Dias piores virão se os piromaníacos não forem identificados e punidos por colocarem fogo no mato seco em Itabira

Fotos: Reprodução/
Instituto Bromélia

Incêndios urbanos crescem em Itabira e exigem ação firme da população e das autoridades

Com a chegada do período mais quente e seco, a situação ambiental em Itabira com a poluição do ar pelas queimadas, e também pela poeira carregada de pó preto do minério, tende a piorar nos próximos dias.

“O risco de aumento das queimadas é iminente e pode agravar se os responsáveis por provocar incêndios não forem identificados e punidos conforme a legislação”, disse o gestor do Instituto Bromélia, que administra as brigadas de combate a incêndios florestais e queimadas, Carlos “Cabeça” Moura Andrade, durante a reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema), na sexta-feira (12), quando apresentou o balanço das atividades de combate no município.

Segundo os dados apresentados, apenas em agosto foram registradas 35 ocorrências de incêndios, atingindo 158 hectares, sendo 83% na área urbana e 17% na zona rural, isso sem contar as pequenas ocorrências que não entraram no registro oficial.

Já neste mês de setembro, até o dia 12, já foram contabilizados 25 novos focos, indicando uma tendência de agravamento. A vegetação mais atingida inclui pastagens, lotes vagos e áreas de mato seco, com maior incidência após o meio-dia.

Ações criminosas
Carlos “Cabeça”, do Instituto Bromélia, apresentou balanço das queimadas em Itabira na reunião do Codema (Foto: Carlos Cruz)

O gestor do Instituto Bromélia destacou um padrão preocupante: “Observamos que um incêndio começa em um bairro pela manhã e, em horários sequenciais, surgem em outras localidades”, sugerindo que os focos podem estar sendo provocados por uma mesma pessoa, em ação deliberada.

A prática, além de criminosa, agrava a poluição do ar e impacta diretamente a saúde da população, especialmente com o aumento de doenças respiratórias.

Conforme ele ressaltou, a maior parte das ocorrências está concentrada na área urbana, o que contrasta com a zona rural, onde a conscientização dos proprietários tem surtido efeito.

Além disso, a resposta rápida dos brigadistas do Instituto Bromélia, treinados pelo Corpo de Bombeiros, tem sido fundamental para conter os danos, como no incêndio iniciado no Pico do Amor, que foi controlado graças à ação imediata e aos aceiros previamente abertos.

Infelizmente, nem sempre é possível que os brigadistas cheguem a tempo de conter o início do sinistro. É o que ocorre nesta segunda-feira (15), segundo relato de um morador. “Está tendo um foco de incêndio florestal no Bongue, próximo à Serra dos Alves, em área da Vale. Foi de propósito”, afirmou, sugerindo tratar-se de mais um ato criminoso.

Principais ocorrências em Itabira
Brigadista do Instituto Bromélia atua no combate a queimadas em Itabira 

Itabira registrou mais de 60 focos de incêndio apenas entre janeiro e julho de 2025. Os bairros mais afetados incluem áreas urbanas não protegidas e lotes vagos, com destaques para a região do bairro Gabioroba e do Pontal, onde um princípio de incêndio em área da Vale foi contido graças à ação dos brigadistas da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), contratada pela mineradora – e à abertura de aceiros. Outro grande incêndio foi debelado no Pico do Amor pelo Corpo de Bombeiros e brigadistas do Instituto Bromélia.

A campanha Quando a natureza sufoca, quem não respira é você, lançada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal (Semapa), tem como objetivo sensibilizar a população sobre os graves impactos da poluição atmosférica e das queimadas. Apesar da relevância da iniciativa, ela ainda enfrenta obstáculos em termos de alcance e engajamento popular.

Para que seus efeitos sejam mais abrangentes e duradouros, é fundamental que a campanha seja ampliada nos próximos anos, com maior presença em mídias diversas, como outdoors, busdoors e outras mídias, além da continuidade e fortalecimento das ações educativas que estão sendo realizadas nas escolas e nas blitzes de conscientização.

Fiscalização e punição

A Prefeitura intensificou a fiscalização em lotes urbanos, com advertências e possibilidade de multas em caso de reincidência. A secretária municipal de Meio Ambiente, Elaine Mendes, defende que a educação ambiental precisa ser mais incisiva na punição.

“Quando mais de 80% dos incêndios estão no centro urbano, percebemos que não é ignorância ou cultura. É vontade de causar o mal. A punição precisa ser um exemplo coercitivo.”

Além da atuação conjunta dos brigadistas com o Corpo de Bombeiros e a fiscalização municipal, é essencial que a população colabore com denúncias.

É que segundo a secretária, a identificação dos autores é difícil, comparável à prática de soltar fogos de artifício, prática também proibida no município, mas que sem punição aos infratores por falta de flagrante. “Registros por câmeras e relatos de moradores são fundamentais para responsabilizar os infratores.”

Por isso, é fundamental que a população, impactada diretamente pela poluição e pela ação criminosa dos piromaníacos, denuncie os casos de forma anônima, sem necessidade de identificação.

As denúncias podem ser feitas pelos seguintes canais: Semapa/PMI, pelo telefone (31) 3839-2137; Corpo de Bombeiros, pelo número (31) 3831-7467; e Polícia Militar, pelo 190

Malefícios das queimadas e apelo à população

As queimadas trazem uma série de prejuízos como a destruição da vegetação nativa, morte de animais silvestres, empobrecimento do solo, aumento da temperatura local, emissão de gases tóxicos e agravamento de doenças respiratórias. Além disso, comprometem a qualidade de vida e colocam em risco áreas de conservação e patrimônio público e privado.

É urgente que a população urbana abandone essa prática nociva. No meio rural, os avanços são visíveis graças à conscientização e ao respeito às normas ambientais. Agora, é preciso que os moradores da cidade sigam o mesmo caminho.

Denunciar, fiscalizar e educar são ações fundamentais com as quais a população deve e precisar participar, até mesmo para que se consiga punir quem anda provocando queimadas e incêndios florestais.

Afinal, cuidar do meio ambiente é dever de todos. Queimar é crime. E o silêncio diante dessa prática representa uma grave omissão, além de cumplicidade com os danos que os piromaníacos provocam à natureza e à saúde da população.

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