FCCDA celebra 40 anos com exposição que resgata a história do Festival de Inverno e as memórias culturais coletivas de Itabira
Fotos: Carlos Cruz
Mostra reúne documentos, depoimentos e acervos raros, em cinco núcleos temáticos que evidenciam o papel da Fundação na vida cultural de Itabira
Itabira está em festa celebrando os 40 anos de criação da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), que nasceu como Fundação Cultural de Itabira em 1985, por iniciativa do ex-prefeito José Maurício Silva (1983–1988).
A instituição foi rebatizada em homenagem ao poeta itabirano após sua morte, ocorrida em 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro.

A trajetória da Fundação é marcada pelo incentivo às artes e pela preservação da memória local, e foi celebrada nesta terça-feira (15) com a abertura da exposição FCCDA 40+ – Entre tempos e movimentos: práticas culturais e memórias compartilhadas.
A mostra convida itabiranos e visitantes a conhecerem, na galeria do Centro Cultural, os múltiplos caminhos percorridos pela instituição ao longo de suas quatro décadas de atuação.
Reconhecimento

Na abertura da exposição, a superintendente da FCCDA, Vanessa Silva de Faria, manifestou emoção e gratidão ao celebrar quatro décadas de história. “Como historiadora de formação e hoje gestora da Fundação, não posso deixar de valorizar nosso acervo documental, fotográfico e audiovisual, ressaltando a importância de cuidar da memória que nos constitui como cidade cultural”, afirmou.
Segundo ela, a mostra é também um mergulho na própria história familiar e comunitária de Itabira, reunindo práticas culturais que moldaram gerações.

Vanessa agradeceu ao curador da exposição, Marconi Drummond, e à equipe técnica envolvida no processo de pesquisa e montagem, incluindo os departamentos de acervo, produção e administração da FCCDA – e também pela montagem da exposição.
“A Fundação é feita por pessoas, e esse reconhecimento só é possível graças ao trabalho coletivo de quem esteve e está aqui”, completou.
Curadoria afetiva e memória compartilhada

Curador da exposição, o artista Marconi Drummond, ex-superintendente da FCCDA, compartilhou sua trajetória pessoal com o Centro Cultural, onde teve contato com a arte pela primeira vez, quando ainda jovem residia em Itabira.
“É sempre uma enorme emoção retornar a essa casa, hoje como artista. Foi aqui que vi nascer esse espaço e assisti aos primeiros espetáculos, como Maria Maria, do Grupo Corpo, e shows memoráveis como o de Mercedes Sosa”, ele recordou, referindo-se ao grande espetáculo que foi a inauguração do Centro Cultural, em 1982.

Marconi também destacou o papel transformador da Fundação na formação de artistas da cidade. “Esse sonho coletivo que se concretizou com a criação da Fundação permitiu que eu me fizesse artista , assim como tantos outros itabiranos que passaram por aqui”, afirmou.
Ele apresentou a estrutura curatorial da exposição, dividida em quatro grandes núcleos, incluindo uma linha do tempo ilustrada e o segmento Polifonias, que reúne depoimentos de 40 pessoas cujas vivências estão entrelaçadas à trajetória da FCCDA.
Festival de Inverno e os equipamentos da FCCDA

Um dos núcleos principais da mostra é dedicado ao Festival de Inverno de Itabira, que teve início em 1974. Com 51 edições, o festival pavimentou o caminho para a institucionalização das políticas culturais da cidade e se tornou o principal evento da agenda da Fundação.
Outro foco da exposição são os equipamentos culturais da FCCDA: Casa de Drummond, Fazenda do Pontal, Memorial Carlos Drummond de Andrade e Casa do Brás.

Nesses espaços, encontram-se narrativas específicas da memória institucional, incluindo documentos raros e acervos valiosos. Entre os destaques, está a primeira edição de Alguma Poesia (1930), autografada pelo poeta.
E, também, estão preservados documentos e mais de 300 cartas, fotografias que fazem parte do patrimônio mantido pela Fundação, sobretudo no Memorial Drummond.
Reconhecimento e projeção futura

Representando o Legislativo, o vereador Marcos Antônio Ferreira da Silva (Solidariedade), o Marquinhos da Saúde, exaltou o papel da FCCDA como espelho dos artistas locais.
“A Fundação tem cumprido um papel essencial na cultura da cidade. Esses 40 anos foram construídos com apoio e sonhos coletivos. Que venham mais 40 anos de sucesso”, declarou o parlamentar, em nome da Câmara Municipal, que esteve representada também pela vereadora Dulce Citi Oliveira (PDT).

Encerrando a cerimônia, os organizadores reforçaram o convite à visitação da exposição como uma oportunidade de reconhecer Itabira como cidade cultural, alinhavada pela prática coletiva da arte.
“Essa Fundação atingiu uma maturidade construída com passos firmes ao longo das décadas. Agora queremos mais 40 anos, e que as futuras gerações possam seguir se abrigando em tudo o que foi construído aqui”, afirmou Marconi Drummond, convidando o público a celebrar e se apropriar da memória e dos espaços culturais da cidade.
Serviço
A exposição permanece aberta ao público até 2 de setembro de 2025.
A programação completa do festival pode ser consultada no site www.fccda.com.br e nas redes sociais da Fundação (@fccda) e da Prefeitura de Itabira (@prefeitura_itabira).
É assim que se faz cultura, relembrando o passado para viver bem o presente.
Saudações as “operárias da cultura”