Florestas diversas são 70% mais eficazes como sumidouros de carbono; já passa da hora de reconverter em Itabira matas homogêneas da Vale em mata nativa

Fotos: Carlos Cruz

Se a mineradora Vale está realmente comprometida em reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO₂), um gás de efeito estufa, deveria começar agora o que deveria ter feito há quase um quarto de século em Itabira: reconverter florestas homogêneas (pinus e eucalipto) para florestas nativas originais, diversificadas com espécies da Mata Atlântica

Elas são especialmente eficazes no armazenamento de carbono, pois diferentes espécies com características complementares podem aumentar o armazenamento global de carbono.

EcoDebate – Para retardar os efeitos das mudanças climáticas, a restauração de florestas é vital. As florestas armazenam carbono dentro do solo, arbustos e árvores, o que ajuda a reduzir a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera.

Um estudo, publicado na revista Frontiers in Forests and Global Change, descobriu que as florestas diversas são especialmente eficazes no armazenamento de carbono.

As florestas diversas são compostas por várias espécies de árvores, o que lhes confere uma série de vantagens sobre as monoculturas, que são compostas por apenas uma espécie de árvore.

As florestas diversas são mais resistentes a pragas, doenças e distúrbios climáticos, o que aumenta seu potencial de armazenamento de carbono a longo prazo.

Elas também fornecem mais serviços ecossistêmicos, como a proteção da água e do solo, e sustentam níveis mais altos de biodiversidade.

Os pesquisadores descobriram que as florestas diversas armazenavam até 70% mais carbono do que as monoculturas.

Os resultados do estudo são uma boa notícia para os esforços de restauração florestal. Eles mostram que as florestas mistas são uma escolha melhor para o armazenamento de carbono do que as monoculturas.

benefícios das florestas

Nota da redação do EcoDebate

As florestas diversas prestam vários serviços ambientais, por exemplo:

  • Resistência a pragas, doenças e distúrbios climáticos:
  • As florestas diversas são mais resistentes a pragas e doenças porque as diferentes espécies de árvores têm diferentes defesas naturais.
  • As florestas diversas também são mais resistentes a distúrbios climáticos, como secas e inundações, porque as diferentes espécies de árvores respondem de forma diferente a esses eventos.

Serviços ecossistêmicos

  • As florestas diversas ajudam a proteger a água e o solo filtrando a água da chuva e prevenindo a erosão.
  • As florestas diversas também fornecem habitat para uma variedade de plantas e animais, o que ajuda a manter a biodiversidade.

Nota da redação da Vila de Utopia

Reconversão de florestas homogêneas para nativas pela mineradora Vale já passou da hora
Observe a exuberância da mata difersificada, remanescente de Mata Atlântica, que existia na Serra do Esmerial, desmatada pela mineradora Vale (Foto: Tibor Jablonsky/Nei Strauch/IBGE)

Se a mineradora Vale está realmente comprometida em reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO₂), um gás de efeito estufa, deveria começar agora o que deveria ter feito há quase um quarto de século em Itabira: reconverter florestas homogêneas (pinus e eucalipto) para mata nativa original, diversificadas com espécies da Mata Atlântica.

Essa ação é necessária para cumprir as condicionantes da Licença de Operação Corretiva (LOC) de 2000 – a qual não foi inteiramente cumprida, embora o órgão ambiental estadual erroneamente, sem realizar a devida vistoria, afirme o contrário.

A reconversão de florestas homogêneas, como plantações de pinus e eucalipto, para florestas nativas com a diversidade da Mata Atlântica é essencial, especialmente em tempos de mudanças climáticas. As áreas de florestas homogêneas da mineradora Vale em Itabira com pinus estão na região dos Gatos, entre outras, e as de eucalipto ainda resistem ao fogo anual na área do Pontal.

Mata de eucalipto no Pontal: sem diversidade de plantas e de animais, uma área abandonada e sujeita anualmente a incêndios florestais

Está comprovado cientificamente que florestas nativas são mais eficientes no sequestro de carbono, um processo crucial para mitigar as mudanças climáticas. A diversidade de plantas e a estrutura complexa das florestas tropicais aumentam a capacidade de absorção de CO₂.

Além disso, a Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, presente em Itabira ainda em áreas rurais, mas que também florescia ao redor da cidade antes da mineração, como na Serra do Esmeril, devastada pela Vale em meados da década de 1980, quando adquiriu as Minas do Meio da Acesita. Não à toa, o nome original que designava o município era Itabira do Mato Dentro.

O bioma abrigava em Itabira inúmeras espécies de plantas e animais, muitas das quais são endêmicas e ameaçadas de extinção. Já as florestas homogêneas, por outro lado, suportam uma biodiversidade muito menor, como se pode observar nas áreas com pinus e eucalipto plantadas pela subsidiária da Vale.

Portanto, a reconversão é condicionante e também dever essencial da mineradora para restaurar pelo menos parte da biodiversidade que destruiu no município, quando fez a conversão de áreas de matas nativas para florestas homogêneas (pinus e eucalipto), por intermédio de sua extinta subsidiária Florestas Rio Doce, de triste memória pelas ações devastadoras da Mata Atlântica em Itabira e em inúmeras outras cidades.

Essa reconversão é uma das muitas dívidas ambientais que a mineradora Vale tem com Itabira, a “prostituta do capitalismo selvagem“.

Referência:

Young mixed planted forests store more carbon than monocultures—a meta-analysis
Front. For. Glob. Change, https://doi.org/10.3389/ffgc.2023.1226514

 

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