Domingão
Rafael Jasovich*
Acordei cedo como sempre e tomando uns mates, fumando um cigarrinho e ouvindo música baixinho (a mú.sica de Pablo Milanes “Eu pisarei las calles de novo”). Recomendo, emociona.
Lembrei-me do arregão. Claro que o golpe falhou, e aí o que fazer (chamar o especialista). E lá vai o vampirão redigir uma nota fajuta porque todos sabemos que ele, o arregão vai tentar de novo.
Pensei que se foda, a coisa está feia demais. Mas hoje, domingo, é dia de macarrão. Vou furar o regime e convidar dois amigos para almoçar.
Quebrei a quarentena e fui comprar os ingredientes para uma macarronada.
Fui ao supermercado, máscara e álcool gel em abundância. Comprei vermiccelli de massa fresca de uma marca italiana (1,300 kg), limão siciliano, cogumelos e creme de leite, cebola e alho tenho em casa.
Voltei ainda ouvindo Pablo MIlanes, maravilha, menos o custo dos ingredientes no supermercado, um absurdo. Quando cheguei no caixa para pagar tomei um susto, a inflação comendo solta.
Numa frigideira fritei cebola, alho e dei uma dourada nos cogumelos já bem cortadinhos. Antes de reservar coloquei umas raspas do limão siciliano.
Enquanto fazia pensei no custo do gás. O último bujão paguei 98 reais, um absurdo. Recomendo à Ana Maria Braga fazer um colar de bujões (lembram do tomate?).
Parei para fumar um cigarrinho e tomar uma cachacinha de Salinas, garrafa de 500 ml paguei 80 reais. Mas vale a pena (branquinha como eu gosto e purinha). Noutras épocas pagava 30 reais.
Coloquei a água para ferver (ferve logo que o gás está pela hora da morte).
Agreguei o suco de dois limões sicilianos na frigideira coloquei sal, pimenta calabresa e reservei de novo.
Água fervendo (a chapa do arregão está fervendo também). Coloquei o macarrão na água e o suco de um limão.
Peguei a frigideira e esquentei tudo agregado ao creme de leite e misturando bem.
Retirei e escorri o macarrão ao dente claro. Coloquei na travessa para servir e agreguei o molho já pronto jogando por cima um parmesão ralado.
Vinho tinto italiano que um dos amigos trouxe. Agora é comer. Que delícia. Comemos lambendo os lábios.
Falando dos amigos, esses dois são amigos do peito. Em toda relação de amizade ou amorosa a gente entra com uma carretinha nas costas que carrega nossa história que dá como resultado o que a gente é hoje.
Cada uma deve respeitar a história do outro. E olhar para frente (sei lá, me ocorreu olhando para eles).
Mas domingão pede macarrão e o resto que se dane.
*Rafael Jasovich é jornalista e a advogado, membro da Anistia Internacional.
Tô com fome!