois de pronto o tanque e assegurada a sua impermeabilidade, passa-se à construção da câmara, fazendo o uso de pneus usados e entulho de obra. A câmara é composta por um túnel de pneus usados.
Na parte externa dos pneus, até sua altura (cerca de 45 cm), coloca-se uma camada de cacos de tijolos e telhas e/ou entulho de construção. Isso cria um ambiente com espaço livre para a água e beneficia a proliferação de bactérias que quebrarão os sólidos em moléculas de nutrientes.
A tubulação de entrada de esgoto é posicionada dentro dessa câmara.
Tubo de drenagem e camadas porosas de materiais
Na saída do tanque será colocado um tubo de drenagem de 50 mm de diâmetro, 10 cm abaixo da superfície do solo, para o caso de eventuais extravasamentos do tanque.
Após a construção da câmara anaeróbia, são colocadas também as camadas de brita (10 cm), areia ou cascalho fino (10 cm) e solo (35 cm) até o limite superior do tanque. Deve-se utilizar, de preferência, um solo rico em matéria orgânica e de aspecto mais arenoso do que argiloso.
Proteção e tubo de extravasamento
Como o Tevap não tem tampa, para evitar o alagamento pela chuva, a superfície do solo do tanque deve ser abaulada, mais alta no centro, acima do nível da borda, coberto com palhas.
Todas as folhas que caem das plantas e as aparas de gramas e podas são colocadas sobre o tanque para formar um colchão por onde a água da chuva escorre para fora do sistema.
Para evitar o escoamento superficial da água da chuva para dentro do sistema, é aberta uma vala ao redor do tanque, com 25 cm de largura e 15 cm de profundidade ou é colocada uma borda (cerca de 10 cm de altura) de tijolos ou blocos de concreto ao redor do Tevap, impedindo que a água proveniente do terreno escorra para o interior do tanque. O tubo ladrão deve ser posicionado 10 cm abaixo da superfície do solo do tanque.
Plantio de espécies ornamentais
Após a colocação das camadas de materiais porosos, na superfície, deverão ser plantadas espécies vegetais ornamentais como copo-deleite (Zantedeschia aethiopica); mariasem-vergonha (Impatiens walleriana); lírio-do-brejo (Hedychium coronarium); caeté banana (Heliconia farinosa), junco (Zizanopsis bonariensis) e beri (diversas espécies do genero Canna).
Materiais necessários
Telas/pintainhas de 15 mm e 1,2 m altura : 16 m2
Cimento 3 Sc
Cal 1 Sc
Areia média (construção): 2 m3
Brita nº 1: 1 m3
Tubo PVC 100 mm 12 m
“T” pvc 100 mm.: 1 un
Tubo PVC 50 mm 6 m
Ferragem 4,2mm 2,5 m
Serviço Qtde. Unid.
Abertura da trincheira: 1 Hora/Pá carregadeira ou 1 Dia 2 homens.
Transporte de materiais: 2 Viagens
Mão de obra: 3 D/h
Círculo de Bananeiras
Os círculos de bananeiras são elementos complementares às fossas de evapotranspiração na função de tratar localmente as águas de pias, chuveiros e máquina de lavar roupas.
Consiste em um grande buraco em formato de bacia, com 1,5m de diâmetro e 1,2m de profundidade para uma casa de uma família (em torno de 4 pessoas).
Para instalar o círculo de bananeiras não são necessários materiais industrializados, bastando apenas encontrar os diversos materiais orgânicos citados e as plantas a serem plantadas.
E siga os seguintes passos:
a) Escavar a terra com 1,20m de profundidade.
b) Preencher o buraco começando com troncos e ou tocos de madeira até a altura de 40 cm desde o fundo.
c) Sobre a camada de troncos, faz-se uma camada de cerca de 30 cm de gravetos e madeiras finas.
d) Preenche-se com folhas secas ou verdes, restos de grama ou palhada.
e) A terra retirada do buraco deve formar um círculo elevado em volta de toda a bacia.
f) Por fim, planta-se em volta (na borda) desta bacia escavada, preferencialmente, espécies de folhas largas, como a bananeira.
g) Conecta-se o cano do esgotamento de água cinza da edificação centralizado sobre esta pilha.
Serviço
Para mais informações no Escritório local da EMATER MG
- São Sebastião do Rio Preto – Praça São Sebastião, 37 – Tel: (31) 3867-5179
- Passabém – Praça São José, 290 – Tel: (31) 3836-1290
Técnico responsável: Fabio Dias Pinheiro
Existem outras alternativas de construções de fossas sépticas, dentre elas as fossa econômica ou sustentável. Usa-se bombonas de 200l e cano de PVC de 100mm e o descarte é realizado por sumidouro. Se quiser descartar em riachos, córregos, etc, deve-se utilizar filtro de areia e brita na última bombona. Neste sistema utiliza-se 2 bombonas por pessoa. Mas quem tem uma propriedade rural e criação de gado o melhor sistema é a fossa séptica biodigestora que utiliza caixas d’água de PVC de 500l e estrume de gado fresco para que seja feita a biodigestão do rejeito. Neste sistema utiliza-se uma caixa de 500l por pessoa. Neste formato, utiliza-se uma caixa de passagem onde é adicionado o estrume fresco que cai na primeira caixa onde serão alimentadas as bactérias boas, que em seguida será lançada numa segunda e terceira caixa, onde será depositado um voo fertilizante que poderá ser utilizado para regar seu pomar e tratos culturais, sendo necessário adicionar esterco fresco a cada 30 dias. O cálculo para dimensionar é o seguinte: V=1000+N{(c x t) + (k x LF)} onde N é o número de pessoas; C= 50; T= 1; K= 225; Lf= 1.
e tem o bazon que é o melhor de todo sistema de esgotamento e a Embrapa tem o biodigestor. Bom programa que se espalhe por toda região.
O modelo TEVAP é muito bom e tem a grande vantagem de promover a evapotranspiração da água que veio com o esgoto, evitando efluentes para o solo ou corregos. Parabéns ao Fábio da EMATER pela iniciativa e por se tornar um grande divulgador deste modelo de tratamento de esgoto, muito util principalmente para propriedades rurais. Só lembrando que todos técnicos dos escritórios da EMATER estão aptos a orientar a implantação deste e outros modelos de fossas sépticas para o meio rural.