Brasil tem 200 mortes por covid por dia que poderiam ter sido evitadas

O país não está mais seguindo os protocolos de prevenção do coronavírus e muitos brasileiros não completaram o esquema vacinal, o que preocupa as autoridades em saúde

Rafael Jasovich

A gravidade da situação não vem se refletindo com as ações necessárias à propagação da doença nas políticas públicas relacionadas ao controle da pandemia

Há duas semanas, o Brasil apresenta, todos os dias, média móvel de mortes diárias de covid-19 maior que 200, com tendência de alta. Na sexta-feira (15), por exemplo, o número chegou a 250, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Esse montante de óbitos é muito menor do que os registrados em abril de 2021, na pior onda da pandemia. Naquele momento, a média móvel de mortes diárias ultrapassou a marca de 3 mil. Mas, mesmo assim, o país se encontra em um cenário de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave nunca antes registrado.

A dimensão da tragédia do ano passado dificulta a percepção de que o país ainda convive com um patamar recorde de mortes por causas respiratórias, desde que essas informações começaram a ser coletadas.

Um levantamento realizado com os dados abertos do InfoGripe/Fiocruz mostra que, entre 2009 e 2019, o Brasil registrou 22.122 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave, uma média de pouco mais de 2 mil mortes por ano. Hoje, o país vê 2 mil óbitos por apenas uma causa – a covid-19 – a cada 10 dias, em média.

Isso mostra que mesmo com o avanço da vacinação, o coronavírus segue sendo muito mais letal do que os vírus que causam gripe, que já circulam no mundo há mais tempo.

Agora, essa letalidade está concentrada em grupos específicos: idosos, pessoas imunossuprimidas, crianças menores do que 1 ano e aqueles que, por qualquer motivo, não se vacinaram. Dessa forma, tornam-se mortes “invisíveis”.

Estão se desenvolvendo variantes que conseguem infectar as pessoas cada vez mais rápido.

Agora têm públicos que sofrem menos e públicos que sofrem mais com as ondas de menor proporção que vem ocorrendo no país.

Se for olhar só para o número de casos, são tão altos como as ondas de 2021. No entanto, não geram tanto impacto para os mais jovens, que, por isso mesmo, ficam mais displicentes, porque sabem que provavelmente não terão casos graves, mas se esquecem que eles estão conectados com outras pessoas.

No Brasil de Bolsonaro, as políticas públicas na luta conta a pandemia continuam no caminho contrário da ciência.

 

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