Comércio não abre nesta sexta-feira. Fiscais nas ruas podem suspender e até mesmo cassar alvará da loja aberta no feriado

De acordo com o decreto do prefeito Ronaldo Magalhães (PTB), o comércio de Itabira só pode abrir as portas nos dias úteis. Portanto, nesta sexta-feira (1) – Dia do Trabalhador –, todo comércio não essencial deve permanecer com as portas fechadas, para só reabrir no sábado – e nos dias seguintes, até que novo decreto venha redefinir as medidas restritivas, dependendo do avanço da epidemia com o novo coronavírus (Covid-19).

Em mais uma tentativa de burlar o que dispõe a decisão municipal, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), em nota distribuída à imprensa, disse que “o funcionamento do comércio no feriado 1º de maio é visto como uma das alternativas para tentar recuperar o prejuízo causado devido à suspensão das atividades”.

E até orientou aos seus associados sobre a possibilidade de ser utilizada a compensação do saldo do banco de horas para quem trabalhar neste feriado. E que o comerciário que “tem débito no banco de horas poderá ser abatido com o trabalho” neste dia que é de folga.

De acordo com o subsecretário de Comunicação da Prefeitura, Ricardo Guerra, dez fiscais irão vistoriar os estabelecimentos em toda cidade, para assegurar o cumprimento do que dispõe o decreto municipal 3.248/20. “A abertura do comércio no feriado está proibida”, afirma.

Segundo ele, o comerciante que desobedecer ao que dispõe o decreto municipal pode ter o alvará de funcionamento suspenso ou até mesmo cassado. Foi o que ocorreu com a filial das Lojas Americanas e com uma loja que fez promoção de venda de ovos da Páscoa.

Retrocesso

O comércio de Itabira, e de quase todo o interior de Minas Gerais, está exultante. Com o povo nas ruas e com as portas abertas, esperam recuperar, até o Dia das Mães, parte do que não venderam nos 40 dias de fechamento, após a assinatura do decreto de emergência em saúde, no dia 18 de março – e que foi, acertadamente, posto pelo prefeito Ronaldo Magalhães.

Mas o prefeito pode ter errado ao retroceder – e isso a história há de comprovar ou não – cedendo às pressões dos comerciantes. Mesmo com as portas abertas, com o povo sem dinheiro, é pouco provável que vendam seus “mimos” para que os dedicados filhos possam presentear as suas mães.

Pessoas em fila tem sido comum na cidade. Máscaras protegem, mas nem tanto a ponto de impedir a contaminação (Fotos: Carlos Cruz)

Tempestade perfeita 

A circulação de pessoas nas ruas e avenidas, mesmo que só apreciando as vitrines, já é o bastante para preocupar as autoridades em saúde. Para agravar o quadro, tem-se ainda a ameaça do vírus da gripe (influenza) e daquele mosquito infame que prolifera na água parada acumulada no vasilhame jogado nos jardins e quintais – e também nas praças públicas ainda sem cuidados, mesmo com a aproximação do período eleitoral.

“O Brasil pode ter uma tempestade perfeita”, alertou no início de abril o ex-secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, o epidemiologista Wanderson de Souza, que vê o risco de agravar ainda mais a saúde da população. Ele teme pela propagação de três epidemias concomitantes: covid-19, dengue e influenza. Leia mais aqui.

Se isso de fato acontecer, pode-se tornar inevitável o colapso do sistema de saúde, mesmo com a instalação de um hospital de campanha, além do aumento do número de leitos e equipamentos para atendimento à população.

Que esteja errado o ex-secretário de Vigilância em Saúde. Mas a realidade já demonstra que o futuro é agora e o pior já está por vir. É o que se observa com o país já ultrapassando o número de mortes oficialmente registrado na China, onde tudo começou.

Com disciplina, distanciamento e isolamento social, inclusive de cidades inteiras, a China praticamente derrotou o vírus. Com isso, a sua economia já dá sinais de que volta a crescer, enquanto os Estados Unidos ainda têm que enfrentar o pico da doença.

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