Deslizamentos de terra continuam em Minas Gerais, rio Doce transborda e chove granizo em Valadares
Esse “novo normal” climático, com chuvas severas que causam transbordamentos de cursos d’água, mortes e perdas incomparáveis, exige providências urgentes e mudanças de todos os parâmetros de segurança de engenharia urbana – e também de barragens. Sem isso, tragédias anuais com mortes e desastres ambientais continuarão ocorrendo como se fosse também o “novo normal”, o que é inaceitável.
Em Minas Gerais, desde outubro do ano passado, já são 71 mortes no estado, informa o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador-adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais. “Desde o dia da chuva de 24 de janeiro até hoje já são 60 mortes”, contabiliza.
A explicação dos meteorologistas para tanta chuva é a atuação de uma frente estacionária, que tem provocado acumulados significativos em todo centro/sul de Minas Gerais. Mas é, sobretudo, decorrente do “novo normal” com as mudanças climáticas, resultado do aquecimento global.
Em decorrência, a população continua sofrendo as consequências em todo o estado. Na tarde dessa terça-feira (11), em Governador Valadares, no leste do estado, informa a Defesa Civil, uma forte chuva acompanhada de granizo causou estragos e transtornos.
Foram atingidos dez bairros ribeirinhos do rio Doce. Em 15 minutos, o temporal derrubou árvores e destelhou imóveis. Equipes da Defesa Civil do município fazem o levantamento dos danos provocados pela chuva. “Até o momento não há notícias de desalojados, desabrigados ou feridos”, relata da Defesa Civil de Minas Gerais
Em Caxambu, no sul do estado, também nessa terça-feira, deslizamento de terra de um barranco encobriu uma residência, com mais uma vítima soterrada, uma senhora de 58 anos.
Mudanças climáticas
É assim que os acumulados significativos de precipitação, que são as fortes chuvas, prosseguem como parte do “novo normal”. Chega até ser redundância, sem trocadilho, noticiar que as chuvas redundam em transbordamento de rios, alagamentos, deslizamentos.
Com elas, mas não por causa das fortes chuvas, centenas de famílias pobres perdem o pouco que tinham. E entram para a fria estatística de pessoas desalojadas/desabrigadas/mortas. Isso enquanto o “novo” governador reclama por ter sujado os sapatos em visita recente a Governador Valadares.
Agir para prevenir
Definitivamente, esse quadro não pode ser o “novo normal”. É preciso que as autoridades e empresas, sobretudo as mineradoras com as suas ameaçadoras barragens, ajam rápido para evitar mais tragédias humanas e ambientais já repetidamente anunciadas.
Isso porque, conforme advertem os cientistas, “ondas de calor extremas podem aumentar o aquecimento global, porque liberam grandes quantidades de carbono armazenado dos ecossistemas afetados, em um ciclo de retroalimentação”.
Foi o que se viu na Austrália, com os incêndios florestais que contribuem significativamente para o acúmulo de carbono na atmosfera. E é também o que acontece com as chuvas severas em Minas Gerais – e em outros estados.
“Eventos climáticos extremos, como as ondas letais de calor e as fortes chuvas, juntamente com a perda de biodiversidade, com a consequente insegurança alimentar, além da crise hídrica, são cinco fenômenos sérios que combinados se tornam muito mais sensíveis e ameaçadores”, alertam 200 cientistas de 52 países, que assinam um relatório de alerta global, publicado no dia 6 de fevereiro pelo portal do programa de pesquisa internacional Future Earth. Leia mais aqui.
Precisamos repensar nossos hábitos de consumo para não castigar mais a natureza.
Gerar menos resíduos.
A natureza esta cobrando o que estamos fazendo com ela, e tem louco que fala que o aquecimento global é balela.