Educadores questionam eficácia de provas tradicionais
Foto: Divulgação/ Aprende Brasil Educação
Avaliação processual e formativa, também conhecida como avaliação continuada, ajuda professores a intervir antes do fracasso escolar
As avaliações formais, aplicadas ao fim de cada bimestre ou trimestre, foram, por séculos, o único meio de avaliação utilizado por escolas na maior parte do mundo – e ainda são.
No entanto, esse cenário vem mudando à medida que a escola contemporânea desenvolve métodos mais eficazes para acompanhar em tempo real o processo de aprendizagem.
“Fazer avaliação nunca foi o momento preferido dos estudantes”, brinca a coordenadora de Avaliações da Aprende Brasil Educação, Rita Schane.
Ela explica que, ao longo das últimas décadas, os especialistas passaram a compreender melhor as reclamações e dificuldades atribuídas às avaliações.
Com isso, refletiram sobre métodos mais eficazes para medir o que estava sendo aprendido e consequentemente, avaliado.
“Enquanto educadores, começamos a entender que o conhecimento que o estudante adquire nas aulas não pode ser provado em um único dia, respondendo a uma única avaliação. Isso porque inúmeros fatores podem influenciar aquele momento avaliativo, o que pode invalidar o resultado”, detalha.
Se uma criança não está bem de saúde ou tem algum desconforto físico, se algo aconteceu na vida pessoal, seja uma discussão, uma situação complexa em casa, uma preocupação, ou se por alguma razão essa criança não conseguiu se alimentar adequadamente no dia da avaliação, tudo isso influencia seu desempenho.
Uma das maneiras de driblar esse problema é justamente investir na avaliação contínua e formativa. Ou seja, acompanhar, no dia a dia, a evolução dos estudantes frente aos mais variados objetos do conhecimento e habilidades.
Isso permite identificar pontos de dúvida e dificuldades assim que aparecem e corrigir a rota antes que o conteúdo abordado se torne ainda mais complexo e o aprendizado dos estudantes, ainda mais difícil.
“Avaliar continuamente significa acompanhar cada etapa da aprendizagem do estudante, identificar avanços e dificuldades, mas, principalmente, oferecer caminhos para que ele possa superar os desafios. Com esse tipo de acompanhamento, conseguimos ensinar de forma quase personalizada”, explica.
Formação continuada
Além do impacto direto no desempenho acadêmico, a avaliação processual e formativa, popularmente conhecida como avaliação continuada, fortalece o vínculo entre professores e estudantes.
O estudante se sente mais apoiado quando percebe que sua trajetória está sendo acompanhada de forma individualizada e diversificada.
“Precisamos parar de reduzir nossos estudantes a uma nota no boletim. Ao acompanhá-los mais de perto, eles sentem que não estão sozinhos na jornada do aprender e isso é muito importante porque estamos falando de sujeitos em desenvolvimento, com potencialidades que precisam ser reconhecidas e estimuladas”, ressalta a especialista.
Avaliação ao longo da jornada escolar
Os instrumentos utilizados para fazer esse acompanhamento precisam ser adaptados a cada etapa da vida escolar.
Na Educação Infantil, por exemplo, isso é feito por meio de observações cotidianas sobre o desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças.
“Nessa fase, não faz sentido pensar em avaliações escritas formais. O acompanhamento é feito no dia a dia, analisando como a criança interage, se comunica, explora o ambiente e constrói suas noções de conhecimento. As pautas de observação e construção de portfólios são bastante indicadas nessa etapa”, afirma Rita.
No Ensino Fundamental a prática da avaliação processual e formativa ganha contornos mais estruturados. Nessa fase, é possível realizar projetos e fazer uso de registros de atividades como ferramentas para analisar a evolução dos estudantes.
A diversidade de estratégias de ensino e de avaliação permite identificar se eles estão apenas decorando os objetos de conhecimento ou se conseguem, de fato, utilizar habilidades, raciocínio lógico e leitura crítica para resolver problemas.
“Também é muito importante, em todas as fases da vida escolar, contar com recursos especialmente desenvolvidos para esse tipo de análise”, esclarece.
Para esse fim, a Aprende Brasil Educação, por exemplo, disponibiliza o hábile, uma avaliação em larga escala que coleta e sistematiza informações a respeito do desempenho dos estudantes por meio de testes e questionários contextuais, com a finalidade de proporcionar aos professores possibilidades e sugestões de adequações metodológicas personalizadas na retomada de objetos do conhecimento e no desenvolvimento de novas habilidades.
Por fim, no Ensino Médio esse tipo de avaliação desempenha papel ainda mais estratégico, uma vez que essa é a etapa de preparação para grandes desafios, como o vestibular e o mundo do trabalho.
“Se a escola acompanha de perto o progresso dos estudantes, ela consegue ajustar metodologias, oferecer apoio direcionado e preparar jovens mais autônomos e conscientes do seu próprio processo de aprendizagem”, recomenda a educadora.









