Conexões culturais: Warhol e os ‘Pops e Rebeldes’ estão em exposição em São Paulo, em espaços culturais distintos
No destaque, a mostra Andy Warhol: Pop Art! é aberta nesta quinta-feira (1º) no Museu de Arte Brasileira da FAAP
Foto: Divulgação
Em meio à intensa cena cultural de São Paulo, duas exposições se destacam ao unir a arte pop em contextos globais e locais. A mostra Andy Warhol: Pop Art! é aberta nesta quinta-feira (1º) no Museu de Arte Brasileira da FAAP (Rua Alagoas, 900 – Vila Mariana, São Paulo, SP) e Pops e Rebeldes, na Galeria Berenice Arvani (Rua Teodoro Sampaio, 450 – Consolação, São Paulo, SP).
As duas exposições dialogam, revelando tanto o poder icônico da arte pop internacional quanto a força crítica e histórica da produção brasileira durante os anos 60 e 70.
Andy Warhol: Pop Art!

No Museu de Arte Brasileira da FAAP, a exposição Andy Warhol: Pop Art! marca o maior evento dedicado ao renomado artista fora dos Estados Unidos. Com mais de 600 obras – que vão desde as clássicas serigrafias das latas de sopa Campbell até retratos emblemáticos de Marilyn Monroe, Michael Jackson e Pelé – a mostra ocupa 2.000 metros quadrados.
O acervo, proveniente diretamente do The Andy Warhol Museum, em Pittsburgh, apresenta esculturas, fotografias, instalações e filmes experimentais, proporcionando uma imersão na estética que transformou o consumismo e a cultura pop.
A curadoria é assinada por Priscyla Gomes, que ressalta a pluralidade e a duradoura influência de Warhol na arte contemporânea.
Serviço
Andy Warhol: Pop Art!
• Local: Museu de Arte Brasileira da FAAP
• Endereço: Rua Alagoas, 900 – Vila Mariana, São Paulo, SP, CEP 01242-001
• Horário: Terças a domingos, das 09h às 20h (última entrada às 19h)
• Ingressos: Entre R$ 50 e R$ 70, com descontos disponíveis para estudantes e idosos
• Observação: Espaço totalmente acessível, com atendimento especializado para pessoas com necessidades especiais.
Pops e Rebeldes

Paralelamente, a Galeria Berenice Arvani apresenta a exposição Pops e Rebeldes, que resgata a produção artística pop brasileira do período das décadas de 60 e 70.
Sob a curadoria de Celso Fioravante, a mostra reúne obras de artistas integrantes da Nova Figuração – como Nelson Leirner, Judith Lauand, Teresa Nazar, Glauco Rodrigues e Zélio Alves Pinto.

Essas criações, inicialmente expostas em 27 de março com previsão de encerramento para 5 de maio, tiveram a data prorrogada para 16 de maio.
O acervo evidencia a resposta crítica dos artistas à censura, à repressão e à violência impostas pela ditadura militar, trazendo à tona uma identidade visual que questiona e transforma os parâmetros sociais de sua época.

Artistas participantes
. Antonio Henrique Amaral: conhecido por sua série Bananas, na qual utiliza a figuração para expressar críticas ao regime político e à repressão da época.
.Décio Noviello: artista e designer gráfico, destacou-se pela fusão entre a arte e a comunicação visual, criando obras de forte impacto estético e social.
.Glauco Rodrigues: trouxe para suas telas um olhar irônico e colorido sobre a identidade brasileira, ressignificando símbolos nacionais com viés crítico.
.Inácio Rodrigues: explorou a relação entre a figuração e o abstrato, utilizando cores vibrantes e composições dinâmicas.
.Irmgard Longman: apresentou uma abordagem singular, combinando elementos geométricos e figurativos para criar uma estética sofisticada.
.Judith Lauand: transcendeu o concretismo ao incorporar novas experiências visuais, tornando-se uma das grandes expoentes da arte brasileira.
.Maurício Nogueira Lima: um dos grandes nomes da arte concreta, transitou também pela Nova Figuração, explorando a interação entre cor, forma e comunicação visual.
.Nelson Leirner: conhecido por sua ironia e crítica ao mercado de arte e à cultura de consumo, utilizando ready-mades e objetos cotidianos.
.Rubens Gerchman: um dos principais nomes da Nova Figuração, estabelecendo um diálogo direto com a sociedade, a política e a linguagem da propaganda.
Teresa Nazar: artista argentina radicada no Brasil, incorporou elementos surrealistas à sua produção, criando imagens repletas de simbolismo.
.Tomoshigue Kusuno: de origem japonesa, imprimiu sua influência oriental na arte pop brasileira, criando uma estética diferenciada e de impacto visual.
Victor Gerhardt: explorou temas urbanos e sociais em suas obras, trazendo uma abordagem crítica e inovadora para a figuração brasileira.
Zélio Alves Pinto: transitou entre a arte plástica e o cartum, utilizando um traço ágil para retratar a sociedade com humor e perspicácia.
Serviço
Pops e Rebeldes
Galeria Berenice Arvani
• Local: Galeria Berenice Arvani
• Endereço: Rua Teodoro Sampaio, 450 – Consolação, São Paulo, SP, CEP 01317-001
• Horário de Funcionamento: Terças a sábados, das 10h às 18h
• Ingresso: Entrada franca, com visitas guiadas disponíveis mediante agendamento
• Observação: Atendimento personalizado e espaço acessível a todos os públicos.
Nova Figuração Brasileira
O movimento Nova Figuração, surgido nos anos 60, rompeu com a abstração predominante e trouxe de volta a imagem figurativa de forma reinventada, agressiva e crítica, especialmente em resposta à ditadura militar que governou o país de 1964 a 1985.
Inspirados pela pop art, pelo expressionismo e pela cultura de massa, os artistas deste movimento criaram obras vibrantes e provocativas, apropriadamente utilizando imagens e a iconografia urbana para abordar temas como consumo, censura, política e identidade nacional. Embora também chamado de Pop Art Brasileira, essa versão difere da americana pelo seu posicionamento político e ideológico.
Entre Diálogos e Convergências
O encontro dessas exposições na mesma data em São Paulo revela um diálogo rico entre a celebração global da pop art e a ressignificação da identidade cultural brasileira.
Enquanto a exposição Andy Warhol: Pop Art! demonstra como elementos do cotidiano podem se transformar em ícones universais, a exposição Pops e Rebeldes ressalta a capacidade de uma geração brasileira expressar sua renovação artística em meio a um período de intensa repressão.
Juntas, as mostras convidam o público a refletir sobre como a estética pop, seja nas ruas ou nas galerias, continua a inspirar e fomentar debates sobre identidade, consumo e liberdade na sociedade contemporânea.