Copa do Mundo de 1966: O Mundial dos ingleses e do vexame brasileiro
Foto: Reprodução/ Portal dos Times
Por Paulo Monteiro
Portal dos Times – Depois de muita relutância para participar da Copa do Mundo, a Inglaterra finalmente foi escolhida como país sede para o evento esportivo. O Mundial de 1966 marcou a primeira e única incursão do Mundial a Terra da Rainha até os dias de hoje, sendo lembrada pelo campeão inédito e por polêmicas fora das quatro linhas.
O fato é que desde que teve sua primeira edição em 1930, a Copa do Mundo não parava de crescer. Na década de 1960, não apenas o Mundial já estava consolidado como um dos principais eventos esportivos do mundo como o futebol, de uma maneira geral, já era bem visto ao redor do globo.
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Todo esse clima, juntamente com o distanciamento da Guerra Mundial, favoreceram para a realização da Copa do Mundo de 1966. Mas isso não significa que o Mundial foi tranquilo – muito pelo contrário. Antes mesmo de sua realização já haviam polêmicas e casos inusitados envolvendo a competição.
O caminho até a Copa do Mundo de 1966
Após uma última edição na America do Sul, a Copa do Mundo estava de volta à Europa. A escolha da Inglaterra como país sede para o Mundial havia sido feita com antecedência, e contava com a vantagem de um cenário futebolístico já consolidado na região – tida como a terra do futebol.
A Inglaterra, naquela altura, já contava com alguns dos principais clubes de futebol do mundo. A Liga Inglesa, apesar de não ter o nível que tem nos dias de hoje, já era considerada forte e robusta. Com isso, havia toda a estrutura de bons estádios espalhados pelo país.
No entanto, antes mesmo da realização do evento, uma polêmica foi instaurada: o roubo da taça do torneio, a Jules Rimet. O troféu havia sido roubado de uma vitrine em Londres, e a Federação Inglesa estava contando até mesmo com a necessidade de usar uma réplica. Felizmente, um cachorro chamado Pickles encontrou a taça durante uma verdadeira caçada pela premiação.
Além disso, outra polêmica, dessa vez envolvendo a própria Federação Internacional de Futebol (FIFA) colocou em cheque os classificados para a Copa do Mundo de 1966. Os países da África boicotaram o evento, em função do sistema imposto pela organização em que os campeões do continente teriam que enfrentar o vencedor da Ásia ou Oceania para, então, avançar para o Mundial.
Sendo assim, as Eliminatórias da Copa do Mundo foram realizadas com dissonâncias. Ainda assim, com um novo recorde de inscritos.
Resultados das Eliminatórias da Copa do Mundo de 1966
A Copa do Mundo de 1966 contou com um novo recorde de países inscritos. Ao todo, 70 seleções se inscreveram para participar do Mundial. A partir daí, ocorreu uma nova edição das Eliminatórias, com 16 nações africanas boicotando a FIFA e ficando de fora de mais uma edição do evento.
Dentre os europeus, destaque para Portugal que conseguiu a primeira classificação da sua história, tendo em sua chave a vice-campeã da Copa do Mundo Tchecoslováquia. Já na Ásia, a surpresa ficou com a Coreia do Norte, se classificando e batendo equipes mais “tradicionais” do continente, como Japão e Coréia do Sul.
Na América do Sul, nenhuma surpresa: para além do Brasil, que já estava classificado graças ao título da edição anterior da Copa do Mundo, se classificaram também Argentina, Uruguai e Chile. Por fim, as Eliminatórias definiram os países participantes do Mundial de 1966, sendo eles:
América Central e do Norte – México
América do SUl – Argentina, Brasil, Chile e Uruguai
Ásia: Coréia do Norte
Europa: Alemanha Ocidental, Bulgária, Espanha, França, Hungria, Inglaterra, Itália, Portugal, Suíça e União Soviética.
Os grupos e resultados da Copa do Mundo de 1966
A Copa do Mundo de 1966 funcionou com o esquema padrão de grupos e classificados, o qual viria a passar por uma leve alteração em edições futuras. Naquela época, o Mundial funcionava com base em 16 equipes, as quais se dividiam em quatro grupos de 4 seleções, em que as duas primeiras se classificavam para as quartas de final, semis e final. Os grupos do Mundial daquele ano foram:
Grupo 1: Inglaterra, Uruguai, México e França;
Grupo 2: Alemanha Ocidental, Argentina, Espanha e Suíça;
Grupo 3: Portugal, Hungria, Brasil e Bulgária;
Grupo 4: União Soviética, Coréia do Norte, Itália e Chile.
Os resultados da Copa foram os seguintes:
Grupo 1
Inglaterra 0 x 0 Uruguai
França 1 x 1 México
Uruguai 2 x 1 França
Inglaterra 2 x 0 México
Uruguai 0 x 0 México
Inglaterra 2 x 0 França
Grupo 2
Alemanha Ocidental 5 x 0 Suíça
Argentina 2 x 1 Espanha
Espanha 2 x 1 Suíça
Alemanha Ocidental 0 x 0 Argentina
Argentina 2 x 0 Suíça
Alemanha Ocidental 2 x 1 Espanha
Grupo 3
Brasil 2 x 0 Bulgária
Portugal 3 x 1 Hungria
Hungria 3 x 1 Brasil
Portugal 3 x 0 Bulgária
Portugal 3 x 1 Brasil
Hungria 3 x 1 Bulgária
Grupo 4
União Soviética 3 x 0 Coréia do Norte
Itália 2 x 0 Chile
Coréia do Norte 1 x 1 Chile
União Soviética 1 x 0 Itália
Coréia do Norte 1 x 0 Itália
União Soviética 2 x 1 Chile
Quartas de Final
Alemanha Ocidental 4 x 0 Uruguai
Inglaterra 1 x 0 Argentina
Portugal 5 x 3 Coréia do Norte
União Soviética 2 x 1 Hungria
Semifinais
Alemanha Ocidental 2 x 1 União Soviética
Inglaterra 2 x 1 Portugal
Terceiro Lugar
Portugal 2 x 1 União Soviética
Final
Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocidental
O Brasil na Copa do Mundo de 1966
Depois de conseguir o bicampeonato mundial, a seleção brasileira chegou a Copa do Mundo de 1966 como favorita ao título. O técnico Aymoré Moreira foi o escolhido para treinar o Brasil novamente no Mundial, visando a manutenção do elenco. Mas uma série de resultados negativos em amistosos em 1963 acabou abalando.
Na Europa, o Brasil perdeu em amistosos para Portugal, por 1 x 0, e para a Bélgica, por 5 x 1. Os péssimos resultados fizeram com que o treinador se questionasse sobre quem seriam os convocados para a Copa do Mundo de 1966, visto que o mesmo elenco de 1962 não mostrou efetividade nos jogos amigáveis em 1963.
A pressão foi tanta que o treinador chegou a convocar 47 jogadores na fase de preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo. Os 22 atletas que representaram o Brasil naquela edição do Mundial, inclusive, só foram conhecidos na véspera do evento. Os problemas fizeram com que a seleção canarinha fosse de favorita e decepção absoluta em pouco tempo.
O elenco ainda tinha alguns nomes conhecidos da Copa anterior, como Djalma Santos, do Palmeiras; Pelé, do Santos; Bellini, do São Paulo; e Garrincha, agora no Corinthians. No entanto, não foi suficiente para evitar o vexame: uma vitória e duas derrotas na fase de grupos, com queda precoce ainda na etapa inicial da competição.
Artilheiros e curiosidades da Copa do Mundo de 1966
A Copa do Mundo de 1966 foi marcada por alguns ineditismos, a começar pelo primeiro (e único até então) título da Inglaterra. A terra da rainha se consagrou campeã em casa, em uma final polêmica em que o terceiro gol validado pelo juiz, na verdade, bateu no travessão e quicou em cima da linha.
Além disso, a Copa do Mundo daquele ano também foi marcada pela transmissão televisionada ao vivo das partidas para 20 países da Europa, por meio da Eurovision. A Televisa, do México, também pretendia fazer isso com a América Latina, mas não pôde em função de não existir satélites que conectassem os continentes.
Aquele Mundial teve como artilheiro o português Eusébio, um dos grandes ídolos da História do Real Madrid, com 9 gols. O jogador fazia parte de uma incrível geração portuguesa que começava a despontar para o futebol mundial e que, em sua primeira participação em uma Copa do Mundo, chegou nas semifinais.
O goleiro mexicano Carbajal quebrou um recorde ao disputar, na edição de 1966, a sua quinta Copa do Mundo. O feito nunca foi superado, apenas igualado, em 1998, na Copa da França, pelo alemão Matthäus.
Na Copa do Mundo de 1966, houveram boatos de que a Coréia do Norte estaria enganando todas as seleções, justamente por não contar com fiscalização da FIFA. Diz a lenda de que os coreanos jogaram o primeiro tempo da partida com 11 jogadores e, na etapa seguinte, trocavam completamente o elenco – o que não era percebido pelas semelhanças entre si.
Nesta Copa de 66 o Brasil entrou com uma seleção bi campeã, mas esqueceram-se de renovar parte do esquadrão canarinho e tomaram aquele baile na Inglaterra.
Já na Copa de 70, com a seleção canarinha renovada foi ela quem deu um baile geral em todas as outras seleções.
dos tais 47 convocados tinha jogadores de vários estados do país. numa época que futebol mesmo estava baseado no Rio/SP, e em início de ascensão no Rio Grande do Sul e Minas, mas Mineirão ainda era sonho de mudar a realidade.
convocaram jogadores medianos menos, porque os medianos mais até mereciam.
jogadores do Cruzeiro, Atlético (imagina, Décio Teixeira e etc), do Inter, Grêmio, Náutico, Bahia.
não podia mesmo dar certo.
Aqui, inclusive grande parte da crônica esportiva nos jornais, consideravam que o país inteiro estava cheio de craques
e ainda tinha a ditadura, não sei, mas muito provavelmente teve o dedo militar na seleção desta copa.
— se em 70 teve…