Economia acaba com os sacoleiros brasileiros em Ciudad del Este e agora são os paraguaios que vêm às compras na 25 de Março
Rafael Jasovich
A desvalorização de 8,5% do real ante o guarani em um ano fez paraguaios atravessarem a fronteira para fazer compras no Brasil, em um fluxo inverso ao que era de costume há alguns anos.
Com foco em combustível e alimentos, paraguaios já se tornaram clientes em Foz do Iguaçu.
A estabilidade do guarani com relação ao dólar motiva o fim dos sacoleiros. É que houve a valorização do guarani em relação ao real nos últimos dois anos.
No Paraguai há uma inflação anual de 11%, então produtos alimentícios e diversos tipos de itens também aumentaram bastante por causa do aumento do combustível, principalmente do óleo diesel. O diesel é mais caro lá do que no Brasil.
O fenômeno dos sacoleiros acabou em meados de 2009. Isso porque esse tipo de comerciante migrou para polos econômicos paulistanos, como a rua 25 de Março, um verdadeiro shopping a céu aberto, ou o Brás, bairro tradicional de venda de roupas.
O que se viu nos últimos anos foi uma mudança dos consumidores que compram no Paraguai uma vez que itens mais caros — como perfumes e smartphones — ainda são mais vantajosos de se comprar no Paraguai do que no Brasil.
O hábito paraguaio de se cruzar a fronteira para se comprar itens por um preço mais barato não é de hoje.
Os preços de produtos de limpeza e de higiene, por exemplo, sempre foram mais altos no Paraguai quando comparados com os brasileiros.
Há a migração de indústrias brasileiras para o Paraguai,não só do Brasil, mas de outros dois países, para se instalarem no país vizinho, mais especificamente na região metropolitana de Ciudad del Este.
São empresas que geram 200, 300 empregos diretos cada uma. Hoje, na área metropolitana de Ciudad del Este, temos quase 20 mil pessoas empregadas em indústrias nos últimos dez, 15 anos, principalmente para exportar para o Brasil.
A deterioração crescente da economia brasileira é evidente e até o Paraguai que era considerado o shopping dos brasileiros virou exportador de produtos manufaturados para nosso pais.
Agora nós somos o shopping deles.