Festival de Inverno de Itabira tem início no Dia Mundial do Rock e encerra com show de Sandra de Sá e orquestra Opus
Não vai ser ainda neste ano que Itabira terá um festival de inverno com a grandiosidade dos primórdios, como foram os festivais das décadas de 1970 e 80, quando também a grana era curta, mas sobrava criatividade. A Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA) anunciou, nessa quarta-feira (3), a programação do 45º Festival de Inverno de Itabira.
Sem grandes atrações, a justificativa de sempre é a indefectível falta de recursos. Houvesse o prefeito cumprido a lei que manda destinar um por cento do orçamento municipal ao Fundo de Cultura não haveria porque falar em falta de dinheiro para o festival – e para uma política cultural rica e diversificada durante todo o ano na cidade e distritos.
O festival deste ano está orçado em R$ 380 mil, mesmo valor do ano passado, só que com uma semana a mais na programação: começa no sábado, 13 (Dia Mundial do Rock) – e termina no dia 28, último domingo do mês, com show de Sandra de Sá com a orquestra Opus. É a segunda vez que a cantora se apresenta no festival de Itabira – na última vez ela contou que tem parentes na cidade.
O patrocínio do festival até então é só da Prefeitura, mas a fundação ainda aguarda posicionamento da alta direção da Vale. Portanto, a resposta depende do Rio, não sai de Itabira, contou a superintendente da FCCDA.
Mas mesmo que a mineradora decida patrocinar, o orçamento do festival não será alterado. “O que vier da Vale será destinado à área da saúde, que tem enfrentado dificuldades pela retenção de recursos pela Secretaria de Estado de Saúde”, adiantou Martha Mousinho.
Programação
O 45º Festival promete trazer boas oficinas, grupos de teatros, mas são poucas as novidades musicais. Repete a velha fórmula, já surrada, de trazer artistas consagrados no passado, mas que já não fazem tanto sucesso, como é o caso da impagável Banda de Pau e Corda.
A programação completa foi divulgada nessa terça-feira (3), no centro Cultural. Promete atingir todos os públicos, da infância à terceira idade.Serão 19 oficinas, em um total de 82 atrações culturais. A programação completa pode ser acessada aqui: www.fccda.com.br/festivaldeinverno.
Sem brilho
Embora nem de longe tenha o brilho dos históricos festivais do passado (o de Ouro Preto também já não tem), o festival de Itabira detém o mérito de ser ininterrupto. É o único em Minas Gerais a não ser interrompido, desde que Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou o primeiro festival em Ouro Preto, em 1967 – e que seguiu até 1979. O festival de Itabira teve início em 1974, de forma independente.
A partir de 2011, a UFMG descentralizou o festival, que passou a ocorrer também nas cidades de Diamantina, Tiradentes, Cataguases, Belo Horizonte.
O festival de Itabira nunca fez parte desse patrocínio da UFMG. Sempre foi bancado pela Prefeitura, com copatrocínio da Vale por um bom tempo após a sua privatização.
No ano passado já não houve esse patrocínio – e se depender do compliance da mineradora, é bem provável que não tenha nesta edição.
Também é verdade que o festival de inverno de Itabira nunca foi dos mais brilhantes – não competia em programação e número de público com os festivais de Ouro Preto ou Diamantina.
Mas desde 1974 marca presença no calendário cultural de Minas Gerais. E sempre foi aguardado com grande expectativa, principalmente pela população local que dispõe de poucas opções culturais durante todo o ano na cidade.
Historicamente, o festival começou a ser esvaziado quando passou a dividir a “verba da cultura” com a inauguração do Parque de Exposições Virgílio Gazire, em 1983. Desde então, os gestores culturais da cidade natal de Carlos Drummond fizeram a opção preferencial pelos grandes shows “breganejos”, no mês de agosto, que atraem grande público – e, supostamente, votos.
Deixam assim de, pelo menos, tentar viabilizar o sonho de Oswald de Andrade de ver a massa consumido “o biscoito fino” da cultura brasileira. Preferem trazer stand-ups de humor duvidoso, preconceituoso, padrão do que há de pior nas TVs abertas e americanizadas. E o mais triste é que esse tipo de “espetáculo” tem se repetido nos últimos festivais.
Palcos
Espera-se, mesmo assim, que o público possa usufruir de espetáculos interessantes e culturais com o Supercombo, Pé de Sonho, Grupo Girino – e com as outras atrações do 45º Festival de Inverno de Itabira.
Os espaços de cultura, palcos para o festival, serão descentralizados. A boa novidade é o retorno de espetáculos na praça do Areão, que será palco para os shows de Sandra de Sá e Banda de Pau e Corda.
Infelizmente, na programação para a Fazenda do Pontal não está previsto o funcionamento do bar do festival. Martha Mousinho promete abrir um “chamamento público” pra terceirizar esse espaço de cultura, etílico e gastronômico, para que se torne permanente. Mas isso é para depois.
A agenda do festival prevê espetáculos e atrações também na Casa do Brás, Casa de Drummond, Memorial Carlos Drummond de Andrade, Fazenda do Pontal e Praça do Areão. E, ainda, nos bairros Gabiroba, Pedreira do Instituto e Nova Vista, nas comunidades de Sapé e Serra dos Alves, além dos distritos de Senhora do Carmo e Ipoema.
Serviço
Para saber mais sobre a programação, Clique aqui e acesse a programação completa do 45º Festival de Inverno de Itabira.
As inscrições para as oficinas começam na quinta-feira, 4 de julho, às 14h, na sede da FCCDA.
Nos demais dias, as matrículas podem ser feitas de segunda a sexta-feira, de 8h às 12h e de 14h às 18h.
Outras informações pelo telefone (31) 3835-2102.