Dependurando as chuteiras

Charge: Genin/
Hora Presente

Luiz Carlos Paiva*

O futebol brasileiro já foi muito bom. Antigamente o que valia era a perícia e a malandragem, Hoje tudo é questão de preparo físico e plano de jogo.

Por isso estão avisados: jogador não pode beber, queimar fumo, ou praticar sexo (nem na mão) antes das grandes partidas.

As partidas nos milhares de campos de terra e grama espalhados por aí já chegaram a inspirar o cantor Milton Nascimento, porém, para o jogador profissional a música soa diferente e o lance não é bem uma partidinha entre amigos num final de semana.

A carreira do jogador quando acaba pode deixa-lo, se não tomar cuidado, na rua da amargura. Vide Garrincha, craque de seleção que, hoje, cada vez que aparece na TV é para contar uma desgraça.

Mais vivo é Pelé que virou ator de cinema fazendo papel de madame lei pegando trombadinha na rua. Quem te viu quem te vê, como diz a música de Chico Buarque.

Outros vão estudar medicina, como Tostão, alguns conseguem ser técnicos, donos de loja, propagandistas (uma minoria, é claro).

Com tudo que eu falei, conclui0se:

Se você sonha em rolar a pelota no gramado dos grandes estádios, faça primeiro seu pé de meia, para quando estiver batendo biela não dançar.

Por outro lado, temos a figura do torcedor doente, esse bicho esquisito que briga, chora e vibra de emoção.

Particularmente declaro aos torcedores de times de massa como o Flamengo, Atlético, Corinthians e do meu querido Valeriodoce, time da minha terra Itaira:

– O Valeriodoce, como tantos outros pequenos clubes do interior, quando têm em seus quadros um jogador bom, vem um grande e o leva, de forma que o time pequeno nunca sobe.

No mais é só. Vai aqui este comentário de um cara que de futebol não sabe nada. Aquele abraço. Beijos

*Luiz Carlos Paiva (in memoriam), itabirano nascido no bairro Pará, filósofo e compositor, ganhador de vários festivais da canção em Itabira, foi colaborador do jornal O Cometa Itabirano e da revista Hora Presente, editada por José Norberto de Jesus, o Bitinho, na qual ele publicou esta crônica, na edição de outubro de 1981.

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