Especialista revela que retirar fiação elétrica das ruas pode turbinar valorização dos imóveis em até 30%
Foto: Carlos Cruz
Itabira já dispõe de projeto que prevê a revitalização do centro histórico, incluindo a restauração de casarões, entre eles o antigo Hospital Nossa Senhora das Dores, além da instalação elétrica subterrânea. O investimento estimado é de R$ 56 milhões
Em todo o Brasil, apenas 1% da distribuição de energia elétrica é feita por redes subterrâneas, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Apesar de o modelo ter começado a ser implantado na década de 1940, o avanço tem sido lento.
Atualmente, o Rio de Janeiro é a cidade com a maior extensão de rede subterrânea do país, com 11% de cobertura, seguido por São Paulo, com 7%. Neste sistema, parte dos fios é concentrada em subestações subterrâneas, o que garante um visual urbano mais limpo, menor risco de interrupções e valorização dos imóveis.
Em Balneário Camboriú (SC), cidade que lidera o ranking nacional do metro quadrado mais caro do Brasil, já está em estudo um convênio entre a prefeitura e a Celesc para implantar fiação subterrânea na avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. Segundo especialistas, a presença de fios aparentes pode impactar diretamente o valor de um imóvel e a percepção de qualidade urbana.
De acordo com Diogo Martins, CEO do Instituto Brasileiro de Educação Profissional (IBREP) e especialista em mercado imobiliário, o sistema subterrâneo é amplamente adotado em grandes capitais do mundo como Nova York, Londres, Paris e Buenos Aires.
“Além de reduzir os riscos de quedas de energia e ter vida útil superior a 30 anos, o modelo contribui para uma paisagem urbana mais agradável e organizada. A ausência de fios visíveis valoriza o entorno e cria um ambiente mais harmônico, com maior sensação de segurança e bem-estar. Acredito que imóveis em ruas com redes subterrâneas podem se valorizar até 30% a mais do que os demais”, afirma.
O especialista ressalta, porém, que o custo de implantação ainda é um obstáculo. “Na prática, seria o ideal, mas economicamente é muito caro e chega até oito vezes mais do que a fiação aérea”, afirma o especialista em mercado imobiliário.
Segundo ele, o caminho mais inteligente é buscar um equilíbrio, por meio de uma regulamentação que estabeleça prioridades de investimento em áreas estratégicas, como regiões turísticas ou centrais. “Esses locais funcionam como vitrines urbanas e têm retorno garantido, tanto em valorização imobiliária quanto em atratividade econômica e turística”, complementa Martins.
Itabira já tem projeto para revitalizar o centro histórico

A busca por cidades mais organizadas e visualmente limpas tem se tornado um diferencial competitivo no mercado imobiliário brasileiro.
Projetos de modernização urbana, como a implantação de redes subterrâneas, não apenas melhoram a estética das cidades, mas também valorizam imóveis e atraem novos investimentos.
Em Itabira, Minas Gerais, a reivindicação histórica por cabeamento subterrâneo no centro da cidade tem data para começar a sair do papel, diz o prefeito Marco Antônio Lage (PSB).
Para isso, a Prefeitura já dispõe de projeto que prevê a revitalização do centro histórico, incluindo a restauração de casarões e suas ocupações, entre eles o antigo Hospital Nossa Senhora das Dores, além da instalação elétrica subterrânea. O investimento estimado é de R$ 56 milhões.
“Estamos trabalhando para viabilizar esse aporte da Vale, via Lei Rouanet. A expectativa é iniciar as obras em 2026, com prazo de execução de três anos”, informa o prefeito.
Além de atender a uma demanda antiga da população e do comércio local, a iniciativa tem potencial para transformar o centro histórico em um polo cultural e turístico.
A modernização deve aumentar a atratividade da região, estimular o comércio e fortalecer a identidade cultural da cidade, que já carrega o legado de ser a terra natal de Carlos Drummond de Andrade.









