Corte de talude em lote da avenida Daniel Grisolia é classificado como irresponsável e leva à interdição da agência do Banco do Brasil

Foto: Claudio Oliveira/
BX Topografia e Drone

Não vai sair barato para o empresário Manoel Henrique Andrade o desterro que fez, segundo vizinhos, por ele mesmo operando uma retroescavadeira, em lote de sua propriedade na avenida Daniel de Grisolia, no centro de Itabira, ao lado da Caixa Econômica Federal (CEF) e nos fundos do Banco do Brasil (BB).

Sem que dispusesse de um projeto técnico, ou mesmo de um acompanhamento de profissional técnico, o empresário fez escavações por conta própria e risco além do que seria razoável.

Daí que certamente será processado cível e criminalmente, tanto pela Prefeitura como também pelo Banco do Brasil e demais proprietários vizinhos afetados por essa irresponsabilidade.

O resultado não podia ser mais ameaçador sob o ponto de vista urbanístico e pelo risco que representa às edificações vizinhas, pela possibilidade de deslizamento do talude, como já ocorreu em parte nesse período chuvoso, abalando a precária estrutura de uma casa da rua Tiradentes, no centro histórico de Itabira, ao lado da agência do BB, cujo atendimento na foi suspenso na tarde de terça-feira (30).

Antes, o mesmo desaterro provocou infiltrações na agência da CEF, que também teve atendimento parcial ao público suspenso preventivamente no dia 4 de janeiro.

Nesse caso, a interdição preventiva ocorreu por determinação da Coordenadora Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec), órgão responsável pelas ações para evitar desastres no município, minimizar os seus impactos para a população, assim como prestar assistência e socorro em casos de necessidade. Essa interdição já foi suspensa, após concluir que não havia risco à estrutura da agência da CEF.

Agência do Banco Brasil tem atendimento suspenso, por tempo indeterminado, pelo risco advindo de desaterramento de talude em lote da avenida Daniel de Grisolia (Foto: Carlos Cruz)

Laudo técnico

No entanto, essa aparente tranquilidade não se repete em relação a agência do BB, que teve o atendimento ao público suspenso por tempo indeterminado, seguindo orientação de laudo técnico de análise e inspeção predial, concluído em 29 de janeiro, assinado por engenheiros da BRG Engenharia.

Após analisar as condições encontradas no terreno abaixo da agência, na avenida Daniel de Grisolia, foi apresentada a necessidade de adoção imediata de ações emergenciais e mitigadoras, para evitar danos maiores, com risco aos clientes, funcionários e à população.

A medida decorre, segundo o lado, “da grave situação encontrada, com a ocorrência de sinistro provocado pelo excesso de chuvas no local, onde os danos foram potencialmente elevados devida à ação temerária e irresponsável em obra em execução nos limites confrontantes com a edificação do Banco do Brasil na cidade de Itabira.”

“Recomendamos por segurança dos usuários e do meio que seja temporariamente impedido trânsito e ou a permanência de pessoas na edificação, até que se tenha convicção da inexistência de rompimento e deslizamento do solo ou, então, que se executem obras de reforço capazes de assegurar a estabilidade de taludes”, é que frisa o laudo técnico encaminhado pela gerência do BB ao Compdec.

Outra recomendação é para que seja executado um monitoramento, inicialmente semanal da situação, uma vez que “há indícios de percolação (infiltração) de líquidos misturados ao solo de assentamento das fundações da edificação onde se encontra a agência do Banco do Brasil.”

O risco, aponta o laudo, é que ocorra o deslocamento do solo de apoio das fundações da edificação. Por isso, o monitoramento deve ser continuado, por pelo menos mais quatro semanas, até verificar se não ocorreram “movimentações, deformações, aumento de trincas e fissuras, ou mesmo o surgimento de novas manifestações patológicas”.

Por fim, o laudo recomenda que se mantenha “todo material que colapsou da forma em que se encontra até que seja concluído os estudos e determinadas as soluções a serem adotadas”.

Isso porque “não há como garantir a estabilidade (da edificação do BB), caso seja removido o material que está mobilizado sem a verificação da estabilidade do entorno, pois pode estar contribuindo para a sua manutenção”.

O preço da irresponsabilidade: dono no lote da avenida Daniel Grisolia deve ser responsabilizado civil e criminalmente, por danos a patrimônios público e privado (Foto: Carlos Cruz)

Estiagem

Com toda essa situação criada pela irresponsabilidade do proprietário do lote da avenida Daniel de Grisolia, é bem possível que a agência do BB fique interditada por mais tempo, ainda não definido em razão do monitoramento da estrutura e das condições do terreno a jusante.

Com o risco de colapso da estrutura do BB, assim como da residência também interditada da rua Tiradentes, a “obra” na avenida Daniel Grisolia foi interditada pelo Compdec.

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, qualquer intervenção no terreno está proibida, até mesmo para retirar as máquinas que estão no lote. “A obra está interditada pela Defesa Civil, assim como está também o casarão da rua Tiradentes.”

Assim, toda e qualquer intervenção no local somente poderá ser feita após o período chuvoso, conforme recomenda o laudo técnico encomendado pela agência local do BB.

“Técnicos das secretarias de Obras e do Meio Ambiente estão também monitorando as condições do terreno, que é para ver se não ocorreu ou pode ainda ocorrer movimentação do talude”, informa a assessoria de imprensa da Prefeitura.

Imóvel dos herdeiros de Chiquinho “Delegado” e Laís Sampaio foi afetado pelo desaterramento e está interditado

Muro atirantado e indenizações

Após o período chuvoso, a Prefeitura deve cobrar a execução de obra de engenharia para conter o talude, que se encontra ainda em risco de deslizamento.

Isso com certeza não sairá barato para o empresário tresloucado que executou esse serviço de remoção de terra do talude, sem acompanhamento e responsabilidade técnica.

Possivelmente, para assegurar a estabilidade dos imóveis na rua Tiradentes, terá de construir um muro atirantado, uma estrutura de concreto armado com tirantes, necessário para conter e assegurar a estabilidade do talude – e das edificações que estão a montante.

Além disso, terá de indenizar os herdeiros de Chiquinho “Delegado” e Laís Sampaio pelo prejuízo causado à residência da rua Tiradentes, também interditada.

O imóvel não é tombado pelo patrimônio histórico, mas a sua fachada deve ser preservada por fazer parte do conjunto arquitetônico do centro antigo de Itabira.

Beco do Caixão

Obra com desaterro no beco do Caixão continua mesmo no periodo chuvoso, mas “sem ameaçar a rua Tiradentes”, atesta a Defesa Civil (Foto: Carlos Cruz)

No beco do Caixão, também no centro histórico de Itabira, outra obra com grande remoção de terra – e que está sendo executada em período chuvoso, chama a atenção pelo risco que pode representar.

Para a sua execução, foram removidas antigas residências, assim como grande volume de terra, chegando-se até o limite da rua Tiradentes. Restaram apenas as fachadas de dois imóveis que pertenceram ao ex-prefeito Luiz Menezes.

Fachadas dessas residências na rua Tiradentes, mesmo não sendo tombadas, devem ser preservadas para não descaracterizar ainda mais o centro histórico de Itabira (Foto: Carlos Cruz)

Embora toda essa movimentação ocorra em período chuvoso, nesse caso, técnicos do Compdec avaliaram que não há risco de deslizamento, o que poderia levar ao colapso parte da rua Tiradentes. “A Defesa Civil vai continuar acompanhando as operações no local”, informa a assessoria de imprensa da Prefeitura.

Esses imóveis também não são tombados como patrimônio histórico. Mas pelo visto, terão as fachadas preservadas para não descaracterizar ainda mais o já castigado, historicamente, patrimônio arquitetônico da cidade de Itabira.

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2 Comentários

  1. O sr. Manoel Henrique também descalçou a base do muro da casa na rua Padre Olímpio 176, ao lado da casa de Dona Laís. Com isso a Defesa Civil também interditou parcialmente o imóvel . Desde janeiro de 2023, quando ele começou a retirar terra, começaram a aparecer trincas na casa do lado da casa da Padre Olímpio 176. A Defesa Civil aconselhou aos moradores da Avenida Daniel Jardim de Grisolia 69, aptos. 102, 103, 202 e 203 não durmam nos quartos da divisa com o lote. E para não ficar ninguém na loja da Daniel Jardim de Grisolia 73. Também responderá judicialmente pelos danos a esses imóveis.

  2. Além do que foi reportado acima, a imperícia do citado proprietário do lote desaterrado responderá por lucros cessantes aos bancos do Brasil e Caixa Econômica, cujas agências estão interditadas, além dos comércios. Pode preparar uns bons milhões de reais em reparação de danos. Que sua conduta ilícita sirva de exemplo para os adeptos do “jeitinho brasileiro”. O barato sempre sai caro para a sociedade.

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