Era uma simples espiga de milho 

Foto: Reprodução

Veladimir Romano*

Como uma variedade nova de milho pode mudar a vida, construir reserva e rico patrimônio biológico, numa quase acidental descoberta, graças ao sentido curioso dos estudantes universitários de biologia mexicanos da região de Mazatlán, na costa ocidental.

Isso ocorreu quando em 1977 descobriram, depois de vários estudos, confirmando a herança dos antepassados. Como aquilo que parece novo, afinal é bem antigo na origem da espiga do milho.

O achado insuspeito deu azo a teorias históricas revelando a resistência desta espécie em viagem cósmica ou interplanetária desde o tempo dos astecas ou maias e, segundo cientistas, mantendo toda a garantia de que os seus riquíssimos cromossomas ainda seguiram alimentando toda a flora da região durante séculos; uma rede de contaminação positiva cuidando de outras plantas.

Deu naturalmente fontes inovadoras geneticamente trabalhadas pelo processo evolutivo, hibridação constante e assim acabou sendo responsável pela alimentação de quinze a vinte por cento da população mundial.

No seu processo e resistência de planta com argumentos, ela tem mostrado como consegue segurar o solo da erosão, sendo um recurso a ter em conta, mas com cuidados para que explorações excessivas e ou tentações humanas não derrotem tamanha glória de uma agricultura milenar.

Na Sierra Madre del Sur, desde 1987, mais de 200 mil hectares entre altitudes desde 400 até 2.960 metros, com clima temperado e frio onde o ecossistema guarda florestas tropicais, com oito grandes tipos de vegetação, parece que uma simples espiga de milho, inclusive, vai ajudando outras espécies ameaçadas.

Daqui, desta pequena maravilha que se tem mantido estável pedaço da natureza, já se retiraram de 300 plantas, novas espécies pródigas ao homem, com transformações produzindo matéria prima para combustível, construção, medicamentos e múltiplos alimentos.

Como pode o homem não aprender lições, desprezar semelhante riqueza…? É isto que se chama de “desenvolvimento sustentável” que alguns não querem ver, animalizados pelo lucro fácil, rápido, contudo, demolidor.

Como adiantou um dos delegados ambientalistas: «O Mundo sofre pela falta de juízo de quem administra e pela fome do dinheiro que se ganha na corrupção, na maioria, gerando quebras e prejuízo sobre a Natureza».

Aconteceu na sala dos debates paralelos do último COP 27 realizado no Egito, passando para novembro de 2023, no Dubai, Emirados Árabes, COP 28 onde vai ser duro o debate sobre produtos fósseis.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.   

 

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