Bolsonsaro trabalha pelo golpe ou por um grave tumulto que o livre da Papuda

 

Foto: Marcelo Camargo/
Agência Brasil

Rafael Jasovich*

No voto, Bolsonaro sabe que já perdeu. Agora só lhe resta o improvável golpe ou o tumulto para livrar sua cara da Papuda, penitenciária de segurança máxima na região do Jardim Botânico, no Distrito Federal.

Não passa um dia sem que Bolsonaro e os assessores que o cercam ameacem a democracia brasileira.

O presidente, os filhos, militares, pastores, todos pregam que pode não haver eleição ou que o resultado dela, sendo contrário a Bolsonaro (como todas as pesquisas indicam), vai levar o país a uma convulsão social.

Quanto maior o estrago que essas declarações e provocações diárias causarem, melhor para Bolsonaro e seus objetivos: o principal, um golpe; o secundário, livrar a cara da prisão que o aguarda, tantos são os crimes cometidos, inclusive esses de ameaçar as eleições e a democracia.

Claro que ele prefere o golpe para continuar no poder destruindo o país e, muito provavelmente, juntando ainda mais rachadinhas e gastos secretos no cartão corporativo.

O horizonte do golpe se afasta cada vez mais dele, à medida que a candidatura Lula cresce e pode vencer no primeiro turno.

Daí a provocação de uma sublevação, com a multidão de gente armada pelo governo com as leis “libera geral” dos armamentos saindo às ruas e ameaçando incendiar o país.

Isso já vem acontecendo, como o recente explosivo na manifestação em apoio a Lula na Cinelândia e o ataque com fezes ao carro do juiz que mandou prender o corrupto ex-ministro do MEC Milton Ribeiro.

A estratégia de Bolsonaro é a mesma de Trump: causar um tumulto tão grande que o próximo governo aceite uma composição para “apaziguar o país”.

Bolsonaro pode ficar longe da Papuda em troca de acalmar as milícias que ele alimenta durante sua vida, mais especificamente ainda agora em seu mandato.

Basta que se anuncie que ele está sendo processado na Justiça e o processo se arraste como o de Temer – mas sem cadeia, que o ex-presidente golpista chegou amargar por uns dias.

*Rafael Jascovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.

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