Com os movimentos antivacinas, cai a imunização contra a paralisia infantil no Brasil e campanha de vacinação é prorrogada até 30 de setembro
Resultado da campanha negacionista desencadeada por grupos antivacinas, endossada pelo primeiro mandatário do país, que atrasou o início da vacinação contra a Covid-19, inclusive desdenhando de seus efeitos, caiu em todo o país a procura por outras vacinas, que são cruciais para salvar vidas e impedir sequelas irreversíveis.
É o caso da poliomielite, que provoca a paralisia infantil, e que se achava erradicada no país desde 1994. A certificação pela erradicação da doença no Brasil foi dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quando declarou que o país estava livre da doença – e que agora, com a baixa taxa de imunização, retorna como grande ameaça.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), com a baixa taxa de imunização, o Brasil juntamente com a Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti, Paraguai, Suriname e Venezuela são os países das Américas com alto risco de volta da poliomielite.
Ainda de acordo com a entidade, a baixa taxa de vacinação nesses países representa um perigo para todo o continente, que não registra um único caso da doença há 30 anos. A vacinação é a única forma de prevenção dessa doença que pode, inclusive, levar ao óbito.
Negligência
Mesmo com todos os riscos à saúde das crianças, muitos pais e responsáveis estão sendo negligentes na vacinação de seus filhos e dependentes.
Com isso, o cenário nacional é de baixa procura, inclusive em Itabira, que está com apenas 44% do público total estimado já imunizado contra a doença, mesmo com a campanha tendo sido desencadeada desde 8 de agosto.
Daí que a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação foi prorrogada até 30 de setembro nas unidades básicas de saúde (PSFs), além da Policlínica Municipal.
“Há muitos anos não faz parte da nossa realidade a imagem de crianças em cadeiras de rodas, vítimas da paralisia infantil. A erradicação da doença foi um avanço muito grande”, considera a diretora de Vigilância Epidemiológica, Ariana Gabriela Ribeiro Duarte. “E agora estamos vendo, ano a ano, o retrocesso”, lamenta a epidemiologista.
“Vacinar as crianças deveria ser um compromisso de todos, dos pais, profissionais de saúde, gestores públicos e de toda a sociedade”, considera a diretora, que faz um apelo aos pais e responsáveis para que não deixem de vacinar os seus filhos e dependentes que ainda não tomaram os imunizantes.
Irresponsabilidade
Segundo Ariana Duarte, a queda da cobertura vacinal se agravou com a pandemia. Mas é também resultado dos movimentos antivacinas que foram ampliados com a irresponsável e criminosa liderança do primeiro mandatário do país no ápice da pandemia.
“O que os pais precisam ter sempre em mente é que a vacina é muito segura e é o único meio para evitar a doença”, reforça a diretora de Vigilância Epidemiológica.
Faixas etárias
O imunizante contra a pólio é destinado a crianças com idades entre 1 e 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Já a campanha de multivacinação, com atualização do cartão, é voltada a jovens que não tenham completado os 15 anos.
Vacine já o seu filho e ou dependente. Não seja irresponsável, preserve a saúde e a vida de quem ama e ainda depende de você.